Rita Lee tem cabelos grisalhos e usa sua franja reta, já característica. Ela usa um adereço em sua cabeça com várias estrelas e um óculos redondo de lentes vermelhas.

Rita Lee e suas m�sicas foram um marco na luta feminista brasileira

Instagram/Reprodu��o
“Rainha do rock brasileiro”, Rita Lee morreu na �ltima segunda-feira (8/5) aos 75 anos. Para al�m de uma ampla discografia, ela deixa um legado gigantesco �s mulheres. Apesar de nunca ter se considerado um �cone feminista – ou at� mesmo uma feminista –, sua influ�ncia na irrever�ncia das mulheres quanto � desigualdade de g�nero �, at� hoje, considerada um dos maiores marcos do feminismo brasileiro das �ltimas d�cadas.

“Nunca carreguei bandeira de feminismo. Eu era a �nica menina roqueira no meio de um clube s� de bolinhas, cujo mantra era: para fazer rock tem que ter culh�o. Eu fui l� com meu �tero e meus ov�rios – e me senti uma igual, gostassem eles ou n�o. Sou do tempo em que o feminismo era queimar suti� no meio da rua, e eu nunca tive peito suficiente para sequer usar suti�. Talvez eu seja uma feminista gauche”, disse ela ao portal Hysteria ainda em 2017.
  
A "ovelha negra", como era conhecida antes de se consagrar no rock, esteve em diversas revolu��es – musicais, sociais e comportamentais – que marcaram �pocas. Suas can��es foram contestadoras e tiveram papel importante na discuss�o de pautas feministas nas d�cadas de 1970 e 1980.
 
Ver galeria . 3 Fotos Em 9 de setembro de 1975, o fotógrafo Evandro Santiago registrou para o EM show de Rita Lee em BHEvandro Santiago/Arquivo EM
Em 9 de setembro de 1975, o fot�grafo Evandro Santiago registrou para o EM show de Rita Lee em BH (foto: Evandro Santiago/Arquivo EM )
 
 
Com um tom �cido e ir�nico, uma personalidade irreverente e um estilo �nico e exc�ntrico, lan�ou can��es que se tornaram grandes marcos feministas, abordando quest�es como igualdade de g�nero, liberdade sexual e empoderamento feminino: "Ovelha negra", "Lan�a perfume", "Agora s� falta voc�", "Baila comigo", "Banho de espuma", "Desculpe o au�", "Erva venenosa", "Amor e sexo", "Reza", "Menino bonito" e "Doce vampiro" s�o alguns exemplos. 


 

Rock


Em um terreno dominado pelos homens, como era o rock, Rita Lee foi uma das primeiras mulheres a falar abertamente sobre sexo e prazer feminino em suas obras. "Mania de voc�", m�sica que ficou v�rias semanas em primeiro lugar nas paradas de sucesso e chegou a tocar em um comercial de jeans, foi uma das primeiras a chamar a aten��o para os temas. 

“Vivi intensamente minha �poca sem pensar que futuramente seria considerada revolucion�ria. Acho que abri, sim, estradas, ruas e avenidas. E vejo que hoje as garotas desfilam por elas, o que me faz sentir um certo orgulho. Ser pioneira teve um pre�o, mas tamb�m fez escola. Naquele tempo, eu n�o tinha distanciamento hist�rico para me perceber como feminista, libert�ria, quebradora de tabus. Eu simplesmente subia no palco, matava o pau e mostrava a xana”, declarou.
 
Ver galeria . 6 Fotos Os Mutantes, em turnê feita em 1969O Cruzeiro/Arquivo Estado de Minas
Os Mutantes, em turn� feita em 1969 (foto: O Cruzeiro/Arquivo Estado de Minas )
 

Ela tamb�m foi a artista que mais teve m�sicas censuradas na �poca da Ditadura Militar (1964-1985). Ainda assim, foi a mulher que mais vendeu discos no Brasil, ultrapassando a faixa de 55 milh�es de c�pias ao longo de suas quase seis d�cadas de carreira.

Homenagens


Nas redes sociais, Rita Lee � homenageada por grandes personalidades e tamb�m por pessoas comuns que tiveram suas vidas impactadas pelas m�sicas e pelo estilo de vida da artista.

“A Rita Lee brigou tanto pelas mulheres, e, hoje, podemos falar sobre feminismo porque muitas l� atr�s lutaram contra muitos. Obrigada, Rita. V� em paz”, escreveu Valesca Popozuda em suas redes sociais.

“Primeiro Gal, hoje Rita Lee. � muito dif�cil ver essa gera��o de mulheres incr�veis indo embora. As marcas que elas deixaram na cultura, no feminismo e no Brasil como um todo v�o ser eternas, mas a gente queria mais um pouquinho”, disse uma internauta.

“Eu cresci ouvindo Rita Lee. Meu primeiro show foi o da Rita Lee. Cresci com todos os LPs da Rita Lee, admirando. Hoje, pesquiso o feminismo na m�sica, e foi ela a maior inspira��o desde sempre”, publicou outra f�.

“A luta feminista brasileira deve muito � Rita Lee. Aprendemos com sua irrever�ncia e sua insubordina��o frente � ditadura e ao patriarcado. Seu legado, al�m de musical, � pol�tico! Que vivamos nossas vidas a partir de seus ensinamentos. Viva o Rock Nacional, viva a luta feminista e viva Rita Lee”, comentou outra internauta.