A cantora e compositora Maria Mendes prop�e releituras para a can��o tradicional de Portugal
Nathalie Hennis/divulga��o
'(�) Um disco que, no Brasil, pode agradar aos amantes de jazz, da m�sica cl�ssica e do fado. A fus�o criativa que se respira na Am�rica Latina prov�m dessa vis�o audaciosa de querer se libertar dos c�nones do esperado e ir al�m do tradicional'
Maria Mendes, cantora e compositora
“Saudade, colour of love”, �lbum da cantora, compositora e arranjadora portuguesa Maria Mendes, d� ao fado a linguagem jazz�stica. A t�pica can��o lusitana ganha novas releituras, distanciando-se da abordagem tradicional.
“Nem todos os fados s�o tocados e cantados na forma original. Fiz muito trabalho de arranjos e altera��es harm�nicas e mel�dicas. N�o foi somente mudar o groove para suingue, porque, no fundo, esse disco nem suinga muito. Traz um suingue novo, vamos assim dizer”, comenta Maria Mendes.
“� leitura extremamente pessoal, criativa e, de certa forma, desafiadora para o ouvinte. Quando digo desafiadora, � para o ouvinte conhecedor do fado”, explica.
Hermeto Pascoal no repert�rio
O �lbum conta com uma faixa composta pelo brasileiro Hermeto Pascoal em homenagem a ela, chamada “Fado for Maria”. Al�m de duas autorais, “Dan�a do amor” e “Meu pobre capit�o”, o repert�rio tem composi��es de Am�lia Rodrigues (“Com que voz”, “Foi Deus” e “Tudo isso � fado”), Carlos Paredes (“Verdes anos”) e Mafalda Arnauth (“E se n�o for fado”).
O projeto teve in�cio em 2017, “um pouco contra aquilo que, durante muitos anos, vivia de forma muito remida e com muita certeza: de que nunca cantaria fados”, comenta Maria. “Depois de muitos anos, fiz um �lbum dedicado ao fado. Por�m sou cantora de jazz.”
Com produ��o e arranjos musicais da pr�pria artista compartilhados com o produtor e arranjador norte-americano John Beasley, o �lbum foi gravado ao vivo com a orquestra de jazz sinf�nica Metropole Orkest, em maio do ano passado, na Holanda.
Al�m de Maria, participaram C�dric Hanriot (piano), Jasper Somsen (baixo ac�stico), M�rio Costa (bateria e percuss�o) e John Beasley (reg�ncia, arranjos, orquestras e produ��o).
Ao comentar a presen�a de Hermeto Pascoal no repert�rio, a portuguesa � s� elogios ao brasileiro. “Ele preza pela surpresa harm�nica, ou seja, em cada compasso j� traz outra leitura musical”, comenta.
Maria destaca tamb�m a presen�a do produtor e pianista norte-americano John Beasley. “� um cara com um gosto ecl�tico enorme”, diz, citando o projeto de Beasley baseado na obra do americano Thelonious Monk (1917-1982). “A leitura que o John faz com a orquestra dele, que se chama Monkestra, � muito interessante, muito boa.”
“Saudade, colour of love” sai tamb�m no formato f�sico, trazendo fotografias dos concertos, pois ele foi gravado ao vivo em Amsterdam. Uma das imagens traz a partitura da can��o de Hermeto Pascoal.
Di�logo com o ecletismo
O novo disco � provocativo, refor�a a artista portuguesa.
“N�o � um �lbum de fado, embora o tenha em sua maioria. S�o obras conhecidas para as quais dei contornos mel�dicos e harm�nicos que intensificam a poesia. Um disco que, no Brasil, pode agradar aos amantes de jazz, da m�sica cl�ssica e do fado. A fus�o criativa que se respira na Am�rica Latina prov�m dessa vis�o audaciosa de querer se libertar dos c�nones do esperado e ir al�m do tradicional”, conclui Maria Mendes.
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