Vestidos de preto, Arnaldo Antunes, Nando Reis, Sérgio Britto, Branco Melo, Charles Gavin, Tony Bellotto e Paulo Miklos posam para foto

Os ingressos para o show deste s�bado (29/4) dos Tit�s no Expominas est�o esgotados; ainda h� entradas para a apresenta��o extra, amanh� (30/4)

Bob Wolfenson/ Divulga��o

Para o p�blico, � a chance de rever, reouvir ou tomar contato pela primeira vez ao vivo – no caso das gera��es mais novas – com uma das bandas mais emblem�ticas do rock brasileiro dos anos 1980. Para os integrantes dos Tit�s, reunidos na forma��o original depois de 30 anos (com exce��o de Marcelo Fromer, que morreu em 2001), � como, depois de um longo per�odo de f�rias, reencontrar os amigos de escola na hora do recreio.

Os depoimentos de Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Nando Reis, Paulo Miklos, S�rgio Britto e Tony Bellotto explicitam o prazer quase juvenil de velhos camaradas, na faixa dos 60 anos, que se reencontraram para a turn� comemorativa que teve in�cio na �ltima quinta-feira (27/4), no Rio de Janeiro, e que chega agora a Belo Horizonte, para duas apresenta��es, neste s�bado (29/4) e domingo (30/4), no Expominas.

A s�rie de shows que vai passar por 17 cidades brasileiras e segue para Portugal em novembro celebra – com um ano de atraso, por causa da pandemia – as quatro d�cadas de forma��o da banda, que tem como marco inaugural uma primeira apresenta��o, no Sesc Pompeia, em outubro de 1982. Batizada apenas como “Encontro”, a turn� tem como mote “Todos ao mesmo tempo agora”, em alus�o ao �lbum “Tudo ao mesmo tempo agora”, de 1991.

O repert�rio que os Tit�s levam para o palco tem como foco tr�s dos mais destacados �lbuns que o grupo gravou na d�cada de 1980 – “Cabe�a dinossauro” (1986), “Jesus n�o tem dentes no pa�s dos banguelas” (1987) e “� bl�sq blom” (1989) –, mas n�o se restringe a eles. Remete, de todo modo, ao per�odo �ureo da forma��o original completa, antes da sa�da de Antunes, em 1992.

Esse esp�rito de grupo, as piadas, os c�digos, a intimidade, parece que tudo permaneceu intacto. � como se, al�m de estarmos celebrando nosso reencontro, estiv�ssemos tamb�m nos reencontrando com um per�odo muito f�rtil e feliz de juventude

Arnaldo Antunes, cantor e compositor


Homenagem a Fromer

“� claro que n�o v�o faltar hits de outros discos mais recentes, como ‘Epit�fio’”, diz Miklos. Lan�ada em 2001, pouco depois da morte precoce de Fromer, a can��o que tem como tema a brevidade da vida passou a ser associada ao guitarrista, que receber� uma homenagem no show, com a participa��o de sua filha, a cantora Alice Fromer.

Bellotto destaca que v�rios fatores foram levados em considera��o para se montar o roteiro da apresenta��o. A satisfa��o de cada um dos integrantes, o equil�brio entre os cantores e o desejo de satisfazer a expectativa dos f�s s�o alguns deles, conforme aponta. “No geral, � um repert�rio que cumpre a fun��o de mostrar o que � a m�sica dos Tit�s”, diz.

Ele observa que o show � focado em hits, como “Bichos escrotos”, “Comida” e “Flores”, mas vai al�m. “Vamos tocar os sucessos que fazem parte da mem�ria afetiva de tanta gente, mas tamb�m algumas m�sicas que, mesmo n�o tendo sido grandes hits, trazem nossa ‘marca tit�nica’ de ousadia e liberdade. Tenho certeza de que ningu�m vai sair decepcionado.”
 
Músicos da banda Titãs quando eram jovens. Na foto estão Charles Gavin, Arnaldo Antunes,Sérgio Britto, Nando Reis, Tony Bellotto, Paulo Miklos, Branco Mello, e Marcelo Fromer

A forma��o completa, nos anos 1980: Charles Gavin, Arnaldo Antunes,S�rgio Britto e Nando Reis (em cima). Tony Bellotto, Paulo Miklos, Branco Mello e Marcelo Fromer (embaixo)

Reprodu��o
 

Desde que a turn� “Encontro” come�ou a ser desenhada, o sentimento dos integrantes � de alegria pelo congra�amento. “A expectativa � a melhor poss�vel, v�o ser shows grandiosos, cumprindo o que os f�s esperam. Ser� um grande prazer estar no palco, matando a saudade dos velhos companheiros, e fora do palco tamb�m, porque ser� uma turn� muito espec�fica e de muita emo��o”, diz o guitarrista.

