Indie traz a BH destaques do cinema autoral em 13 pa�ses

Cinema de verdade, com mai�sculas, de ontem e de hoje. Um dos mais queridos eventos do g�nero em Belo Horizonte – e respons�vel pela forma��o de muitos cin�filos –, o Indie chega nesta quinta-feira (25/5) � 21ª edi��o. Como sempre, com grandes hist�rias, a maior parte delas in�ditas, e de gra�a.

Pela primeira vez, o evento, cuja edi��o mais recente � de dezembro de 2021, ser� realizado nos cinemas do Centro Cultural Unimed-BH Minas. At� a pr�xima quarta (31/5), as duas salas v�o exibir 21 longas de 13 pa�ses.

“Geralmente, o Indie passava os filmes uma vez, duas no m�ximo. O que � um desperd�cio. Como estamos em salas menores (cada uma com pouco mais de 40 lugares), vamos exibir os t�tulos tr�s vezes”, comenta a curadora Daniela Azzi.

O festival tamb�m mudou de data – geralmente, era realizado no segundo semestre, sempre mais competitivo, por causa da Mostra de S�o Paulo e do Festival do Rio. “O Indie � como uma vers�o pequena deles. Antes, a gente tinha de competir com eles pelos mesmos filmes”, acrescenta Daniela.

Nesta edi��o, o festival foi dividido em tr�s programas. A Mostra Mundial re�ne 10 t�tulos, todos estreantes no Brasil. Alguns s�o recent�ssimos, vieram da sele��o do Festival de Berlim, realizado em fevereiro.

“Music”, da cineasta alem� Angela Schanelec, inspirado no mito de �dipo, venceu o Urso de Prata de roteiro. O belga Bas Devos dirigiu “Here”, que levou dois pr�mios na Berlinale, e mostra o encontro de dois imigrantes na Bruxelas atual.

Outros destaques de Berlim s�o dois filmes do mesmo diretor rodados no mesmo cen�rio. O portugu�s Jo�o Canijo lan�ou “Mal viver” (que levou o pr�mio do j�ri na Berlinale) e “Viver mal”. “� muito interessante, pois � o hotel de uma fam�lia de mulheres. 'Mal viver' acompanha o drama da fam�lia e 'Viver mal' o dos h�spedes”, afirma Daniela Azzi.

O Indie vai exibi-los em sequ�ncia, mas em sess�es separadas, como idealizou o diretor. O espectador poder� fazer a imers�o nos dois t�tulos de uma s� vez, ou pode assisti-los em dias separados.

Outro longa que tamb�m promete experi�ncia cin�fila � o argentino “Trenque Lauquen”, de Laura Citarella, com quatro horas de dura��o. Mas a cineasta, inteligentemente, o dividiu em duas partes (tamb�m exibidas em sequ�ncia).

“� sobre uma pesquisadora, Laura, que descobre em uma cidade cartas de amor numa biblioteca. Ela � meio como Sherlock Holmes”, diz Daniela.

Outros t�tulos in�ditos v�o de produ��es de cineastas veteranos – como o franc�s Andr� Techin�, de 80 anos, com “Almas g�meas” – a estreantes, caso da mongol Qiao Sixue, com “The cord of life”, e do chin�s Kong Dashan, com a com�dia sci-fi “Journey to the west”.

J� a mostra Premi�re promove pr�-estreias de cinco longas prestes a chegar ao circuito. Entre eles est� o polon�s “Eo”, do cineasta Jerzy Skolimowski, indicado ao Oscar de melhor filme internacional, que entra em cartaz nas salas comerciais em 1º de junho. O longa � protagonizado por um burro, que apresenta sua vis�o bastante particular da Europa contempor�nea.

O Indie fez a liga��o de “Eo” com outro t�tulo, este um dos seis selecionados para a Sess�o Cl�ssica. Daniela explica: “O filme do Jerzy Skolimowski � meio que homenagem ao cl�ssico 'A grande testemunha' (1966), do Robert Bresson (tamb�m centrado em um burro, o Balthazar). Ele, inclusive, disse que foi esse o �ltimo filme em que chorou. Mas os dois n�o t�m nada a ver, al�m da ideia e da emo��o que o animal traz”, finaliza Daniela Azzi.

