Saiba o que esperar do novo filme de 'A Pequena Sereia'

"Uma sereia n�o tem l�grimas e, portanto, ela sofre muito mais", esclarece uma frase de Hans Christian Andersen, autor dinamarqu�s que inspirou o retorno da Disney, no campo das anima��es, em 1989, oito anos depois do exitoso "O c�o e a raposa".

 

Noutra esp�cie de renascimento, com o impulso do live-action (que remodela anima��es para personagens de carne e osso), aquele sucesso mundial trouxe o desafio para o cineasta Rob Marshall de modernizar o enredo do come�o do s�culo 19 para por��es de mares caribenhos, no qual desponta o irrepreens�vel talento da atriz Halle Bailey, contestada, a princ�pio, por f�s que idealizavam a transposi��o mais fiel ao desenho original, que tinha uma protagonista ruiva.

 

Longe da superf�cie dos humanos, tomados por "b�rbaros", na vis�o do pai de Ariel (o rei Trit�o, que na tela � vivido pelo espanhol Javier Bardem), a pequena sereia do t�tulo vai encarar a jornada da princesa, desafiando limites, se entregando a feiti�o e almejando um amor perfeito.

 

 

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Indicado ao Oscar de melhor diretor, em 2002, com o musical Chicago (vencedor de melhor filme), o cineasta Rob Marshall veio ancorado a um sucesso da Disney com renda estimada em US$ 1,6 bilh�o, e na empreitada do comando do live-action teve o apoio de Alan Menken, nada menos do que 19 vezes indicado ao Oscar por suas cria��es musicais, e ainda o refor�o de Lin-Manuel Miranda, talento com quem j� contou em O retorno de Mary Poppins (2018).

 

 

 

Tr�s adendos tomam parte da trilha sonora do musical — Wild uncharted waters, The Scuttlebutt e For the first time. No resto, desfilam can��es consagradas.

 

A ponte entre os mundos marinhos e terrestre, em "A pequena sereia", vir� n�o apenas pela musicalidade: veloz, Ariel, uma das representantes dos sete mares, at� escapa das redes dos humanos, mas, ressaltada entre cardumes multicoloridos, n�o se desvencilha dos supostos encantos do pr�ncipe Eric, papel de Jonah Hauer-King (que carrega o qu� de um Patrick Dempsey juvenil).

 

 

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Sa�da do reino de Atl�ntida, nesta hist�ria, por vezes sombria, Ariel encara uma trama movida a inesperados noivados e ainda a perigosas situa��es num penhasco.

 

Destemida e bisbilhoteira, Ariel ter� companhias de animais, alguns medrosos e expressivos como o achatado peixe Linguado (Jacob Trembley, sempre associado ao dram�tico Extraordin�rio), e outros mais despachados como o caranguejo Sebasti�o (Daveed Diggs), um bichano de atitudes estudadas, mas bondoso e gentil, e ainda Sabich�o (em papel entregue a Awkwafina, que abra�a a composi��o vocal de um ganso-patola, no lugar da gaivota, como fora na anima��o da Disney).

 

 

 

Com um colorido fortalecido e belo, as aventuras de todos tocam o cotidiano infeliz e solit�rio de Eric. Ao lado do cachorro Max, ele conta com a tutoria do senhor Grimsby (Art Malik), num reino sob as ordens da rainha Selina (Noma Dumezweni) no qual uma v�lvula de escape se encontra na biblioteca do pal�cio.

 

 

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Ausente na celebra��o da Lua Coral, Ariel n�o demora a se apresentar como a mais evidente pretendente do noivo, por tudo, abobalhado.

 

Seguindo a cartilha do roteiro original (da vers�o animada dos codiretores Ron Clements e John Musker), junto com o colaborador David Magee (de Em busca da Terra do Nunca), Rob Marshall capricha na relev�ncia da mal�vola personagem �rsula, que, ainda inofensiva (num primeiro momento), pede perd�o at� pela agressividade do jardim mantido a sua volta.

 

Lembrada por duas merecidas indica��es ao pr�mio Oscar, a atriz Melissa McCarthy desponta no longa-metragem com imensur�vel talento no papel do exilado polvo humanoide. Fundamental para a transforma��o de Ariel em uma humana, �rsula, com a pot�ncia de uma exemplar bruxa, que, diante de uma po��o com tr�s dias de validade, coloca, numa met�fora, Ariel a desvendar as "�guas" inexploradas e selvagens, da verdadeira terra firme.