Segunda edi��o do "Move Concreto! V�deodan�a pela cidade" come�a amanh�

Foi em 1968 que o fil�sofo e soci�logo franc�s Henri Lefebvre (1901-1991) cunhou o termo “direito � cidade”. Inspirado por movimentos ao redor do mundo que lutavam pelos direitos civis, libera��o sexual, oposi��o ao conservadorismo e contra a guerra no Vietn�, ele dizia que as ruas das cidades haviam se “convertido no locus de reprodu��o das rela��es capitalistas”.

Para ele, portanto, a vida das pessoas estava regulada pelo cotidiano, de forma que elas consumiam o pr�prio tempo no trajeto de casa ao trabalho e vice-versa, “sem possibilidade de lazer, encontros e manifesta��es de desejos”. Contudo, Lefebvre acreditava que era justamente nas ruas que a “resist�ncia poderia constituir formas de supera��o” desse modelo.

� compartilhando esse mesmo sentimento que o Grupo Contempor�neo de Dan�a Livre (GCDL) concebeu a mostra “Move Concreto! Videodan�a pela cidade”, que ter� sua segunda edi��o realizada entre 1º e 17 de mar�o, em formato h�brido.

O evento consiste em rodas de conversa com artistas de diferentes naturalidades, oficinas de coreografia e exibi��o de video- dan�as performadas em espa�os p�blicos.

“N�s queremos levar ao p�blico a linguagem da dan�a nos espa�os p�blicos, que � bem diferente da dan�a feita para o palco italiano, para um teatro ou um local protegido, por assim dizer”, explica Duna Dias, uma das fundadoras do GCDL e curadoras da mostra. Tamb�m integram a curadoria do evento Astergio Pinto, Leonardo Augusto e Lu�sa Machala.

Ao todo, ser�o exibidos 31 filmes de performances – 16 no Cine Humberto Mauro e 15 no Sesc Palladium. Todos eles, no entanto, estar�o dispon�veis no canal de YouTube da companhia a partir de 2 de mar�o.

“Esses filmes foram feitos a partir de questionamentos acerca das cidades contempor�neas, de quest�es pol�ticas e sociais que envolvem tamb�m rela��es dos diversos corpos com a arquitetura e com o viver na cidade. Era nosso desejo falar de quest�es como: o que � um corpo na cidade? Quais cidades s�o essas pelo Brasil? Como � viver em Manaus, ou em Belo Horizonte, ou numa cidade do interior da Bahia?. Tudo isso gera reflex�es e filmes”, destaca Dias.

Entre os filmes concebidos a partir de tais questionamentos est� “Por dentro  [Goi�nia]”, de Gustavo Silvestre e Larry Machado. Na performance audiovisual, o espectador faz uma esp�cie de passeio po�tico pela capital de Goi�s, conhecendo a cidade pelo ponto de vista dos diretores e as transforma��es que v�o ocorrendo nela.

Outro destaque � “Carni�a caviar”, de Mar�lia Storck. O pequeno filme apresenta Florian�polis sob a perspectiva de cidade em disputa, com seu crescimento improvisado. "Aqui, neste lugar, eu chego a acreditar que cada espa�o foi milimetricamente projetado para ser desagrad�vel", ressalta a artista em sua obra.

“S�o poucos grupos e companhias brasileiras que t�m pesquisas e investiga��es com foco nos espa�os p�blicos”, afirma Duna Dias. “� claro que temos a heran�a das dan�as populares, essas manifesta��es que seguem em resist�ncia, mas na dan�a contempor�nea essa abordagem n�o � muito comum. As poucas pessoas que ainda pesquisam o assunto t�m migrado para o audiovisual, o que � muito interessante, porque � uma nova linguagem, que � muito espec�fica dentro do audiovisual”, emenda.

A decis�o de criar a mostra, portanto, foi para mostrar essa abordagem particular e singular que existe nas produ��es audiovisuais. A primeira edi��o, realizada de maneira remota entre setembro e outubro de 2020, contemplou apenas artistas de Belo Horizonte e regi�o metropolitana. Neste ano, o escopo foi ampliado para  contemplar artistas de todo o pa�s.

