Caminhada hoje pela Pampulha foca na riqueza dos jardins de Burle Max
Edi��o especial dos Percursos Pampulha, neste s�bado (12/8), faz parte de um conjunto de atividades de destaque ao Patrim�nio Cultural, que v�o at� o fim do m�s
Edi��o do Percursos Pampulha de hoje promove caminhada que tem in�cio na Igrejinha, percorre a orla da lagoa e se encerra no Museu Casa Kubitschek
Qu4rto Studio/Divulga��o
O projeto Museus Pampulha, que marca os 80 anos do Conjunto Moderno da Pampulha, est� com uma programa��o especial ao longo deste m�s. Atividades l�dicas e educativas – como visitas mediadas aos espa�os e acervos, oficinas criativas, viv�ncias coletivas, exibi��o de document�rio e desfile de moda – foram pensadas tendo como esteio duas efem�rides: os 114 anos de nascimento de Burle Marx, no �ltimo dia 4, e o Dia Nacional do Patrim�nio Cultural, celebrado em 17 de agosto.
A partir das 9h deste s�bado (12/8), ser� realizada uma edi��o especial, intitulada “Jardim como patrim�nio”, do Percursos Pampulha – a��o que consiste em caminhadas culturais mediadas, com trajetos distintos, que conectam os equipamentos do Conjunto Moderno da Pampulha.
Desta vez o percurso come�a na Igreja S�o Francisco de Assis, onde as pessoas poder�o apreciar os jardins criados pelo renomado paisagista brasileiro, e segue pela orla da lagoa, tendo como destino final o Museu Casa Kubitschek. Neste espa�o, o p�blico tamb�m � convidado a participar de uma visita mediada � exposi��o “Trama: processos educativos na Pampulha”, que coloca em di�logo a casa modernista com bordados e objetos de design inspirados no territ�rio Pampulha.
“No Percursos Pampulha, a gente trabalha com temas muito amplos da paisagem cultural como um todo, a arquitetura, o urbanismo, as artes, mas nesta edi��o o foco s�o mesmo os jardins”, diz a presidente da Funda��o Municipal de Cultura, Luciana F�res. “A ideia � explorar todas as quest�es que Burle Marx prop�s, como a presen�a da �gua e das esp�cies aqu�ticas. Isso foi uma inova��o paisag�stica que ele trouxe, trabalhando com a flora nativa brasileira”, complementa.
Ela destaca, tamb�m, no Museu Casa Kubitschek, as pedras canga, de cor terrosa, com as quaresmeiras, que s�o esp�cies t�picas do cerrado. Trata-se de pensar os jardins como patrim�nio, com foco nas caracter�sticas e diferenciais que fizeram de Burle Marx um paisagista ao mesmo tempo genuinamente brasileiro e universal, segundo a gestora.
“Ele era muito vanguardista, trouxe uma linguagem moderna para o paisagismo brasileiro. Nossos jardins se inspiravam nos jardins europeus, o que se pode ver na Pra�a da Liberdade ou no Parque Municipal. Burle Marx rompeu com isso, valendo-se de um desenho totalmente moderno, livre do academicismo dos jardins ingleses e franceses”, diz.
Luciana salienta que toda a programa��o do Museus Pampulha neste m�s � voltada para destacar o trabalho que tornou o paisagista mundialmente reconhecido. “A contribui��o de Burle Marx para o paisagismo mundial foi transformar esses jardins em obras de arte. Ele introduz esp�cies da flora nativa brasileira e faz uma composi��o art�stica desses ambientes, porque tinha essas ferramentas, era tamb�m um artista pl�stico que pintava, desenhava, bordava, enfim, era um talento m�ltiplo”, observa.
A presidente da FMC chama a aten��o para o fato de que, quando se fala no Conjunto Moderno da Pampulha, o senso comum traz � tona os nomes de Oscar Niemeyer e Portinari, por seu trabalho na Igreja S�o Francisco de Assis, deixando Burle Marx um tanto alijado. Jogar luz sobre sua obra, em di�logo com o Dia Nacional do Patrim�nio Cultural, foi uma escolha conceitual, conforme aponta.
