Sin�ad O'Connor morre aos 56 anos

A cantora irlandesa Sinead O'Connor morreu nesta quarta-feira (26/7), aos 56 anos. A informa��o foi confirmada pela BBC News e a causa da morte n�o foi divulgada.

Em comunicado divulgado pela BBC, a fam�lia da cantora confirmou a morte de O’Connor e pediu privacidade. “� com muita tristeza que anunciamos o falecimento de nossa amada Sin�ad. A fam�lia e os amigos dela est�o arrasados %u200B%u200Be pediram privacidade neste momento t�o dif�cil”.

O'Connor come�ou sua carreira cantando nas ruas de Dublin e logo alcan�ou fama internacional com seu �lbum de estreia “The lion and the cobra”, de 1987. Em 1990,  sua vers�o para “Nothing Compares 2 U”, do cantor Prince, foi a mais tocada nos pa�ses da Europa e na Austr�lia. somente na Irlanda, o hit ficou em primeiro lugar nas paradas por 11 semanas. O cover de O’Connor recebeu ainda tr�s indica��es ao Grammy no ano seguinte.

Tamb�m em 1991, a revista Rolling Stones considerou a irlandesa como artista do ano, afirmando que ela “provou que um artista de grava��o pode se recusar a se comprometer e ainda se conectar com milh�es de ouvintes famintos por m�sica de subst�ncia”.

A cantora, contudo, n�o teve uma vida f�cil. Falou abertamente do abuso que sofreu pela m�e na inf�ncia, ap�s a separa��o dos pais. E, no ano passado, publicou em seu perfil no Facebook um texto sobre sua luta para manter a sa�de mental.

Atos de rebeldia

A cabe�a raspada, que acabou virando uma esp�cie de s�mbolo da artista, era um ato de rebeldia frente aos executivos das gravadoras, que queriam sustentar uma imagem mais “feminina” dela. A iniciativa, no entanto, n�o deu certo. Confus�es e pol�micas envolvendo sua vida pessoal ganharam cada vez mais evid�ncia, muitas vezes ofuscando o trabalho dela na m�sica.

O principal exemplo �, talvez, a briga da cantora com Frank Sinatra. Ele n�o permitiu que O’Connor gravasse "The Star-Spangled Banner".

"As pessoas achavam que eu n�o acreditava em Deus. Esse n�o � o caso. Sou cat�lica de nascimento e cultura e seria a primeira a chegar � porta da igreja se o Vaticano oferecesse uma reconcilia��o sincera"

Sin�ad O'Connor em entrevista ao jornal Washington Post

Tamb�m ganhou destaque seu posicionamento cr�tico � Igreja Cat�lica. Em 1993, ela rasgou uma foto do Papa Jo�o paulo II em peda�os enquanto cantava uma vers�o a capella de “War”, de Bob Marley, no “Saturday Night Live”. A atitude era um protesto contra o abuso sexual dentro da igreja - a NBC recebeu mais de 4.400 liga��es de reclama��es.

As retalia��es n�o pararam por a�. Na semana seguinte, no mesmo “Saturday Night Live”, o ator Joe Pesci mostrou a mesma foto de Jo�o Paulo II “consertada” e disse que, se estivesse no programa com O'Connor, “teria dado um tapa nela”.

Em 1997, O’Connor apareceu como Nossa Senhora no filme “N� na garganta”, de Neil Jordan. J� em 1999, ela se viu no centro de mais uma pol�mica, quando se tornou sacerdotisa da separatista Igreja Tridentina Latina, uma posi��o que n�o foi reconhecida pela Igreja Cat�lica. 

As cr�ticas � Igreja Cat�lica continuaram depois que Bento XVI assumiu o papado, em 2005. Por muitos anos, ela condenou os abusos sexuais cometidos por  padres e acobertados pelo pont�fice, e pediu investiga��es completas de cada caso.

• Veja mais:  Cantora Sinead O'Connor se converte ao isl�

Quando Bento XVI se desculpou com a Irlanda por causa dos crimes sexuais cometidos pelos religiosos no pa�s, em 2010, O'Connor condenou o pedido de desculpas e pediu aos cat�licos que boicotassem a missa at� que houvesse uma investiga��o completa sobre o papel do Vaticano.

“As pessoas achavam que eu n�o acreditava em Deus. Esse n�o � o caso. Sou cat�lica de nascimento e cultura e seria a primeira a chegar � porta da igreja se o Vaticano oferecesse uma reconcilia��o sincera”, disse ao Washington Post � �poca.

O’Connor descobriu sua inclina��o art�stica na juventude. Ainda estudante do ensino m�dio, gravou uma demo de quatro can��es e fundou a banda Ton Ton Macoute, que se desmembrou depois que ela largou a escola.

Em 2018, ela anunciou que havia se convertido ao Isl� e adotaria o nome Shuhada 'Davitt na vida profissional, mas continuaria a usar Sin�ad O'Connor profissionalmente. 

Primeiros passos

A carreira na m�sica s� prosperou depois que ela passou a trabalhar com Fachtna O'Ceallaigh, ex-chefe da gravadora do U2. Foi com ele, inclusive, que gravou seu disco de estreia. 

O'Connor lan�ou mais oito �lbuns e foi indicada ao Grammy de Melhor V�deo Musical por seu show “Year of the horse”, em 1990. Sua m�sica “Famine”, de 1996, tamb�m recebeu uma indica��o ao Grammy de Melhor V�deo Musical. 

Em 2012, a can��o “Lay your head down”, que ela interpretou para a trilha sonora do filme “Albert Nobbs”, dirigido por Rodrigo Garc�a, recebeu uma indica��o ao Globo de Ouro de melhor can��o original.

O’Connor anunciou sua aposentadoria em 2003. Contudo, continuou a gravar novo material. Seu �lbum mais recente foi " I'm not bossy, I'm the boss", lan�ado em 2014.

A cantora se casou quatro vezes. A primeira rela��o, em 2011, com o conselheiro antidrogas Barry Herridge, durou apenas 16 dias. Em seguida, casou-se com John Reynolds; John Waters; e Frank Bonadio.

No ano passado, enfrentou novo trauma com o suic�dio do filho Shane O'Connor, de 17 anos. O rapaz estava internado em um hospital psiqui�trico em tratamento e se matou no local. Pelas redes sociais, a cantora disse que processaria a institui��o e que havia decidido “encerrar sua luta terrena”.

Sin�ad O'Connor deixa quatro filhos: Jake, com o marido John Reynolds; Roisin, com John Waters; e Yeshua Bonadio, com Frank Bonadio.

Conhe�a a discografia de Sin�ad O’Connor:

. The Lion and the Cobra (1987)

. I Do Not Want What I Haven't Got (1990)

. Am I Not Your Girl? (1992)

. Universal Mother (1994)

. So Far... the Best of Sin�ad O'Connor (1997)

. Gospel Oak (1997)

. Faith and Courage (2000)

. Sean-N�s Nua (2002)

. Throw Down Your Arms (2006)

. Theology (2007)

. How About I Be Me (And You Be You)? (2012)

. I'm Not Bossy, I'm the Boss (2014)