Ele destaca o esp�rito de celebra��o de que todos os integrantes est�o imbu�dos. “Comemorar um projeto t�o vitorioso, 41 anos depois daquela aventura juvenil, nos traz muita alegria, porque � a possibilidade de a gente ver consolidado um trabalho relevante, que faz sentido para v�rias gera��es de brasileiros”, ressalta Bellotto.

Para Miklos, a turn� significa “revisitar um lugar de muita alegria e amizade, reencontrar os amigos com quem vivi tantas aventuras e aprendi tantas li��es de vida fundamentais”. Ele, que para a turn� voltou a tocar saxofone, depois de 20 anos – per�odo em que se dedicou mais aos of�cios de cantor e ator –, diz que a ideia � tentar ser o mais fiel poss�vel � sonoridade que o grupo forjou e disseminou nos anos 1980.
 
 

“As caracter�sticas de cada um ajudaram a definir a est�tica da nossa m�sica. Os coros, a forma como nos completamos. � isso que vamos levar para o show. S�rgio Britto foi buscar teclados caracter�sticos da �poca, por exemplo”, pontua. Ele considera que a obra dos Tit�s, mesmo a que foi produzida nos prim�rdios do grupo, segue atual, capaz de dialogar com as novas gera��es.
 
“Agora, durante os ensaios, ficou evidente que essas can��es s�o todas muito atuais. Elas continuam contundentes. E retratam muito bem o Brasil de 2023. Minha expectativa � encontrar diferentes gera��es que acompanham nosso trabalho”, diz. Nando Reis tamb�m enxerga nessa turn� a pot�ncia de conectar novos e antigos f�s.

“Essa turn� � uma oportunidade de tocar junto com os amigos com quem criei m�sicas magn�ficas. E tocar para diferentes gera��es representa justamente a for�a da obra dos Tit�s. Ser� emocionante, inclusive, tocar ao vivo para meus filhos, porque tr�s deles n�o viveram isso”, comenta.
 
Capa e contracapa do disco Cabeça dinossauro, da banda Titãs, traz rostos masculinos deformados

�lbum duplo "Cabe�a dinossauro", lan�ado em 1986: cl�ssico do rock brasileiro com contracapa e capa inspiradas em esbo�os de Leonardo da Vinci

WEA/reprodu��o
 

Sobre as composi��es que remontam aos anos 1980, S�rgio Britto tamb�m considera que elas mant�m o frescor. “Nossas m�sicas mais antigas envelheceram muito bem. N�o s�o circunstanciais. At� porque falamos de quest�es que dificilmente s�o ou ser�o superadas, com muita propriedade. Fizemos m�sicas sobre quest�es sociais, de amor, de reflex�es sobre a vida. Todas t�m uma qualidade que permitiu que sobrevivessem ao tempo”, avalia.

Arnaldo Antunes diz que o “Encontro” tem sido rejuvenescedor, desde os primeiros ensaios. “Antes de sermos uma banda, fomos uma turma de escola, no meio dos anos 1970, quando nos conhecemos. Depois, seguimos nos encontrando, compondo, realizando outros projetos, at� a forma��o da banda em 1982. Tem muita hist�ria, com lembran�as de todo esse per�odo de amizade e cria��o conjunta”, ressalta.

Ele diz que, nas poucas vezes desde sua sa�da da banda em que reencontrou os Tit�s no palco, como convidado especial – na grava��o do “Ac�stico MTV”, de 1997, na turn� com os Paralamas do Sucesso e na comemora��o de 30 anos do grupo –, sempre foi uma emo��o regada a muitas risadas, lembran�as, hist�rias compartilhadas e afetos.

“Agora, com essa turn�, temos a oportunidade de conviver um pouco mais com essa cumplicidade que n�o se extingue”, comemora. “Esse esp�rito de grupo, as piadas, os c�digos, a intimidade, parece que tudo permaneceu intacto. � como se, al�m de estarmos celebrando nosso reencontro, estiv�ssemos tamb�m nos reencontrando com um per�odo muito f�rtil e feliz de juventude”, acrescenta.

