Atores e roteiristas fazem piquete em frente ao prédio da Netflix em Los Angeles (EUA)

Atores e roteiristas fazem piquete em frente ao pr�dio da Netflix em Los Angeles (EUA)

SPENCER PLATT / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
Centenas de atores se manifestaram nessa sexta-feira (14) em frente � sede de est�dios em Los Angeles e Nova York, na maior paralisa��o da produ��o cinematogr�fica e televisiva de Hollywood em d�cadas.

Os grevistas se reuniram em frente ao pr�dio da Netflix, no famoso Sunset Boulevard de Los Angeles, e em frente �s instala��es da Disney, Warner, Amazon e Paramount, enquanto motoristas os apoiavam buzinando.

"� hora de fecharmos os contratos que ir�o servir para as futuras gera��es de atores, assim como em 1960", comentou Vera Cherny, 44 anos, que participou das s�ries "The Americans: Rede de Espionagem" e "For All Mankind".

Em Nova York, Susan Sarandon e Jason Sudeikis foram dois dos artistas renomados que compareceram �s manifesta��es, motivadas pela recusa dos est�dios a atender �s demandas dos atores por melhores sal�rios e estabilidade.

Convocados pelo Sindicato dos Atores e Federa��o Americana de Artistas de TV (SAG-Aftra), os atores se uniram a roteiristas e escritores que est�o em greve h� semanas, em uma disputa que provocou a maior paralisa��o da ind�stria desde 1960.

"Estamos aqui h� cerca de 80 dias. O fato de o SAG-Aftra ter se declarado em greve trouxe muita energia, e existe uma solidariedade incr�vel", disse a cocriadora de "Friends" Marta Kauffman.

Os atores se declararam oficialmente em greve � meia-noite de ontem, depois que as negocia��es com os est�dios fracassaram. O sindicato reivindica melhorias salariais, um reajuste nos pagamentos que os artistas recebem pelas reexibi��es de suas produ��es, e de defini��es sobre o uso da Intelig�ncia Artificial (IA) na ind�stria, entre outros pontos.

- Paralisa��o da ind�stria -

Os manifestantes foram �s ruas com for�a nas duas costas americanas. Em Nova York, a atriz Casey Killoran, 36, disse � AFP que os atores "est�o apenas tentando ganhar um sal�rio m�nimo, um sal�rio digno para estar na cidade de Nova York. Queremos poder viver onde trabalhamos", acrescentou.

Por enquanto, a "greve dupla" interrompe praticamente toda a produ��o audiovisual dos Estados Unidos, com exce��o para os reality shows e programas de competi��o ou entrevistas. S�ries e outras produ��es de grande sucesso enfrentar�o atrasos.

A Comic-Con, encontro mundial da cultura pop, que acontece na pr�xima semana, em San Diego, pode ficar sem a estrelas. Al�m disso, o movimento sindical pode afetar a presen�a dos atores da ind�stria americana em grandes festivais internacionais, como o de Veneza. A cerim�nia do Emmy, prevista para 18 de setembro, pode ser adiada para novembro ou at� mesmo para 2024.

- Crise existencial -
Um dos principais pontos de diverg�ncia entre os sindicatos e os est�dios s�o os chamados pagamentos "residuais", efetuados todas as vezes que as plataformas transmitem uma produ��o da qual participaram. Plataformas de streaming, como Netflix e Disney+, mant�m sob sigilo as estat�sticas de visualiza��o e oferecem a mesma tarifa por tudo o que transmitem em seus cat�logos, sem considerar a popularidade.

Os atores e roteiristas tamb�m querem a regulamenta��o do uso futuro da IA na ind�stria, que veem como uma amea�a a seu trabalho.

A greve dupla confirma a crise existencial da ind�stria de Hollywood. A Alian�a de Produtores de Cinema e TV (AMPTP), que representa os est�dios e as plataformas de streaming, informou que ofereceu "aumentos hist�ricos de sal�rio e pagamentos residuais", al�m de respostas a outras demandas.

"Uma greve n�o era o resultado que esper�vamos. Infelizmente, o sindicato escolheu um caminho que ir� criar dificuldades econ�micas para milhares de pessoas que dependem da ind�stria", acrescentou AMPTP.