• De hoje (25/5) a quarta-feira (31/5), nas salas de cinema do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes).  Entrada franca. Programa��o completa: indiefestival.com.br

O cineasta Jo�o Canijo realizou n�o um, mas dois filmes que t�m o mesmo cen�rio: um pequeno e decadente hotel litor�neo ao Norte de Portugal, administrado por uma fam�lia de mulheres. Os homens se foram ou morreram. O relacionamento entre elas azedou. A hist�ria se complica com a chegada de uma neta, e os ressentimentos acumulados por anos v�m � tona. O filme levou o pr�mio do j�ri do Festival de Berlim deste ano.

Exibido na Berlinale, o segundo filme de Jo�o Canijo deixa as mulheres que administram o hotel para escanteio e se concentra nos h�spedes. Mais solar do que seu par, traz refer�ncias a pe�as de dramaturgo sueco August Strindberg nas hist�rias do tr�s grupos de pessoas que transitam pelo drama.

 

 

O longa de Laura Citarella tem quatro horas, e a cineasta o dividiu em duas partes. A hist�ria come�a com o desaparecimento da cientista Laura na pequena cidade argentina que d� t�tulo ao filme. Rafael e Ezequiel, apaixonados por Laura, come�am a busca por ela – t�m como pistas velhas cartas de amor e uma esp�cie floral. No entanto, essa hist�ria envolve mais enigmas do que eles podem imaginar – inclusive, envolvendo outras mulheres do local.

• Sexta (26/5), �s 16h (parte 1) e 18h30 (parte 2); segunda (29/5), �s 17h30 (parte 1) e 20h (parte 2)

 

 

Outro t�tulo proveniente do Festival de Berlim (dois pr�mios para o diretor Bas Devos, incluindo o Fipresci, da cr�tica especializada). Dois imigrantes se encontram em Bruxelas (foto). Stefan � um trabalhador da constru��o civil prestes a retornar � Rom�nia natal de f�rias, mas sem saber se retornar� para a B�lgica. Ele vai ao restaurante chin�s local para a �ltima refei��o. L� conhece ShuXiu, cientista que d� aulas de microbiologia na faculdade pela manh� e ajuda a tia no estabelecimento � noite.

O longa do diretor Jerzy Skolimowski foi indicado ao Oscar de melhor filme internacional neste ano e, em 2022, venceu o pr�mio do j�ri do Festival de Cannes. Eo � um burro. Nessa f�bula contempor�nea, o animal, dotado de esp�rito curioso, embarca em uma jornada incr�vel que passa pela It�lia e pela Pol�nia.

 

 

 

“PASSAGES” (Fran�a, 2023)
O novo filme do diretor americano Ira Sachs, mais um t�tulo com roteiro do brasileiro Mauricio Zacharias, foi rodado em Paris. Depois de concluir seu �ltimo projeto, o cineasta Tomas (Franz Rogowski) inicia um caso de amor com a jovem professora Agathe (Ad�le Exarchopoulous). A novidade de estar com uma mulher � experi�ncia que ele deseja explorar, apesar de seu casamento com Martin (Ben Whishaw). Por�m, quando Martin come�a seu pr�prio caso, Tomas concentra suas aten��es no marido (foto).

 

 

A sele��o traz seis t�tulos, todos em c�pias restauradas. Morto em setembro do ano passado aos 91 anos, Jean-Luc Godard ser� homenageado com o seminal “Acossado” (1960). Haver� quatro t�tulos tamb�m em preto e branco: “Stromboli” (1950), de Roberto Rossellini, “Hiroshima, meu amor” (1959), de Alain Resnais, “Estranhos no para�so” (1984), de Jim Jarmusch, e “A grande testemunha” (1966), de Robert Bresson. Este �ltimo conta a hist�ria de Balthazar, um burro muito maltratado. Jerzy Skolimowski fez homenagem a esse cl�ssico de Bresson com “Eo”, destaque da Mostra Premi�re. Completando o time, a sele��o exibe “O sangue” (1989), primeiro longa do cineasta portugu�s Pedro Costa.  Confira dias e hor�rios em indiefestival.com.br