estilista Paco Rabanne posa com modelos após desfile de sua coleção, em 1993

Paco Rabanne durante desfile de sua cole��o, em 1993: estilista foi um dos primeiros a contratar modelos negras para a passarela

Pierre GUILLAUD / AFP


O estilista e perfumista espanhol Paco Rabanne  morreu nessa sexta-feira (3/2), aos 88 anos, na casa em que vivia em Ploudalm�zeau, uma comuna francesa na Bretanha. A causa da morte n�o foi divulgada. A informa��o foi confirmada no perfil do Instagram da marca Paco Rabanne.

"A Casa de Paco Rabanne quer honrar nosso vision�rio designer e fundador, que morreu aos 88 anos. Uma das figuras mais criativas da moda do s�culo 20, seu legado vai servir constantemente como fonte de inspira��o", diz o texto.

Bonito, interessante, sedutor, Rabanne tinha uma personalidade vibrante. Era do tipo que diz o que quer e, �s vezes, tamb�m se contradizia, o que dava mais charme ao seu personagem.

Nasceu Francisco Rabaneda-Cuervo, em 18 de fevereiro de 1934, em Pasajes. N�o conheceu seu pai, fuzilado pelas for�as do ditador Franco. Foi criado pela av�, feiticeira; pela m�e, que trabalhou com o estilista Balenciaga; e por duas irm�s.

Rabanne fez de tudo. Da escola de belas-artes aos sapatos de Roger Vivier, trabalhou para Balenciaga e Courr�ges e foi o primeiro – e �nico – a criar moda com materiais que, at� ent�o, nunca haviam sido usados, como peda�os de espelho, metal e fibras �pticas.

Ficou conhecido por seus conjuntos met�licos e designs espaciais nos anos 1960. Naquela d�cada, se concentrou em acess�rios, fazendo pe�as inovadoras para diferentes marcas, como a pr�pria Balenciaga e tamb�m Nina Ricci, Maggy Rouff, Philippe Venet, Pierre Cardin, Courr�ges e Givenchy.

DIVERSIDADE 
Era um grande inventor. Seus vestidos complicados enlouqueceram as mulheres nos anos 1960, que mal podiam sentar. Mas ficavam em p� animadas, circulando e dan�ando. Chanel o chamava, com sarcasmo, de "costureiro metal�rgico".

Rabanne foi um dos primeiros costureiros a contratar modelos negras para a passarela. Disse depois que aquilo foi considerado um esc�ndalo horr�vel.

Seu triunfo eram mesmo as pe�as reluzentes e metalizadas. Em 1967, impressionou ao vestir a cantora Fran�oise Hardy com um minivestido com placas de ouro e diamantes. S�o dessa �poca os seus vestidos de cota de malha mais fabulosos, pe�as que at� hoje s�o consideradas valiosas.

Paco Rabanne n�o teve medo de ousar e contradizer os paradigmas da �poca. � exatamente isso que o fez t�o singular e �nico.
O estilista tamb�m trabalhou para o cinema. Foi respons�vel pelos figurinos dos filmes "Duas ou tr�s coisas que sei dela", de Jean-Luc Godard, e "Barbarella", de Roger Vadim.

ESOT�RICO 
Adepto do esoterismo, Rabanne tamb�m se destacou por suas declara��es exc�ntricas. "Gosto do esoterismo desde a mais tenra inf�ncia. Minha m�e era muito pragm�tica, mas minha av� era xam�, ela me apresentou ao mundo desde muito cedo. A moda me permitia ganhar a vida, mas n�o era bem o meu centro de interesse ", explicou, em entrevista em 2005.

Paco Rabanne tamb�m acreditava na reencarna��o e afirmava ter tido outras vidas no passado, incluindo a de uma prostituta que amava o rei Lu�s XV. O estilista tamb�m chegou a afirmar ter visto Deus e que foi visitado por extraterrestres.

Em 1999, em um de seus livros, ele anunciou a destrui��o de Paris devido � queda da esta��o espacial Mir, baseado em uma leitura muito pessoal das profecias de Nostradamus.
Nesse mesmo ano, a marca abandonou a sua atividade de alta-costura para se dedicar ao pr�t-�-porter, que confiou a Rosemary Rodriguez.

LEGADO 
Pouco a pouco, Paco Rabanne se afastou do design, mas continuou ligado ao mundo da moda, ao fazer parte de j�ris de festivais, onde gostava de se dirigir �s gera��es mais novas.

"Sejam ousados como �ramos em nosso tempo com Pierre Cardin, Saint Laurent ou Courr�ges! Sejam ousados! Busquem sem parar! Para fazer nome e se impor, voc�s n�o podem copiar", dizia. 
(Folhapress e AFP)