"Ele era muito vanguardista, trouxe uma linguagem moderna para o paisagismo brasileiro. Nossos jardins se inspiravam nos jardins europeus, o que se pode ver na Pra�a da Liberdade ou no Parque Municipal. Burle Marx rompeu com isso, valendo-se de um desenho totalmente moderno, livre do academicismo dos jardins ingleses e franceses"
Luciana F�res, presidente da Funda��o Municipal de Cultura
O Patrim�nio Cultural e o legado de Burle Marx tamb�m viraram inspira��o para a moda. Tendo como farol os 80 anos do Conjunto Moderno da Pampulha, a artista e designer de moda Let�cia Arrighi coordenou um grupo de alunas e alunos dos cursos de trabalhos manuais e artes do Sesc 60+, da unidade do Sesc Floresta. Juntos, eles desenvolveram uma cole��o que ser� apresentada nesta programa��o especial, no “Desfile Sesc 60 ”, no pr�ximo s�bado (19/8), �s 15h, no Museu Casa Kubitschek.
As roupas foram desenvolvidas a partir de pe�as garimpadas em brech�s da cidade e do reaproveitamento t�xtil, com a confec��o de fuxicos, pinturas e bordados. O desfile ser� acompanhado pelo Canto Coral, um dos mais antigos trabalhos realizados pelo Sesc 60, que possibilita aos idosos se expressar por meio da m�sica. Ap�s o desfile, os participantes tamb�m ser�o convidados a realizar de uma visita mediada � exposi��o “Trama: processos educativos na Pampulha”.
“Eles fizeram uma cole��o toda conceitual, que ser� apresentada nesse desfile e que tange tanto a est�tica quanto a quest�o da sustentabilidade”, diz Luciana. “Essa programa��o especial do Museus Pampulha se dirige a um p�blico que vai das crian�as � terceira idade. Para os adultos, pensamos em propostas de sensibiliza��o, com os ateli�s abertos e a exibi��o do document�rio 'Filme paisagem – Um olhar sobre Roberto Burle Marx', seguido de bate-papo com o diretor Jo�o Vargas Penna”, acrescenta. Essa atividade est� prevista para o pr�ximo dia 26.
Diretora de museus da Funda��o Municipal de Cultura, Jana�na Melo observa, em rela��o ao desfile de moda, que as proposi��es de Burle Marx podem reverberar outras pr�ticas. “As cores, formas e texturas presentes nos jardins foram a inspira��o para a cria��o desse vestu�rio que ser� apresentado. O jardim do Museu Casa Kubitschek atravessa a quest�o da natureza trabalhada, transformada, o que se configura numa experi�ncia art�stica, que pode dialogar com a moda, a mem�ria e a identidade”, diz.
Casa do Baile vai receber visitantes interessados em conhecer melhor a obra de Burle Marx em BH
Qu4rto Studio/Divulga��o
As plantas medicinais do paisagista
Tamb�m no pr�ximo dia 19, �s 10h, nos jardins do Museu de Arte da Pampulha (MAP), ser� promovido o “LabBioArte – Jardim com sa�de e bem-estar nas cidades”, um laborat�rio experimental de viv�ncia art�stica, no qual os visitantes poder�o conhecer a import�ncia das plantas medicinais que fazem parte do jardim projetado por Burle Marx. Ao final da viv�ncia, haver� uma oficina de ilustra��o bot�nica, utilizando a t�cnica da aquarela.
O p�blico tamb�m poder� ter contato com uma t�cnica de registro visual anterior � fotografia na atividade “Ateli� aberto – Viv�ncias de artista: fotos artesanais no jardim de Burle Marx”, no dia 26/8, �s 10h, no Museu de Arte da Pampulha. A partir da antotipia, t�cnica na qual os elementos naturais e a luz do sol s�o os principais ingredientes, os participantes v�o explorar os jardins do MAP, numa experi�ncia que pode despertar um olhar mais sens�vel para a rela��o entre a natureza, arte e fotografia.
