A cantora, compositora e atriz Clarice Falcão

Clarice Falc�o diz que ainda se emociona com o sucesso de seu disco de estreia, "Monomania"

Pedro Pinho/Divulga��o


H� 10 anos, casais de todo o Brasil postavam fotos nas redes sociais com fases como: "De todos os loucos do mundo eu quis voc�, porque a sua loucura parece um pouco a minha". A autora dessa frase � a cantora Clarice Falc�o, conhecida como atriz e roteirista na �poca, mas que encantou o Brasil com o �lbum "Monomania", um disco no qual ela assumia que ningu�m ia gostar por falar "de uma pessoa s�".
 
Clarice mudou, lan�ou outros dois trabalhos de est�dio, e agora chega ao quarto �lbum da carreira uma nova mulher, mas olhando para toda a trajet�ria que viveu nestes 10 anos desde que dominou as r�dios e lotou as casas de show brasileiras. Com "Truque", t�tulo do novo �lbum, que ela planeja lan�ar em julho, Clarice Falc�o pretende se encontrar no meio do caminho entre a jovem que era e a mulher que se tornou.
 
O in�cio da divulga��o do trabalho foi com o single "Chorar na boate", uma m�sica dan�ante e c�mica sobre os tempos de festas p�s-pand�micas. "O disco novo j� tem um pouco de conversar com os outros lados de mim", conta Clarice.

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"A gente j� estava no movimento de descobrir como essas pe�as se encaixam. Foram tr�s discos muito diferentes, gosto de todos e acho lindos de ouvir, mas, para mim, � sobre o que emociona, um house pode emocionar uma pessoa, um folk outra", reflete a cantora,  que promete uma cara de novidade nesta mistura. "Tentamos voltar para outros lados, descobrir novas coisas", adianta.
 
Talvez a principal novidade esteja na tem�tica. O amor est� no ar e est� de volta nas letras da cantora. "Tanto musicalmente quanto tematicamente � o retorno de uma Clarice. Ele fala de amor de novo, amo falar de amor", diz ela, que assume que foi dif�cil.

"Amor � um assunto muito manjado. � muito dif�cil fazer uma m�sica de amor e se sentir fazendo algo novo. Meu processo come�a da pergunta: 'Essa m�sica fizeram antes?', se j�, eu jogo fora e come�o outra. N�o tem porqu�", afirma.
Por�m, o resultado, segundo ela, foi bom.

"Desta vez, acho que consegui uma obra da qual eu me orgulho muito", conta a cantora e compositora. "Acho que vou dar para as pessoas coisas que as pessoas queriam que tivesse entregado h� muito tempo. Conceitinho amarrado, visuais e coisas que sempre quis fazer e nunca tinha tempo, quando j� tinham-se passado tr�s anos do lan�amento", aponta. "Eu estou mais bem preparada. Essa vai ser a primeira vez de muitas coisas", completa.

Os 10 anos do "Monomania" bateram em Clarice, mas o tempo passa para todo mundo. "Eu estou me sentindo velha, n�o s� pela minha m�sica apenas, mas por fatos como os 20 anos do primeiro �lbum da Pitty", diz a artista, que ainda lembrou em tom de piada: "Poxa, ouvia essas m�sicas na van, indo para escola".

"Monomania"

N�o s� Clarice, mas o pr�prio "Monomania" envelheceu, ambos como vinho. "Ele conversa muito comigo atualmente, at� musicalmente. Poxa, � um disco que tem o Jaques Morelenbaum tocando cello. Tem algo mais imortal do que isso?", reflete.

"Eu falava muito sobre amadurecer e crescer na �poca do meu terceiro disco. Hoje, eu discordo de mim mesma. No sentido de que quero muito ter amadurecido e acredito que amadureci em muitas coisas, mas os discos n�o s�o diferentes por uma quest�o de amadurecimento, mas porque n�s somos pessoas diferentes, temos v�rios lados", avalia.
 
Contudo, o �lbum n�o � s� qualidade art�stica, tem todo o lado sentimental do artista. Voltar para o "Monomania", para Clarice, � talvez voltar para emo��es que ficaram guardadas naquele per�odo.

"� um disco que me representa muito, tem uma vida inteira nele e at� por isso foi dif�cil voltar nele. Quando se resolve essas coisas na nossa cabe�a e bota para fora, realmente fica muito bom."

"� muito doido voltar e muito emocionante ver pessoas tocadas ainda com este �lbum. De alguma forma, tem uma coisa nost�lgica, de algo que ficou. Me faz muito bem ver como esse meu trabalho afetou os outros", comemora. "Ser artista � se comunicar, n�o se sentir sozinho com as pr�prias doidices. Encontrar outras pessoas que sentem as mesmas coisas que voc�."
 
O reencontro, ent�o, foi para matar as saudades. A nostalgia dos tempos antigos abriu caminho para que a cantora se achasse em um novo lugar. Velha ela se sente, mas o futuro � logo mais e promete frutos.

"Que bom que eu estou no paralelo de olhar para tr�s no 'Monomania', mas fazendo o novo disco. Se n�o fosse o disco novo eu ia estar me sentindo mais velha", acredita.

"Tem um trabalho que me deixa muito feliz no horizonte, ent�o isso me deixa muito feliz de olhar para tr�s, porque isso � o que me trouxe at� aqui. Estou me sentindo velha de um jeito sereno e feliz", afirma a artista. "Desde que voc� planeje para frente, tudo bem que teve um monte para tr�s", conclui.
 
"Monomania" portanto vai viver em Clarice. "Sinto que toda vez que eu me apaixonar vai ter um pouquinho de 'Monomania' na minha tem�tica", aponta a cantora, que ainda brinca: "� isso, agora eu tenho franja de novo".