A atriz Beth Zalcman no palco, em cena da peça 'Helena Blavatsky, a voz do silêncio'

Beth Zalcman apresentar� a pe�a a partir da pr�xima sexta at� domingo, no Teatro Feluma

Andrea Menegon/Divulga��o


A escritora e ocultista Helena Blavatsky (1831-1891) foi uma figura envolta em mist�rios. Descendente da fam�lia real russa - seu bisav� materno era o pr�ncipe Pavel Vasilevich Dolgorukov (1755-1837) -, nunca se interessou pela pol�tica ou pelo poder real, e sim pelo esoterismo.

“Quando ainda era crian�a, Blavatsky j� sonhava com o primeiro mestre dela. Sonhava que ele a convidava para uma miss�o que, embora n�o entendesse qual fosse, sabia que estava sendo convocada para algo maior”, diz a atriz Beth Zalcman.

Ela interpreta Blavatsky no mon�logo “Helena Blavatsky, a voz do sil�ncio”, que estreia na pr�xima sexta-feira (21/4) em Belo Horizonte, no Teatro Feluma.

A pe�a acompanha as �ltimas horas de vida da escritora e ocultista, que, por meio de suas mem�rias, vai desfiando sua vida em frente ao p�blico.

Fazem parte do espet�culo as primeiras vis�es e sonhos m�sticos que teve ainda na inf�ncia, as viagens pelo mundo, a funda��o da Sociedade Teos�fica em Nova York e sua morte em Londres. “H� quem diga que ela morreu envolta em jornais”, comenta Beth.

Dirigida por Luiz Ant�nio Rocha e com texto de L�cia Helena Galv�o, o mon�logo prop�e reflex�es sobre o autoconhecimento a partir da filosofia de Blavatsky, que pregava o respeito � humanidade, o desenvolvimento do pensamento cr�tico e o questionamento � f� cega nos dogmas crist�os.

Para fazer o p�blico entrar no clima da filosofia de Blavatsky, Luiz Ant�nio Rocha lan�ou m�o da t�cnica “sfumato”, dominada por Leonardo Da Vinci (1452-1519). “A ‘Mona Lisa’ tem muito desse conceito”, observa Beth. “Ele explica que o ‘sfumato’ � uma cont�nua mistura de formas, cores e texturas, mantendo uma uni�o”, afirma a atriz.

PARANORMALIDADE 

Nascida em Yekaterinoslav (hoje parte da Ucr�nia), Blavatsky desenvolveu a paranormalidade desde muito cedo. Relatos da �poca dizem que ela tinha poderes de clarivid�ncia, mediunidade, telepatia e biloca��o. H� ainda vers�es dizendo que ela conseguia fazer objetos desaparecerem com a for�a da mente.

Blavatsky ganhou popularidade e seguidores de suas ideias. Em Nova York, para onde foi em 1873 , encontrou o jornalista Henry Steel Olcott (1832-1907), com quem passaria a viver e fundaria a Sociedade Teos�fica, em 1875.

Nomes importantes aderiram � sociedade - entre eles, o inventor da l�mpada incandescente Thomas Edison (1847-1931) - e foi por causa dela que Blavatsky teve contato com Gandhi (1869-1948). Contudo, houve tamb�m quem n�o acreditasse nos poderes de Blavatsky e a considerasse charlat�. 

Os maiores antagonistas foram o casal Alexis e Emma Coulomb. Eles conheceram Blavatsky quando a fundadora da Sociedade Teos�fica viajou para o Cairo. Na ocasi�o, ela e Emma se tornaram pr�ximas, a ponto de a senhora Coulomb emprestar certa quantia de dinheiro para Blavatsky.

Alguns anos depois, no entanto, o casal Coulomb, arruinado financeiramente, viu a not�cia de que Blavatsky estava com alta popularidade por causa de sua Sociedade Teos�fica. Emma, ent�o, escreveu � amiga cobrando o empr�stimo feito.

Blavatsky, por sua vez, respondeu dizendo n�o ter dinheiro. No entanto, ofereceu ao casal se juntar a ela na �ndia, onde vivia com demais membros da Sociedade Teos�fica. Os Coulomb aceitaram e passaram a exercer as fun��es de governanta e faz-tudo.

TRUQUE

Com o tempo, no entanto, Emma come�ou a desconfiar da paranormalidade de Blavatsky. E, em determinada ocasi�o, ofereceu a um jornal local uma entrevista na qual revelaria que a paranormalidade de Blavatsky n�o passava de truque e charlatanismo.

A proposta de Emma ao jornal local foi descoberta por integrantes da sociedade e causou enorme mal-estar entre eles. A gota d’�gua, no entanto, foi quando Blavatsky descobriu e impediu que um rico membro da Sociedade Teos�fica doasse quantia significativa de dinheiro a Emma para ela construir um pensionato.

Emma e o marido passaram a criticar publicamente Blavatsky. Foram uma s�rie de cartas, panfletos e relat�rios que o casal Coulomb escreveu denunciando os supostos truques de Blavatsky e contando terem sido testemunhas de tudo o que estavam afirmando.

A d�vida ainda permanece, quase dois s�culos depois do imbr�glio. Cr�ticos de Blavatsky defendem que tudo n�o passou de charlatanismo. J� os defensores dela s�o categ�ricos ao afirmar que as vers�es divulgadas pelos Coulomb n�o passaram de difama��o.
“Depois de 100 anos, foi comprovado que era difama��o (do casal Coulomb) e que (o que eles disseram) era mentira. Ent�o, Blavatsky ganha mais uma vez o lugar de uma grande pensadora, uma grande fil�sofa, uma mulher ativa”, afirma Beth.

Ainda que veja Blavatsky sob essa perspectiva, a atriz n�o pretende converter os espectadores � Sociedade Teos�fica, e sim mostrar a import�ncia de refletir a respeito do autoconhecimento para a constru��o de um mundo melhor.

“A pe�a leva ao p�blico o que a gente perdeu h� muito: a (capacidade de) reflex�o. Eu acho que a gente tem que voltar a refletir e n�o apenas consumir ideias. N�o adianta assistir ao espet�culo se voc� n�o tiver o seu lugar de sil�ncio para se reconhecer internamente, entender aquilo que faz sentido para voc� e tamb�m para o seu pr�ximo”, afirma Beth Zalcman.  

“HELENA BLAVATSKY, A VOZ DO SIL�NCIO”
• Texto: L�cia Helena Galv�o. Dire��o: Luiz Ant�nio Rocha. Atua��o: Beth Zalcman. 
• Da pr�xima sexta-feira (21/4) a domingo, �s 20h. No Teatro Feluma (Alameda Ezequiel Dias, 275, 7º andar, Centro).
• Ingressos � venda por R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia) na bilheteria do teatro ou pelo site do Sympla.