Casa adentro
J� no dia 27/8 ser�o realizadas duas edi��es especiais do projeto Casa Adentro. Na primeira, batizada “O jardim de Roberto”, �s 10h, o p�blico � convidado a uma visita mediada na qual v�o ser apresentados os aspectos da arquitetura, hist�ria e paisagismo da Casa do Baile, com destaque para os jardins projetados por Burle Marx.
A visita contar� com a presen�a da bi�loga, arquiteta e paisagista Laura Mour�o, respons�vel pela restaura��o das obras de Burle Marx presentes no Conjunto Moderno da Pampulha, explicando os princ�pios presentes nos jardins. “O jardim de Roberto” tamb�m vai contar com a participa��o de Seu N�lio, jardineiro do local, tirando d�vidas e conversando sobre a manuten��o dos jardins. Haver� distribui��o de mudas ao final da atividade.
“Laura trabalhou com Burle Marx. Ela lida tamb�m com a educa��o para o patrim�nio, o que passa pela sensibiliza��o de adultos e crian�as no sentido de destacar a rela��o entre a natureza, a cultura, a arte, a arquitetura e o urbanismo que conformam toda aquela paisagem integrada. Ela vai participar desse bate-papo com o jardineiro, Seu N�lio, falando com o p�blico sobre como � o trabalho de conserva��o e reposi��o de mudas nos jardins da Casa do Baile”, aponta Luciana F�res.
Batizada “Brincadeiras de jardim”, a segunda edi��o do Casa Adentro, �s 16h, � voltada para o p�blico infantil. A a��o prop�e atividades l�dicas nos jardins da Casa do Baile, como identifica��o de esp�cies, suas origens, os nomes populares pelos quais s�o conhecidas, seus formatos, cores e texturas, em uma abordagem da educa��o ambiental e da educa��o patrimonial por meio do cuidado e da preserva��o da flora.
“Trata-se de pensar Burle Marx como um paisagista de prest�gio internacional e pensar o paisagismo em di�logo com as v�rias express�es art�sticas e culturais. Ele entende o jardim como um 'site specific', como algo que envolve todo um pensamento art�stico. As atividades que est�o acontecendo ao longo deste m�s chamam a aten��o para o jardim como uma experi�ncia viva, trazendo o protagonismo das pessoas que est�o ali, no cuidado desse patrim�nio, o que se relaciona com um tipo de constru��o de mem�ria e identidade”, diz Jana�na Melo.
Ela destaca que a programa��o especial do Museus Pampulha abre espa�o para reflex�es acerca do que chama de um “case in�dito” na hist�ria recente do pa�s. “� algo que nos permite pensar o quanto a cria��o desse projeto foi absolutamente inovadora, at� porque se deu quando a cidade tinha pouco mais de quatro d�cadas de exist�ncia. O Conjunto Moderno da Pampulha projetou Belo Horizonte para um lugar de protagonismo no s�culo 20. Bras�lia s� viria a ser feita 20 anos depois, ent�o � um n�vel de vanguarda extraordin�rio”, ressalta.
Passeio "vertical"
Encerrando a programa��o deste m�s do Museus Pampulha, a equipe do educativo da Casa do Baile realiza o projeto Visitas Verticais, que oferece periodicamente visitas mediadas a edifica��es ic�nicas da cidade de Belo Horizonte, refor�ando a voca��o do espa�o como um Centro de Refer�ncia de Arquitetura, Urbanismo e Design, extrapolando sua atua��o na Pampulha.
A proposta � promover a difus�o sobre a produ��o arquitet�nica da cidade e oferecer ao visitante experi�ncias imersivas e sensoriais em lugares emblem�ticos na hist�ria e na paisagem cultural da capital mineira. A primeira edi��o de 2023 ser� na Escola de Design da UEMG.
“JARDIM COMO PATRIM�NIO”
• Edi��o especial da atividade Percursos Pampulha, a partir das 9h deste s�bado (12/8) • A caminhada tem in�cio da Igreja S�o Francisco de Assis, segue pela orla da lagoa e se encerra no Museu Casa Kubitschek • A programa��o completa em torno de Burle Marx e do M�s do Patrim�nio Cultural pode ser conferida no site da Funda��o Municipal de Cultura
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