Robert De Niro no Festival de Cannes, em 2023.

Robert De Niro � cr�tico not�rio do ex-presidente americano Donald Trump

Patricia DE MELO MOREIRA / AFP
 

CANNES, FRAN�A (FOLHAPRESS) - Robert De Niro, cr�tico not�rio do ex-presidente americano Donald Trump, voltou a alfinetar seu desafeto assim que tomou o microfone em conversa com a imprensa no Festival de Cannes. "Aquele cara � um est�pido. Imaginem se ele fosse esperto. E ainda h� quem pense que ele fez um bom trabalho. Que louco que � isso."

 

O ator est� na mostra francesa de cinema para promover o filme "Killers of the Flower Moon", sua nova parceria com o diretor Martin Scorsese. A hist�ria, protagonizada por Leonardo DiCaprio, � inspirada em eventos reais que aconteceram h� cem anos: o assassinato em massa de ind�genas no estado de Oklahoma, fruto de uma disputa com a elite branca local por recursos oriundos da explora��o do petr�leo.

 

"N�o compreendo as motiva��es do meu personagem ou por que ele trai a confian�a das pessoas ao redor", disse De Niro, citando o papel que ele interpreta no filme, o do fazendeiro William Hale, que aspira as riquezas das terras dos nativos.

 

"Ele se acha no direito de fazer as coisas que faz, usa seu charme para conseguir o que quer. E isso lan�a um alerta sobre a banalidade do mal, sobre aquilo com que temos de nos preocupar ao nosso redor", afirmou, citando ainda o assassinato de George Floyd por policiais brancos e o massacre da popula��o negra na cidade de Tulsa, no come�o do s�culo passado.

 

A trama contada em "Killers of the Flower Moon", que deve estrear no Brasil no segundo semestre, levou a equipe do filme a buscar o povo osage, ind�genas que foram as v�timas do mortic�nio retratado na trama. "No come�o, quer�amos contar tudo a partir do ponto de vista da investiga��o, mas o cora��o da hist�ria estava em outro lugar, estava na ideia da quebra de confian�a", disse Scorsese. "T�nhamos de ser respeitosos com os ind�genas."

 

Ao seu lado, Standing Bear, l�der da comunidade osage, endossou o diretor. "Quando soubemos que essa hist�ria seria contada, ficamos preocupados porque n�o sab�amos se ter�amos voz", disse. "Meu povo sofreu muito e carregamos os efeitos daquilo at� hoje conosco. Scorsese restabeleceu uma confian�a que hav�amos perdido com os brancos."

 

Tamb�m presente na conversa com os jornalistas, Leonardo DiCaprio falou da sua experi�ncia no filme como algo pr�ximo do antropol�gico.

 

Sua parceira de cena, a atriz de origem ind�gena Lily Gladstone, ent�o tomou o microfone, dirigindo-se ao ator. "N�o quero corrigi-lo, mas n�s transcendemos o olhar antropol�gico. Isso � como n�s nativos estamos acostumados a ser retratados. Voc�s estavam l� como seres humanos, n�o como cientistas", afirmou a int�rprete de Mollie, casada na trama com o personagem de DiCaprio.

 

Com mais de tr�s horas de dura��o, o longa marca o retorno de Scorsese a Cannes, onde ele ganhou a Palma de Ouro por "Taxi Driver", em 1976. Seu �ltimo trabalho exibido na programa��o oficial do festival franc�s havia sido "Depois de Horas", de 1986.

 

O novo filme tamb�m renova a sua parceria com dois dos atores com que ele mais trabalhou, De Niro e DiCaprio. Na hist�ria, ambos repetem a t�pica din�mica scorsesiana de mestre-aprendiz regida pelos c�digos do crime - dois g�ngsteres que poderiam estar nas ruas de Nova York ou Boston, mas aqui num cen�rio de p�s-faroeste.

 

"[Scorsese] tem esse talento de mostrar a humanidade, a condi��o humana, mesmo nos tipos mais asquerosos", disse DiCaprio. "Cresci vendo o relacionamento dele com De Niro e isso formou toda a gera��o de atores da qual fa�o parte."