Jamile Cazumbá e Carol Duarte na peça 'Babilônia tropical'

Jamile Cazumb� e Carol Duarte: Brasil colonial dialoga com o s�culo 21 na pe�a "Babil�nia tropical"

Julia Zakia/divulga��o

“Babil�nia tropical – A nostalgia do a��car” fala de um estado brasileiro que, assim como a cidade do t�tulo, foi palco de disputas de poder, sofreu diversos ataques e invas�es e se destacou pela agricultura. 

Pernambuco do s�culo 17 foi grande produtor de a��car e um dos lugares mais ricos do mundo. L� viveu Anna Paes, mulher emblem�tica que deu origem � trama. A pe�a estreia nesta sexta-feira (12/5), no Teatro I do CCBB-BH.

Anna Paes viveu livremente, quebrou regras e padr�es impostos �s mulheres de sua �poca. Casou-se pela primeira vez muito nova e recebeu como dote um engenho. Aos 18 anos, o marido faleceu e Anna precisou assumir a administra��o da propriedade a�ucareira.

Diferentemente da maioria das mulheres, Anna Paes sabia ler e escrever. Isso fez com que a jovem rapidamente aprendesse a lidar com os encargos daquela  propriedade rural. Coordenou um dos engenhos mais not�veis de Pernambuco.
 
A pe�a tem Carol Duarte no papel da personagem principal. Ela interpreta a atriz que est� prestes a encenar o papel de Anna Paes. Inicia o  processo de reconstitui��o hist�rica da vida desta mulher a partir do bilhete escrito para o militar holand�s que governava a capitania na �poca. No elenco tamb�m est�o Ermani Panzo, Jamile Cazumb� e Leonardo Ventura.

O diretor Marcos Damingo brinca que este � seu trabalho mais “bem pensado”. A pandemia come�ou junto do processo de elabora��o do roteiro e ele teve bastante tempo para produzir. Viajou, visitou acervos e museus, conheceu o pesquisador Daniel Breda, que se tornou consultor hist�rico do projeto.
 

Desconstru��es

"O Daniel tem uma vis�o bastante cr�tica sobre a maneira como a hist�ria � contada. Ele me ajudou muito a desconstruir certos lugares do nosso imagin�rio que romantizam esse per�odo, no sentido de que nem sempre a modernidade � um processo positivo”, afirma Damingo. O espet�culo prop�e novo olhar para as viol�ncias intr�nsecas ao processo de moderniza��o imposto ao pa�s por meio da coloniza��o.

A atriz interpretada por Carol entra em crise durante o processo de elabora��o da personagem pernambucana e, ironicamente, desenvolve a compuls�o por a��car.
 
O “ponto cego” dela em rela��o as quest�es racial e da escravid�o que envolvem o per�odo a impedem de se colocar no lugar em que aquelas pessoas estavam. A partir da�, a pe�a traz ao palco quest�es do passado de um Brasil escravocrata, que seguem deixando feridas at� os dias de hoje.

A reconstru��o desse per�odo por outros olhares revela abertamente a presen�a do racismo por meio da escravid�o vigente em um per�odo lembrado apenas pelas conquistas, mas que, na verdade, foi marcado pela explora��o das pessoas e da natureza.
 
"Me sinto como uma esp�cie de tradutor. Eu pego essas elabora��es que dentro da academia j� est�o num n�vel muito mais avan�ado e maduro, mas que muitas vezes ainda n�o chegaram ao grande p�blico, e traduzo para a linguagem do teatro”, conclui Marcos Damingo.

“BABIL�NIA TROPICAL – A NOSTALGIA DO A��CAR”

Dire��o: Marcos Damingo. Com Carol Duarte, Ermani Panzo, Jamile Cazumb� e Leonardo Ventura. Estreia nesta sexta-feira (12/5) e segue em temporada at� 5 de junho, de sexta a segunda, �s 20h30, no Teatro I do CCBB BH (Pra�a da Liberdade, 450 – Funcion�rios). Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

* Estagi�ria sob a supervis�o da subeditora Tet� Monteiro