Sigourney Weaver � av� durona e misteriosa em s�rie australiana

O t�tulo � meio pomposo, “As flores perdidas de Alice Hart”, e qualquer desavisado (como eu) que come�ar a assistir � miniss�rie australiana no Prime Video logo vai sacar que se trata de uma adapta��o liter�ria. O tratamento da s�rie est� fora do padr�o do streaming e a hist�ria – e seu encadeamento, cheio de flashbacks e nenhuma pressa – vai sendo entregue aos poucos.

� uma adapta��o do romance hom�nimo de estreia da australiana Holly Ringland, bestseller j� publicado em 30 pa�ses, mas in�dito no Brasil. Trata de viol�ncia dom�stica de uma maneira absolutamente incomum. S�o as flores que dizem tudo. A produ��o chegou por partes � plataforma, com epis�dios semanais sempre �s quintas. O �ltimo ser� lan�ado na pr�xima semana (31/8).

Suscita interesse tamb�m, j� que o elenco australiano � desconhecido (pelo menos para n�s, brasileiros), a participa��o de Sigourney Weaver. A atriz norte-americana, aqui o mais distante poss�vel de Ripley, da franquia “Alien”, n�o � s� a coprotagonista (ou antagonista, dependendo do ponto de vista), como produtora da s�rie. Est� �tima, por sinal. 

 

Logo no in�cio da trama, conhecemos a personagem-t�tulo. Alice (Alyla Browne) tem 9 anos e sonha em colocar fogo em seu pai, Clem (Charlie Vickers). Com isto, vai conseguir libertar a si mesma e a m�e, Agnes (Tilda Cobham-Hervey). Ambas exibem marcas dos abusos de Clem, que, volta e meia, tem l� seus momentos de candura. Agnes est� gr�vida do segundo filho.

 

S� que o que a menina Alice apenas imaginava acaba acontecendo. Ela consegue colocar fogo na casa, matando os pais no inc�ndio. Traumatizada e sem conseguir falar, � colocada sob os cuidados da av�, June (Weaver). Ela nunca tinha ouvido falar daquela mulher decidida e dura, e vai viver com ela em uma fazenda remota. 

E o que acontece l�? June administra uma grande planta��o de flores silvestres. Todas as pessoas que trabalham l� s�o mulheres, que se refugiaram no local depois de sofrerem viol�ncia de seus maridos e namorados. S�o chamadas de Flores, e vivem meio escondidas de seus algozes. 

June tem uma companheira, Twig (Leah Purcell), que chegou ali depois que lhe foram tomados os filhos, e tamb�m cria uma jovem, Candy Blue (Frankie Adams), acolhida ainda beb�. A vov� � forte e tem boas inten��es, mas n�o tardamos a perceber que ela guarda muitos segredos, a come�ar pelo filho Clem, com quem n�o se relacionava mais, e a nora, Agnes.

 

Alice se instala na fazenda, recupera a voz e descobre o poder curativo das flores. Vive o fim da inf�ncia e a adolesc�ncia protegida do mundo exterior. Os tr�s primeiros epis�dios concentram-se na inf�ncia da personagem e no passado daqueles que a cercam. � no quarto, 14 anos mais tarde, que a s�rie d� um salto temporal e ganha um ritmo mais �gil – sim, � preciso alguma paci�ncia para os primeiros epis�dios.

Da� a vemos revoltada com a av� e descobrimos que Alice tem mais do que raz�o de fugir dali. Em seus 20 e poucos anos, a personagem � interpretada por Alycia Debnam-Carey. Bonita, se sentindo livre pela primeira vez e tentando viver sem amarras, ela se refugia em Agnes Bluff, uma cidadezinha no meio do deserto com um parque nacional fant�stico – escolheu o lugar por causa do nome da m�e, � claro.

Pois � ali que ela se instala e consegue dois primeiros: emprego e namorado. O para�so logo desaparece, pois a nova vida tamb�m desencadeia uma s�rie de quest�es: h� realmente como ultrapassar os traumas do passado? H� muitas reviravoltas na trama, que � cuidadosamente filmada, com cen�rios de tirar o f�lego. 

Ainda que force em alguns momentos – as personagens se comunicam melhor por meio de arranjos florais, todo epis�dio traz o significado de algumas das plantas retratadas, recurso que deve funcionar melhor no livro –, “As flores perdidas de Alice Hart” � entregue ao espectador como um buqu� perfeito. Mas se a gente procurar, vai encontrar alguns espinhos.

• S�rie em sete epis�dios. O �ltimo deles estreia na pr�xima quinta-feira (31/8), no Prime Video.