Capa do �lbum 'SUPER', de J�o
Acompanhando uma tend�ncia que se espalhou pelos novos talentos da m�sica pop, de "V�cio Inerente", disco mais recente de Marina Sena, a "Rush", single de Troye Sivan, J�o ressurge sexy em "Super".
Um vislumbre disso pode ser visto na capa do disco, em que o cantor abandona os retratos em close-up que estamparam dois de seus �lbuns anteriores para tirar a camisa em meio aos cavalos de um pasto.
Mas a maior prova vem das novas composi��es, que reverberam "Pilantra", sua parceria com Anitta, lan�ada em mar�o.
"Amor da minha vida/ em cima do meu colo/ eu te mostro os anjos", canta J�o em "Alinhamento Milenar". "Sof�, madrugada, eu pelado, voc� pelada/ e se der tudo errado, a gente j� deu certo", diz a faixa que vem depois, "L�bia".
Com a sensualidade, parece ter vindo a autoconfian�a. Antes, J�o enchia os pulm�es para profetizar que iria morrer sozinho em seu primeiro �lbum, "Lobos". "Em quem voc� pensa enquanto me beija?", ele ainda questionava no segundo disco, "Anti-Her�i". Mas agora canta que � lindo e n�o entende como algu�m pode n�o am�-lo.
Outro elemento que se acentua em "Super" � a fluidez com que ele trata sua orienta��o sexual. N�o da maneira confessional que fez no �lbum anterior ao cantar "para todos os meninos e meninas" que j� amou, mas ao endere�ar letras tanto para o g�nero feminino quanto o masculino.
"A bissexualidade n�o � muito entendida. � questionada at� dentro da comunidade LGBTQIA +", afirma J�o, que no passado foi criticado por n�o assumir um r�tulo.
"Sempre me senti confort�vel comigo, mas fiquei mais confort�vel para falar. Entendi que expressar a minha sexualidade era importante para o meu p�blico. Nem sempre vou querer colocar um pronome na m�sica, porque �s vezes n�o precisa ou porque n�o quero, mas agora fiz."
As letras, mais otimistas, se alinham �s batidas eletr�nicas �geis e dan�antes que dominam o lado A do disco -algo que em "Pirata", o anterior, parecia se chocar com as composi��es mais melodram�ticas.
Mas n�o � como se J�o tivesse abandonado o tom confessional que fundou sua carreira. No lado B do disco, ele rememora seus conflitos, como em "S�o Paulo, 2015", que encontra eco em hits de The Weeknd como "Blinding Lights".
Nela, J�o versa sobre a crise que enfrentou na cidade depois de vir do interior para estudar publicidade na Universidade de S�o Paulo. "Cama de qualquer pessoa pra me preencher/ S�o Paulo � uma droga/ milhares de pessoas num banheiro a padecer/ voc� vai subir, voc� vai descer."
� tamb�m no lado B que sua voz surge mais limpa, sem sintetizadores, sobreposta a solos de guitarra e de baixo que sublinham o tom sombrio das composi��es. Com versos maiores, s�o can��es que, diferente das do lado A, n�o parecem feitas para viralizar no TikTok.
"Acho legal as m�sicas simples, feitas para dan�ar. Mas elas viram um problema quando s� temos isso, com as mesmas mensagens e as mesmas batidas. Quero dan�ar, mas tamb�m quero refletir, tamb�m quero chorar. Tem uma lacuna disso no Brasil", diz.
J�o ocupa o espa�o que existe entre a chamada nova MPB, que abriga Anavit�ria, Melim e Vitor Kley, e o pop dan�ante de figuras como Anitta, Pabllo Vittar e Lu�sa Sonza.
� uma posi��o que o levou ao estrelato. No ano passado, quando viu seu n�mero de ouvintes mensais no Spotify saltar de 1,5 milh�o para 4 milh�es, J�o fez 40 shows, que venderam 250 mil ingressos e renderam R$ 30 milh�es. Foi uma das maiores turn�s do per�odo, ao lado das de Marisa Monte e Caetano Veloso.
Agora, ele se prepara para sair de casas mais intimistas para ocupar est�dios, com uma turn� que ter� uma pr�via no The Town, em setembro, e come�a em S�o Paulo, no Allianz Parque, em janeiro.
Mas seu principal desafio talvez n�o seja esse. Ele conta que Lucinha Ara�jo, m�e de Cazuza, em quem diz se inspirar, ofereceu uma s�rie de letras in�ditas para que ele as gravasse pela primeira vez.
"Quero fazer da maneira certa, respeitando a obra dele. Mas j� vi uma m�sica que ele nunca gravou e � perfeita, como n�o poderia deixar de ser", diz. "Preciso me provar muitas vezes. � uma coisa constante, que vou querer para sempre."
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