Vers�o filme de terror do Ursinho Pooh n�o assusta nem faz rir
Longa "Sangue e mel" est� em cartaz nos cinemas; diretor n�o conseguiu ir al�m da premissa de transformar um personagem infantil num ser aterrorizante
Tentativa de fazer do Ursinho Pooh um personagem de terror em "Sangue e mel" fracassa e d� origem a um filme que n�o assusta nem faz rir; longa est� em cartaz nos cinemas
Calif�rnia Filmes/Divulga��o
E se o ursinho Pooh, aquele da camisetinha vermelha, fosse um assassino sanguin�rio? O conceito, que at� poderia ser curioso na forma de um curta-metragem - ou, ent�o, numa esquete do programa “Saturday night live” -, est� em cartaz nos cinemas brasileiros com "Ursinho Pooh: Sangue e mel" e todos os seus desnecess�rios cem minutos de dura��o.
Criado pelo autor ingl�s A. A. Milne, Pooh apareceu pela primeira vez no Natal de 1925 e virou desenho da Disney na d�cada de 1960. O personagem, no entanto, caiu em dom�nio p�blico em 2021, isto �, 95 anos ap�s a sua primeira publica��o, e, a partir de agora, pode ser utilizado por qualquer pessoa, sem risco de processo.
Ter a liberdade para fazer algo, por�m, n�o significa que devemos fazer tal coisa. Mesmo assim, o brit�nico Rhys Frake-Waterfield escreveu, dirigiu e coproduziu a vers�o do g�nero terror de Pooh.
Com um or�amento de menos de US$ 100 mil, o filme faturou mais de US$ 5 milh�es nas bilheterias dos Estados Unidos, gra�as � obra de Milne.
O diretor, � claro, j� anunciou uma sequ�ncia com um or�amento muito maior e outros projetos sinistros. Pelas entrevistas que deu no lan�amento, todas as suas ideias parecem ter a ver com algum outro personagem infantil tamb�m em vers�es tenebrosas, como Bambi, Peter Pan, Teletubbies e Tartarugas Ninjas.
Transformar o inofensivo em algo vil n�o � novidade no g�nero do terror, que sempre abusou de criancinhas possu�das cantarolando cantigas de forma macabra, al�m de palha�os e bonecos assassinos. De certa forma, todos n�s vivemos um filme de terror na adolesc�ncia, que � quando nos damos conta de que a sensa��o de seguran�a da inf�ncia era apenas uma ilus�o.
No nicho dos videogames independentes, h� todo um subg�nero dedicado ao "mascot horror", ou "terror de mascote", que busca justamente essa subvers�o de �cones inocentes. O mais famoso � "Five nights at Freddy’s", inspirado numa rede de restaurantes infantis e que vai ganhar uma adapta��o para os cinemas este ano, pela produtora Blumhouse.
Roteiro ruim
O problema com "Sangue e mel" � que Frake-Waterfield falha tanto na miss�o de assustar como - na aus�ncia de algo que perturbe o sono - na entrega do pr�mio de consola��o de fazer rir. H� quem goste do terror de maneira ir�nica, por apreciar algo t�o ruim que acaba "ficando bom" - "Sangue e mel" seria ideal neste sentido, mas n�o diverte nem como um exemplar do cinema trash.
Cabe dizer que "Sangue e Mel" n�o � ruim pela falta de recursos - "Terrifier" foi feito com apenas US$ 35 mil e � muito mais bem produzidO - ou pelo seu argumento estapaf�rdio. Depois de"M3GAN", lan�ado este ano, e "Maligno", de 2021, o p�blico est� aberto � galhofa, mas o terror do ursinho n�o possui senso de humor, seja volunt�rio ou involunt�rio.
Estranhamente, o diretor optou por um tom realista, mas centrou a trama num grupo de garotas gen�ricas que, em nenhum momento, reconhecem o absurdo de serem perseguidas por um urso antropomorfizado —urso este que, nem no �pice da suspens�o da descren�a, deixa de ser um homem com uma fantasia mal feita.
N�o seria um grande maquiador de efeitos especiais que salvaria "Sangue e mel". Al�m do roteiro sem gra�a, os atores n�o t�m carisma, h� uma constante trilha sonora dram�tica e uma fotografia que mal mostra a a��o.
Em seu processo criativo, o diretor n�o foi muito al�m do conceito inicial - isto �, e se o ursinho Pooh, aquele da camisetinha vermelha, fosse um assassino sanguin�rio?
“URSINHO POOH: SANGUE E MEL”
• (Reino Unido, 2023, 100 min.) Dire��o: Rhys Frake-Waterfield. Com Nikolai Leon, Maria Taylor, Craig David Dowsett. • Classifica��o: 18 anos. •Em cartaz em salas dos complexos Cineart, Cinemark e Cin�polis.
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