“Na �ltima edi��o, n�s conseguimos ter um panorama de como a dan�a nos espa�os p�blicos era tratada aqui na regi�o. Agora, quer�amos ver como � tratada Brasil afora”, conta Dias.

Pelo material recebido, a curadora conta que majoritariamente quest�es de g�nero e sexuais – tendo, obviamente, a rela��o do corpo com a cidade – s�o tend�ncias, revelando o esp�rito do momento.

Limitar-se, contudo, � exibi��o das performances sem nenhum tipo de contextualiza��o poderia desacreditar o valor da mostra. Exatamente por isso, o evento conta com a��es formativas, que v�o desde mesas-redondas com pesquisadores e dan�arinos contempor�neos at� oficinas que exploram o v�deo como ferramenta de composi��o coreogr�fica.

“A gente acredita que, para que se tenham as obras, os espet�culos e os filmes, � necess�rio ter uma a��o de forma��o. E serve para a gente como uma pesquisa do entendimento da �rea”, afirma Dias.

“Existem muitas produ��es audiovisuais que trazem a linguagem da dan�a; no entanto, elas s�o pouco acolhidas nos festivais de cinema, sendo exibidas, normalmente, s� em festivais de dan�a. Por isso, acredito que poder ocupar espa�os como o Cine Humberto Mauro e o Sesc Palladium j� � um primeiro passo para modificar a maneira como a videodan�a � tratada e acolhida”, conclui.

Entre 1º e 17 de mar�o, com oficinas e bate-papos on-line e exibi��es de videodan�as no canal do YouTube do Grupo Contempor�neo de Dan�a Livre. Amanh� , exibi��o de 16 performances no Cine Humberto Mauro (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro), �s 19h e �s 21h. No dia 16, exibi��o de 15 videodan�as no Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro), �s 20h. Gratuito. Informa��es: https://moveconcreto.com/

2/3, 19h: Oficina Libras I – Na dan�a, com Uziel Ferreira

3/3, 19h: Roda de conversa: Dan�ar e resistir, com Vanessa Hassegawa

4/3, 10h: Coreo-Lab # 2/4, com Tatianne Castillo Reyes

5/3, 10h: Oficina Solos INvencionistas de casas, “DENDICASA” e em outras casas, com  Kadu Fragoso

11/3, 10h: CORPO.MOVIDeO – dan�ArquiteturAudiovisual; Edi��o Sant� – recortes urbanos em corpos inteiros – Cib Maia

12/3 10h: Improvisa��es videogr�ficas, com Bianca Sanches

14/3, �s 18h30: Conversas – Mulheres na tela, com Loretta Pelosi e Luana Diniz

14/3, �s 20h: Bate-papo com Eliatrice Gischewski e Mar�lia da Nova Storck

15/3, �s 18h30: Bate-papo com Dorottya Czak� e Rebeca Lima

15/3, �s 20h: Bate-papo com Bia Vinzon e Sauane Costa 

17/3, �s 18h30: Bate-papo com Clarice Costa Ferreira e Janaina Santos

Cine Humberto Mauro (1º/3):

»Sess�o 1, �s 19h (Exibi��o das performances: 

“Carni�a caviar”, “Parasita”, “Retalhos”, “C�mera homem: Vigia”, “Mand�bula”, “Casa corpo pris�o morada”, “...fora de todas as casas, de todas as l�gicas” e “Corre bixa corre”)

»Sess�o 2, �s 21h (Exibi��o das performances: “Cidades invis�veis intermedi�rias � Bagneux”, “Aduba”, “Por dentro [Goi�nia]”, “Cati�o”, “Flor da lua”, “Ru�na do futuro” e “Cru”)

»Sess�o 1, �s 20h (Exibi��o das performances: 

“N�o h� nada aqui”, “Sou todo preto”, “Hologramar-se”, “Vamos para a costa?”, “Sonido”, “Do verbo gestar”, “O canto da urbe”, “A espera”, “Divina”, “Voo sobrevoo”, “Ij� as� er�”, “Fulamuna/existir”, “� tempo de glamour, baby!”, “Corrida contra o tempo” e “Entre borboletas e a escurid�o”)

Exibi��es virtuais de videodan�a – Todas as performances dispon�veis no canal do YouTube do Grupo Contempor�neo de Dan�a Livre de 2 a 16/3