A maturidade facilita bastante. Ela traz o desejo de conseguir acordos, chegar a solu��es, planejar juntos, de uma maneira muito tranquila, diferentemente de quando se � mais novo. Tem sido um misto da alegria de revisitar a aventura toda, as mem�rias, e ao mesmo tempo termos, cada um, uma s�rie de experi�ncias que vivemos em separado e podermos agora compartilhar

Paulo Miklos, cantor, compositor e ator


Esp�rito de irmandade

Tony Bellotto observa que o esp�rito de irmandade entre os sete m�sicos est� presente desde a primeira reuni�o para a turn�. “A impress�o que deu no nosso primeiro encontro foi de que, quando a gente come�asse a tocar, tudo ia fluir na mesma harmonia e simplicidade de sempre, como se estiv�ssemos nos anos 1980. At� mais leve, porque agora tem essa caracter�stica de celebra��o”, afirma.
 

Para Paulo Miklos, o car�ter rejuvenescedor dessa turn� convive perfeitamente bem com a experi�ncia e a bagagem que cada um dos integrantes adquiriu ao longo dos anos, tanto os tr�s que permanecem com a bandeira dos Tit�s hasteada – Bellotto, Branco Mello e S�rgio Britto – quando os que partiram para a carreira solo ou se envolveram em outros projetos.

“A maturidade facilita bastante. Ela traz o desejo de conseguir acordos, chegar a solu��es, planejar juntos, de uma maneira muito tranquila, diferentemente de quando se � mais novo. Tem sido um misto da alegria de revisitar a aventura toda, as mem�rias, e ao mesmo tempo termos, cada um, uma s�rie de experi�ncias que vivemos em separado e podermos agora compartilhar”, diz.

Bellotto, que ostenta o bras�o de um Tit� h� 41 anos, destaca que s�o muitas as lembran�as marcantes dos primeiros 10 anos, quando o grupo ainda contava com os oito integrantes. Ele diz que se recorda, com especial carinho, da sensa��o de euforia e alegria que o tomou da primeira vez que ouviu uma m�sica da banda tocando no r�dio.

“Eu estava com Marcelo Fromer num bar ali na rua Augusta, em S�o Paulo, e a gente come�ou a ouvir ‘Son�fera ilha’. Foi um dos grandes momentos de satisfa��o na vida. Aquela m�sica que a gente tinha feito tocando no r�dio, era um dos sonhos que a gente tinha”, rememora. Bellotto sublinha que existem v�rios outros momentos marcantes que remontam � primeira d�cada dos Tit�s – os primeiros shows, as primeiras viagens e at� as coisas que davam errado.
 
 

“Teve um show que a gente fez, no Rio de Janeiro, que choveu muito, ventou, um verdadeiro temporal, e quando a gente chegou l� em cima, tinha mais gente no palco, para se proteger, do que na plateia. Ficamos pensando que essa hist�ria de que ‘carioca, quando chove, n�o sobe o bondinho’ � a maior furada. Sobe, sim. S�o essas lembran�as que me v�m”, diz Tony.

O guitarrista considera que a principal contribui��o dos Tit�s para o pop e o rock brasileiros � a afirma��o da ousadia e da liberdade criativa. Ele destaca tamb�m uma “cren�a absoluta” na democracia, nos direitos individuais e na liberdade em um sentido mais amplo, expressa nas letras. Trata-se, conforme aponta, da afirma��o da espontaneidade no ato da cria��o.

“Outra marca importante � o nosso estilo, nosso jeito de cantar, que � uma mistura do que a gente tem de influ�ncia desde a juventude, do samba tradicional at� o punk rock. Acho que a gente conseguiu misturar tudo isso com rigor e com uma preocupa��o com as letras, o que vem do nosso aprendizado da MPB, com os grandes mestres que fizeram nossa cabe�a, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, todos eles”, conclui. (Com Folhapress)

“TIT�S ENCONTRO”

Neste s�bado (29/4, esgotado) e domingo (30/4), no Expominas (Av. Amazonas, 6.200, Gameleira), com abertura dos port�es �s 18h e in�cio do show marcado para as 22h. Ingressos com pre�os variando de R$ 125 a R$ 340, � venda no site Eventim.