Lançado em junho, o programa Viva Cinemateca começou a colocar em prática, por meio de investimentos públicos e privados, projetos de revitalização de seu acervo e modernização de sua sede, na Vila Mariana, em São Paulo. Um dos braços da iniciativa prevê também dar maior visibilidade à instituição.
Em BH, serão exibidos 13 filmes que abrangem 120 anos de história da produção cinematográfica nacional. A curadoria foi da própria Cinemateca. O filme mais antigo, de 1929, é "São Paulo: A sinfonia da metrópole", de Rodolfo Lustig e Adalberto Kemeny. Húngaros, os dois eram proprietários de um dos melhores laboratórios de cinema do Brasil da época. No documentário, eles mostram o progresso econômico da capital paulista nas primeiras décadas do século 20.
Clássicos
A programação abrange clássicos de diferentes momentos e movimentos: "Deus e o diabo na terra do sol" (1964), de Glauber Rocha, ponta de lança do Cinema Novo; "O bandido da luz vermelha" (1968), de Rogério Sganzerla, destaque do Cinema Marginal.
Há também grandes sucessos de bilheteria, como "Dona Flor e seus dois maridos" (1976), de Bruno Barreto, que durante décadas foi o filme de maior público do país. Da produção deste século, destacam-se "Cidade de Deus" (2002), de Fernando Meirelles e Kátia Lund, indicado a quatro Oscars, e "Bacurau" (2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Cannes.
Todas as cópias que serão exibidas são digitais. "Algumas nós já tínhamos e outras pedimos aos produtores. Não fizemos um restauro, mas alguns dos filmes foram escaneados para chegar no formato DCP (hoje o sistema que domina as exibições em todo o mundo). A mostra é um grande panorama do cinema brasileiro, temos pelo menos um título de cada década, de 'São Paulo: A sinfonia da metrópole' até 'Marte Um' (2022, do mineiro Gabriel Martins, que será exibido em dezembro, no Memorial Minas Vale)", comenta Dora Mourão, diretora da Cinemateca.
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A iniciativa de levar parte de seu acervo para além de São Paulo em uma programação conjunta é inédita na história recente da Cinemateca, fundada há mais de 70 anos. Outro programa que unia instituições de guarda do audiovisual de várias regiões do país pode voltar à ativa.
Realizado entre 2006 e 2009, o Sistema Brasileiro de Informações Audiovisuais (Sibia) foi um grupo de trabalho que reuniu profissionais de acervos e cinematecas de diferentes lugares.
"Nossa intenção é retomá-lo. De qualquer maneira, não podemos fugir ao fato de que a Cinemateca Brasileira tem a melhor estrutura de guarda, de preservação e de restauro. Então ela tem que ser considerada dessa maneira, como um apoio a ações que ocorram em outros estados brasileiros", afirma Dora Mourão.
A CINEMATECA É BRASILEIRA
Mostra de 13 filmes nacionais, a partir desta sexta (25/8), no Cine Santa Tereza, Rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza. As sessões irão até quinta (31/8). Entrada franca. Programação completa no site do cinema; retirada de ingressos via Sympla.