Fernanda Maciel está inclinada, dançando com muletas

Fernanda Maciel dan�a com muletas, questionando a opress�o do capacitismo

Gilberto Goulart/divulga��o

Tr�s mulheres tecem, no palco, aus�ncias e dores que costuram os caminhos femininos. Este � o ponto de partida de “Tecituras em dan�a”, espet�culo da companhia Kinesis em cartaz neste fim de semana no Teatro Jo�o Ceschiatti do Pal�cio das Artes.

Bailarinas e criadoras do espet�culo, Fernanda Maciel, Grazielle Mendes e Hort�ncia Maia partem de dores singulares que aos poucos v�o ganhando o coletivo. “A gente entendeu que essas dores tamb�m abarcam outras mulheres”, explica Renatha Maia, de 36 anos, diretora da Kinesis.

A primeira mulher tenta se equilibrar entre as press�es de m�ltiplos pap�is sociais para agarrar o tempo e ser o que deseja. A segunda enfrenta a sociedade capacitista, que n�o compreende sua defici�ncia e n�o a enxerga al�m das muletas. A terceira chega aos 46 anos  sem filhos e com o desafio de resistir �s imposi��es do culto � maternidade.

“Nossa expectativa � que o p�blico se conecte com essas hist�rias. Queremos estimular outras mulheres que t�m o desejo de colocar o pr�prio corpo em movimento, mas acham que n�o podem”, ressalta Renatha.
 

Dan�a para todos

A base te�rica de “Tecituras” � fruto da pesquisa do h�ngaro Rudolf Laban, considerado o pai da dan�a-teatro. Para ele, todos podem dan�ar.

“‘Tecituras’ nasce da pergunta ‘o que nos falta?’, conectada com o ser mulher. O primeiro passo foi responder a este questionamento at� alcan�armos outros est�mulos, como a m�sica e pesquisas de movimento, e chegarmos ao que cada uma de n�s queria trazer”, conta.

Renatha revela que construir o projeto da Kinesis � reflexo de sua pr�pria trajet�ria. “Como tive algumas quest�es f�sicas, dificuldades, acabei n�o conseguindo dan�ar bal� cl�ssico. Tive um problema na coluna e passei pela situa��o de ser a menina que n�o d� conta daquela aula ou daquela t�cnica”, relata.

“Quando me tornei professora, com 19 anos, comecei a trabalhar com crian�as e quis encontrar uma forma de agregar quem tinha dificuldades como eu. Todo o meu percurso como professora foi pensando em encontrar uma t�cnica que agregasse todo mundo.”

A pedagoga diz que se reencontrou ao trabalhar com mulheres adultas, em 2014. “Assim como eu, elas n�o conseguiram dan�ar quando jovens por n�o terem o biotipo f�sico considerado ideal para o bal�. Ent�o, passei a pesquisar formas de tornar o ensino de dan�a mais democr�tico. Por isso trabalho com a improvisa��o. A partir da minha experi�ncia e de meus estudos, entendi que este � o estilo mais democr�tico”, ressalta.

TECITURAS EM DAN�A

Com a companhia de dan�a Kinesis. Neste s�bado (29/4), �s 19h30, e domingo (30/4), �s 19h, no Teatro Jo�o Ceschiatti do Pal�cio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada), � venda na bilheteria da casa e no site Eventim.