O The Town come�a no dia 2 de setembro, no Aut�dromo de Interlagos, em S�o Paulo
Rap e funk t�m uma hist�ria de encontros e desencontros no Brasil. De g�meos siameses nos anos 1980 a polos opostos no fim dos anos 1990, vivem hoje uma forte conex�o, que desfaz fronteiras entre essas duas formas de fazer m�sica do hip hop.
MCs e rappers s�o hoje elementos importantes do pop nacional, figuras tarimbadas em festivais famosos, presen�a marcada em novelas e em colabora��es t�o diversas quanto o piseiro de Jo�o Gomes e o sertanejo de Ana Castela.
"Eu me vejo como um funkeiro que � muito f� do hip hop", diz Hariel, um dos principais nomes do funk e do trap —a forma atual mais popular de se fazer rap. "O hip hop � uma cultura que me abra�ou tamb�m, e minha playlist tem muito rap nacional. Mas eu me denomino funkeiro. Tenho uma m�sica com o KayBlack e com o Kawe em que digo que fa�o trap s� por hobby."
Hariel tem uma das canetas mais afiadas do funk hoje. Em "Avisa que � o Funk", �lbum de 2020, ele escreve um teatro de costumes da cidade de S�o Paulo com tipos do universo funkeiro —a manicure que vai ao baile na sexta, o motoqueiro que trabalha como entregador, o jovem sonhador. � um realismo imaginado entre descri��es precisas e provoca��es ao status quo.
"N�o me sinto isolado. Sinto que esse estilo existe faz tempo. Cidinho e Neguinho do Kaxeta sempre foram MCs de narrativa", diz Hariel. "Tenho conseguido maior evid�ncia, mas tem outros nomes chegando tamb�m, como MC Caco e MC Cadu."
Se essa l�rica estreita os la�os entre rap e funk, � tamb�m not�ria a relev�ncia do ritmo neste di�logo. Hoje, os g�neros se encontram na batida com o andamento mais acelerado do rap e o mais lento do funk. A cama acolhe as rimas de Ryan SP, mais afeito � festan�a das tais revoadas, e de Cabelinho, �s nas hist�rias de amor rom�ntico ou sacana.
Este cruzamento tamb�m vai dar a t�nica do show de Azzy e Orochi. Representante da nova cena do hip hop, ela tem entre seus maiores sucessos "Faixa Rosa", um funk 150 BPM, ou batidas por minuto, e "Reverse", um trap ao estilo de Detroit, em que a pros�dia soa quase fora do tempo.
"A gente � do funk, do samba, do pagode. A gente traz todas essas culturas para dentro do hip hop", diz Azzy.
Ao passo que o hip hop se torna onipresente enquanto trilha sonora de grandes cidades brasileiras, ganha for�a tamb�m o discurso de paridade de g�nero na cena.
Nos Estados Unidos, os principais nomes do rap hoje s�o mulheres como Meghan Thee Stallion e Ice Spice. "Faltam as minas segurarem uma na m�o da outra", diz Azzy, ao ser questionada sobre o que � preciso para que o Brasil tenha uma estrela do rap do porte de seus pares americanos. "Eu quero competir com os caras, ent�o precisamos nos juntar."
Azzy fez parte do elenco da novela "Vai Na F�", assim como MC Cabelinho, que j� havia atuado em "Amor de M�e". Para a artista, a chegada a um festival como o The Town � tamb�m reflexo da capilaridade do hip hop no Brasil.
"A gente dita o que o povo gosta", diz Azzy. "A m�dia, no geral, est� entendendo. Tocar no Rock in Rio e no The Town � mostrar que a gente est� ocupando os lugares."
O presente do funk e do rap, em que se multiplicam possibilidades, guarda um futuro desafiador para os artistas. Mais dif�cil do que chegar ao topo � se manter l�. H� ainda o olhar discriminador � espreita.
"Hoje o funk gera milh�es de visualiza��es na internet, est� nos programas de TV, � um mundo novo para as marcas", diz Hariel. "Mas dez anos atr�s o funk era o problema da sociedade. Se o moleque roubou um t�nis, era por causa do funk ostenta��o. Se a menina engravidou, era o funk putaria. Se um policial morria por bala perdida, era o proibid�o. Mas hoje o funk � o rem�dio. � o exemplo para os jovens."
Mcs Cabelinho, Hariel e Ryan SP no The Town
Quando: S�b. (2), �s 16h05
Onde: Palco Skyline
Orochi e Azzy no The Town
Quando: S�b. (2), �s 17h10
Onde: Palco The One
*Para comentar, fa�a seu login ou assine