Rita na capa do disco de 1979 que lançou hits como 'Mania de você'

Rita na capa do disco de 1979 que lan�ou hits como "Mania de voc�"

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O an�ncio veio pouco antes das onze da manh� de ontem. Rita Lee havia morrido no fim da noite de segunda-feira (8/5), em casa, em S�o Paulo, cercada “de todo o amor de sua fam�lia, como sempre desejou”, afirmou o comunicado oficial. R�dios, jornais, TVs, portais, redes sociais, quase que em un�ssono, anunciaram a morte da “Rainha do rock”.

 

“Cafona”, Rita Lee, onde quer que esteja agora, deve ter pensado. Em vez de rainha, disse ao jornalista Guilherme Samora em entrevista publicada em novembro de 2022 na revista Rolling Stone, preferia ser chamada de “padroeira da liberdade”.

 

Rita Lee esteve conosco por 75 anos – 60 deles na m�sica, a partir das Teenage Singers, seu primeiro grupo. Foi livre o tempo todo, mesmo quando n�o havia liberdade. Os versos “As pessoas da sala de jantar s�o ocupadas em nascer e morrer”, de “Panis et circenses” (Caetano e Gil), cr�tica � acomoda��o da sociedade perante a ditadura militar, n�o teriam a mesma for�a n�o fosse a voz dela no registro definitivo dos Mutantes (1968).

 

Quando o casamento com Arnaldo Baptista azedou, Rita levou um p� na bunda – deixou os Mutantes pela porta dos fundos. Sem olhar para tr�s, voltou � ativa com sua pr�pria banda, Tutti Frutti (1973). Com o segundo marido e companheiro de toda a vida, Roberto de Carvalho, formou, a partir de 1979, uma das maiores parcerias da m�sica popular brasileira.

 

A roqueira virou gente grande, �dolo pop mesmo, por meio de can��es como “Caso s�rio”, “Doce vampiro”, “Mania de voc�” e “Lan�a perfume”. Rita mostrou para as mulheres que prazer sem amor tamb�m era poss�vel; que “sexo fr�gil” nunca fugia � luta. Mas tampouco se preocupou em carregar bandeiras – sua �nica luta, sempre afirmou, foi pelos direitos dos animais.

 

Rita foi livre at� para sair do palco, prematuramente, aos 64 anos, em 2012. Deixou os shows, n�o a vida p�blica, que continuou semeando por meio dos livros e da onipresen�a digital. A “malucona, doidona, porra-louca, maconheira, drogu�stica, alco�latra e lis�rgica” (palavras dela), se tornou uma senhora “meditante e careta”.

 

Mas nunca perdeu a verve. Nomeou de “Jair” o c�ncer diagnosticado em 2021. Sobre ele (o tumor, n�o a figura que gerou o apelido), falar� em seu novo livro, “Outra autobiografia”, com lan�amento previsto para 22 deste m�s.

 

“Achei que nada mais t�o digno de nota pudesse acontecer em minha vidinha besta. Mas � aquela velha hist�ria: enquanto a gente faz planos e acha que sabe de alguma coisa, Deus d� uma risadinha sarc�stica”, Rita escreveu em mar�o, quando foi anunciado o novo livro. “A vida � curta, e eu, grossa”, � um dos melhores tweets da nossa padroeira.

 

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