Banda se reuniu na formação original depois de 30 anos para a turnê 'Encontro', que está rodando o país e vai a Portugal

No primeiro dos dois shows que os Tit�s apresentam em BH neste fim de semana, o p�blico acompanhou um desfile de cl�ssicos

Marcus Vieira /Estado de Minas - Di�rios Associados
O primeiro dos dois shows em Belo Horizonte da turn� "Encontro", dos Tit�s, seguiu � risca o roteiro que o p�blico do Rio de Janeiro conferiu na abertura da s�rie de apresenta��es que marca o retorno aos palcos da forma��o cl�ssica do grupo, com sete dos integrantes originais reunidos ap�s 30 anos. Com disposi��o de sobra, a banda entregou o que vinha prometendo, com um extenso repert�rio de 31 m�sicas que remetem ao per�odo �ureo dos anos 1980.

Os primeiros acordes de "Divers�o", que abriu o repert�rio, com o vocal de Paulo Miklos, soaram como reden��o para um p�blico que penou para entrar no Expominas na noite deste s�bado (29/4), com um tr�nsito muito congestionado para se chegar ao local. A fila de pessoas, que parecia intermin�vel, tamb�m foi motivo de muitas reclama��es.

Com toda a plateia devidamente acomodada no espa�o que tem capacidade total de p�blico de 45 mil pessoas, a apresenta��o come�ou com um pequeno atraso, por volta das 22h20. Um dos crit�rios para a sele��o das m�sicas que entraram no roteiro foi a altern�ncia equilibrada entre os vocalistas. Assim, Arnaldo Antunes assumiu o microfone na segunda m�sica da noite, "Lugar nenhum".

Depois foi a vez de S�rgio Britto defender "Desordem". A essa altura, j� era poss�vel perceber que o grupo teve uma preocupa��o especial em se manter o mais fiel poss�vel aos registros originais. Nos solos de guitarra, por exemplo, nenhuma nota parecia fora do lugar em rela��o ao que foi gravado nos discos que forneceram as m�sicas apresentadas.

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"Cabe�a dinossauro" (1986) foi tocado praticamente na �ntegra; "Jesus n�o tem dentes no pa�s dos banguelas" (1987) e "� bl�sq bom" (1989) tamb�m foram generosamente abordados; e tanto �lbuns anteriores quanto posteriores tamb�m foram pontualmente lembrados na apresenta��o de pouco mais de 2 horas de dura��o.

Com a voz ainda muito rouca, por�m mais potente do que nos �ltimos shows que o p�blico de Belo Horizonte p�de conferir, Branco Mello falou da delicada cirurgia que fez no ano passado, para a retirada de um tumor na faringe, e exaltou o fato de estar vivo e cantando, antes de defender "T� cansado" - o quarto n�mero musical do show.

Os Titãs: Arnaldo Antunes, Paulo Miklos, Branco Mello, Sérgio Britto, Tony Bellotto, Nando Reis e Charles Gavin

O show come�ou com os sete integrantes se postando lado a lado em um pratic�vel colocado ao fundo do palco

Marcus Vieira /Estado de Minas - Di�rios Associados
O baile seguiu com "Igreja", entoada por Nando Reis, e "Homem primata", a cargo de S�rgio Britto. Com a banda toda muito concentrada, o baterista Charles Gavin parecia especialmente focado em executar com vigor seu instrumento, no melhor estilo Charlie Watts, dos Stones. A fidelidade aos arranjos elaborados h� quase 40 anos saltou aos ouvidos na execu��o de "Comida", com baixo e teclados evocando a sonoridade caracter�stica daquela d�cada.

A sequ�ncia seguinte trouxe � baila a veia mais roqueira do grupo, com Nando Reis nos vocais emendando "Jesus n�o tem dentes no pa�s dos banguelas", do �lbum hom�nimo, e "Nome aos bois", com a previs�vel inclus�o de Bolsonaro numa letra que se at�m a elencar figuras reacion�rias, alinhadas direta ou indiretamente com o fascismo. Em seguida, a voz cavernosa de Branco Mello cuidou de carregar "Eu n�o sei fazer m�sica" nas tintas do heavy metal.

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Ele seguiu com o microfone em m�os para executar a faixa-t�tulo do �lbum de 1986, na qual Gavin n�o economizou bra�os e pernas para surrar seu instrumento. Depois de tantas guitarras distorcidas e cad�ncias aceleradas, veio um momento de respiro, precedido pela exibi��o de v�deos carregados de nostalgia, dos integrantes - inclusive o guitarrista Marcelo Fromer, que morreu em 2001 - reunidos em diversas ocasi�es passadas.

Arnaldo Antunes e o guitarrista Tony Bellotto mostraram sintonia entre si e com os outros integrantes do grupo

Os vocalistas se revezaram na execu��o das m�sicas; Arnaldo Antunes cantou "Lugar nenhum" e "Televis�o", entre outras

Marcus Vieira /Estado de Minas - Di�rios Associados
Foi a deixa para o set ac�stico, com os Tit�s sentados lado a lado empunhando viol�es. A m�sica de abertura desse tomo foi "Epit�fio", que, lan�ada no mesmo ano da morte de Fromer, foi sempre muito associada a ele. Depois de apresentar, nesse formato, "Os cegos do castelo" e "Pra dizer adeus", a banda chamou ao palco a filha do guitarrista, Alice Fromer, que, junto com a banda, fez "Toda cor" e "N�o vou me adaptar".

A sonoridade el�trica foi retomada com "Marvin", na voz de Nando Reis, que foi sucedida por "Go back" - que S�rgio Britto apresentou como uma de suas primeiras composi��es, criada sobre letra de Torquato Neto. A m�sica seguinte foi a �nica do roteiro que n�o leva a assinatura de nenhum dos Tit�s. Paulo Miklos destacou a homenagem a Erasmo Carlos antes de o grupo executar "� preciso saber viver".

A voltagem do show voltou a subir de novo com "32 dentes" - m�sica em que Branco Mello retomou o vocal. A m�sica seguinte, "Flores", grande sucesso � �poca de seu lan�amento, contou com a ades�o maci�a do p�blico durante toda sua execu��o. Antes de defender "Televis�o", Arnaldo Antunes falou da performance que costumava fazer, levantando antenas que trazia presas �s costas, nos shows dos anos 1980.

A banda voltou a expor sua faceta mais nervosa com "Porrada", ainda com Antunes, e a incendi�ria "Pol�cia", com Britto. Ele mesmo seguiu com "AA UU", antes de passar a bola para Miklos, que anunciou a �ltima m�sica do show, "Bichos escrotos" - antes do bis, naturalmente. Para se despedir do p�blico de Belo Horizonte, os Tit�s encerraram a noite com "Mis�ria", "Fam�lia" e seu primeiro grande sucesso, "Son�fera ilha".