O compositor Hermínio Belo de Carvalho abraçado com Alaíde Costa

Herm�nio Bello de Carvalho com a cantora Ala�de Costa, convidada de 'Cataventos' que participar� do show de lan�amento do �lbum, em S�o Paulo

Matheus Jos� Maria/Divulga��o
Parceiro de Pixinguinha, Dona Ivone Lara, Cartola, Baden Powell, Sueli Costa e Paulinho da Viola, entre outros, o compositor Herm�nio Bello de Carvalho, de 88 anos, lan�a nas plataformas digitais, nesta quarta-feira, (12/7), o �lbum “Cataventos”. O objetivo do projeto produzido pelo selo Sesc/SP � comemorar os 70 anos de carreira do artista carioca, que tamb�m � jornalista, escritor e poeta.
 
Herm�nio aproveitar� a ocasi�o para autografar o seu 14º livro, “Passageiro de rel�mpagos – cr�nicas friccionais e perfis inexatos” (Edi��es Sesc S�o Paulo), organizado pela cantora e compositora Joyce Moreno.

Os shows de lan�amento de “Cataventos” ocorrer�o no Sesc Pinheiros, em S�o Paulo, no pr�ximo s�bado (15/7), �s 21h, e domingo (16/7), �s 18h. Ser�o apresentados pelo pr�prio Herm�nio, que receber� os cantores Ala�de Costa, Ayrton Montarroyos, �urea Martins e Vidal Farias. 
 

'N�o vivo sem escrever ou ler. O �nico talento que Deus me deu foi esse de escrever, sendo, inclusive, letrista de m�sica popular e tendo tido a honra de ter parceiros como Pixinguinha, Cartola e Chico Buarque, entre tantos outros'

Herm�nio Bello de Carvalho, compositor

 

Do samba � valsa

Com dire��o de produ��o de Helton Altman e produ��o musical e arranjos de Lucas Porto, o �lbum apresenta sambas, sambas-can��o e uma valsa. Traz 15 m�sicas, 12 in�ditas, e homenageia Cartola, Clementina de Jesus, Pixinguinha e o escritor paulista M�rio de Andrade.
 
Herm�nio revela que o repert�rio desse disco foi discutido com v�rias pessoas, mas uma can��o foi unanimidade. “A gente n�o podia deixar de lado 'Cobras e lagartos', que Maria Beth�nia gravou com Chico Buarque, ao vivo, naquele disco de 1975”.

O compositor lembra que, ao contar para Beth�nia que queria ver essa m�sica gravada, a baiana adorou a ideia e mandou o registro pronto, acompanhada por Jo�o Camarero. “Ele � um violonista maravilhoso. O disco abre com a Fernanda Montenegro recitando um poema meu, emenda com a Maria Beth�nia. L� no finalzinho, Fernanda, uma amiga muito querida, aparece novamente. O �lbum � o resumo desses meus 70 anos, mas dando �nfase para composi��es feitas h� pouco tempo e que d�o um colorido ao disco.”

“Cataventos” contou com novos e antigos parceiros de Herm�nio, como Fernanda Montenegro, na leitura dos poemas “Labirinto”, que abre o �lbum, e “Enuncia��o” (com Vital Lima), que encerra o disco.
 

Al�m da atriz e de Beth�nia, participaram das grava��es Paulinho da Viola, Ala�de Costa, �urea Martins, Joyce Moreno, Ayrton Montarroyos, Alfredo Del-Penho, Giulia Drummond, Pedro Miranda, Marcos Sacramento, Pedro Paulo Malta, Vidal Assis, Z� Renato e Gabi Buarque.

“Esse � um �lbum de m�sica e poesia, dando-nos o privil�gio da voz da minha amiga Fernanda. Ali�s, nunca imaginei que ela recitaria um poema meu algum dia”, revela Herm�nio.

Presente divino

Os 88 anos de vida n�o impedem o artista de trabalhar. “Na realidade, n�o vivo sem escrever ou ler. O �nico talento que Deus me deu foi esse de escrever, sendo, inclusive, letrista de m�sica popular e tendo tido a honra de ter parceiros como Pixinguinha, Cartola e Chico Buarque, entre tantos outros.”

Se os antigos parceiros s�o lembrados, Herm�nio, da mesma forma, reverencia os atuais. “O disco � um panorama e tamb�m d� �nfase a um parceiro meu mais recente, o Vital Lima, a quem entreguei um texto po�tico. Ele musicou t�o maravilhosamente que � uma das coisas mais bonitas do �lbum, com ele cantando.”

