Em seus filmes, Carlos Alberto Prates Correia trazia elementos tradicionais da cultura mineira
Na sequ�ncia, ainda na d�cada de 1960, Correia reuniu alguns amigos e montou o Centro Mineiro de Cinema Experimental (Cemice), na capital mineira. Foi com esse grupo que ele produziu “O milagre de Lourdes” (1965), sobre um padre corrupto que, para fugir dos fi�is enfurecidos com sua m�-conduta, se esconde em um dos bord�is da famigerada Rua Guaicurus - local at� hoje conhecido pelo grande n�mero de prost�bulos no Centro de Belo Horizonte.
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Em 1966, Correia se mudou para o Rio de Janeiro, local onde a produ��o cinematogr�fica vivia maior efervesc�ncia. De l�, dirigiu o epis�dio “Guilherme”, do filme “Os marginais” (1966), de Mois�s Kendler, onde repetiu a dobradinha com Paulo Jos�.
Em 1969, voltou a trabalhar com o diretor Joaquim Pedro de Andrade e o ator Paulo Jos� no cl�ssico “Macuna�ma”, no qual Correia foi assistente de dire��o.
O primeiro filme precisamente dele foi “Crioulo doido” (1970). Ambientado em Sabar�, o drama acompanha Florisberto (papel de Jorge Coutinho em um dos primeiros filmes brasileiros tendo um negro como protagonista), um alfaiate de origem humilde que sonha em ascender socialmente. Tentando alcan�ar esse objetivo, Felisberto acaba por se envolver em neg�cios escusos, como agiotagem e jogo do bicho. Embora question�veis, as empreitadas d�o certo e Felisberto vira um grande fazendeiro.
No meio do caminho, ele encontra a interesseira Sebastiana (papel de Selma Caronezzi), que tenta surfar na propriedade de Felisberto para tamb�m ascender socialmente.
Not�cias sobre um “fim do mundo” iminente, contudo, deixam Felisberto transtornado, de modo que os planos de riqueza que ele tinha seguem outra dire��o, completamente diferente do que foi tra�ado inicialmente.
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Depois do lan�amento de “Crioulo doido”, Correia trabalhou como produtor em “Os inconfidentes” (1972) e “Guerra conjugal” (1974), ambos de Joaquim Pedro, e “Vai trabalhar, vagabundo” (1973), de Hugo Carvana. Tamb�m trabalhou com Cac� Diegues nos longas “Quando o carnaval chegar” (1972) e “Joana Francesa” (1975).
Entre o subemprego e a prostitui��o
S� depois de todos esses projetos que ele rodaria seu segundo longa, “Perdida” (1976). Sobre uma mulher que est� indecisa entre o subemprego e a prostitui��o.
Na sequ�ncia, vieram “Cabaret Mineiro” e “Noites do sert�o”. No primeiro, estrelado por Nelson Dantas, acompanha as andan�as de um sertanejo pelo interior do norte de Minas Gerais. Pelo caminho, encontra mulheres marcantes e elementos t�picos da regi�o, como a culin�ria � base de pequi, dan�as tradicionais, a literatura de Guimar�es Rosa, entre outros.
O filme ganhou os principais pr�mios do Festival de Gramado de 1981, entre eles os de Melhor Filme, Melhor Dire��o, Melhor Fotografia, Melhor Ator (Nelson Dantas), Melhor trilha sonora (Tavinho Moura) e Melhor atriz coadjuvante (T�nia Alves).
No mesmo ano, adaptou a novela Buriti, de Guimar�es Rosa, com o nome de “Noites do sert�o”, estrelado por D�bora Bloch e Tony Ramos.
No final dos anos 1980, Correia rodou “Minas-Texas” (1989). A trama acompanhava a rela��o tumultuada entre uma jovem rom�ntica (Andr�a Beltr�o) e um pe�o (Jos� Dumont).
“O Prates era um cineasta al�m de muito talentoso, com uma grande liga��o com a cultura mineira. Ele sabia dirigir muito bem e tinha essa liga��o profunda com Minas Gerais”, afirma o cineasta Helv�cio Ratton, que foi produtor executivo de “Noites dos sert�o”.
"Ele tinha uma import�ncia no cinema. O trabalho dele era muito autoral”, complementa Maria Tereza Correia, sobrinha do diretor. “Foi uma pessoa que sempre valorizou o cinema mineiro, desde o come�o, quando participou do Centro Mineiro de Cinema Experimental. Ele teve um papel importante em v�rios filmes do cinema brasileiro”, emenda.
Em 2007, Correia gravou seu �ltimo trabalho, o document�rio “Castelar e Nelson Dantas no Pa�s dos Generais”.
Carlos Alberto Prates Correia deixa a companheira, Margarida, e o filho, Jo�o. O corpo do diretor ser� cremado amanh�, no Rio de Janeiro, em cerim�nia restrita � fam�lia.
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