Segundo o compositor, os instrumentistas que participam do �lbum, em sua maioria,  fazem parte da Escola Port�til de M�sica, que fica no Centro do Rio de Janeiro. “O que prova, inclusive, que esse projeto da escola estimula jovens m�sicos a aparecerem em um registro t�o importante, como � um disco.”

Em “Catavento”, Herm�nio, como em outros trabalhos dele, n�o canta. “N�o sou cantor, mas, sim, poeta que diz as suas letras, as suas m�sicas. Apenas isso. N�o h� nenhuma pretens�o minha em ser cantor algum dia. Por�m, uma coisa que fa�o h� muitos anos em meus discos � estar presente, mas como poeta, declamando poesias ou at� mesmo apresentando novos parceiros.”

Herm�nio Bello de Carvalho, que publicou mais de 20 livros sobre a cultura brasileira, n�o esconde sua admira��o por M�rio de Andrade.

“Sou um oper�rio da cultura brasileira. Tenho paix�o  pelo M�rio de Andrade. Ele � o farol, a pessoa que ilumina a minha vida at� agora, embora tenha morrido em 1945, quando eu j� estava com 10 anos. Infelizmente, n�o o conheci. Inclusive escrevi 'Cartas cariocas para M�rio de Andrade'”, diz.

“H� uma coisa bonita: as pessoas que continuam atuando comigo foram essenciais na minha vida. N�o sei se fui t�o essencial assim na vida delas, mas tenho muito cuidado em citar os meus parceiros, as pessoas que me acompanham na vida. Como digo, ningu�m faz nada na vida sozinho. Gosto, por exemplo, que conste o nome dos m�sicos na ficha t�cnica, dos instrumentos que tocaram, quem ilumina o palco, quem faz a cenografia”, comenta.

Clementina e Sophia Loren

Herm�nio se diz um f� por natureza. “Gosto de admirar as pessoas. E aquelas que admirava em minha inf�ncia me acompanham at� agora. Elas alimentam a minha cria��o art�stica. Aracy de Almeida, Elizeth Cardoso, como vou esquecer? Tive esse privil�gio. Sem falar na Clementina de Jesus, que hoje � uma figura internacional. Ela n�o � uma pessoa que s� aconteceu no Brasil”, destaca.

Herm�nio relembra um epis�dio envolvendo a cantora, quando ela foi se apresentar no Festival de Cannes, na Fran�a, com o marido Albino P� Grande. 

“Todos os dias, os dois sa�am do hotel para passear e sempre passava por uma mo�a muito bonita, que os cumprimentava dizendo: 'Mamma, mamma'. Clementina era muito simples, n�o tinha no��o de sua import�ncia nem ideia de quem era aquela mulher. E era a Sophia Loren.”

Quando ele conheceu Clementina, ela estava com 62 anos. “Quando a ouvi pela primeira vez cantando na Taberna da Gl�ria, no Rio, fiquei deslumbrado. Depois, um amigo a levou ao meu apartamento e fiquei gravando tudo o que ela cantava, sem ela saber. Guardei o gravador no carro, que foi roubado. Para o meu azar, (a fita) ainda tinha eu conversando e tamb�m compondo para o Pixinguinha.”

Os parceiros Ant�nio e Paulinho

Das parcerias, Herm�nio cita seu primeiro companheiro, Antonio Carlos Ribeiro Brand�o. “Ele era economista e muito ligado � turma da cantora Sylvinha Telles. Tocava viol�o divinamente. Chegamos a gravar um CD com a nossa parceria. Infelizmente, ele faleceu. Por�m, precedeu a Paulinho da Viola, de quem fui o primeiro parceiro. Paulinho tinha cerca de 20 anos e come�amos a produzir muita coisa.”
 
O poeta conta que levou Paulinho da Viola para tocar no Zicartola (restaurante de Cartola e de sua mulher, dona Zica). “Os dois se encantaram com ele e o empregaram como m�sico naquelas rodas de samba. O local era frequentado por Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho, Z� Keti, Ismael Silva, Aracy de Almeida, Carlos Lyra e Nara Le�o”, relembra.

capa do disco 'CATAVENTOS'

capa do disco "CATAVENTOS"

Selo Sesc
“CATAVENTOS”

•  Disco de Herm�nio Bello de Carvalho
•  Selo Sesc
•  15 faixas
•  Dispon�vel nas plataformas digitais