A cantora Marisa Monte

Marisa Monte convida Arnaldo Antunes, no principal show da noite, marcado para come�ar �s 21h20; cortejo do Timbalada abre a programa��o, ao meio-dia

Leo Aversa/Divulga��o

Menor, mas sem perder a pot�ncia. Essa premissa resume a 10ª edi��o do Festival Sarar�, que ocupa a Esplanada do Mineir�o neste s�bado (26/8), com uma maratona de shows, dos mais diversos g�neros, a partir de 12h. Se no ano passado foram mais de 70 atra��es, neste n�o chegam a 30, mas neste rol um tanto encolhido figuram nomes como Marisa Monte e Arnaldo Antunes, Jorge Arag�o, Lagum, Johnny Hooker e Timbalada, entre outros.

Essas atra��es far�o seus shows alternadamente em dois palcos principais. A estrutura para as apresenta��es se completa com o Palco Pared�o, dedicado a artistas do funk, do trap e do rap, e o Clube Sary, onde coletivos de techno e vertentes similares da m�sica eletr�nica p�em a pista para ferver. O 10º Festival Sarar� tem um palco a menos em rela��o � edi��o do ano passado.

Produtora do evento, Bell Magalh�es explica que essa retra��o decorre de aspectos conjunturais. Ele aponta, como um dos principais fatores, o boom de festivais registrado na esteira do arrefecimento da pandemia. Houve, este ano, uma diminui��o da demanda de p�blico – algo que diz respeito a todos os setores da cultura, em compara��o com 2022, conforme observa.
 
“No ano passado, todo mundo queria consumir tudo o que tinha de oferta, e agora acho que isso est� se refletindo no bolso das pessoas. Elas est�o selecionando os grandes eventos. Quem no ano passado foi em 10 festivais, neste est� escolhendo tr�s. Mas fizemos uma 10ª edi��o j� entendendo esse comportamento. Diminu�mos um pouco o tamanho, mas sem perder as qualidades e as experi�ncias que o Sarar� vem oferecendo ao longo desses 10 anos”, afirma.

Ela diz que um olhar atento para as tend�ncias e o desejo de entregar uma programa��o diferenciada orientaram o trabalho da curadoria no que diz respeito � sele��o das atra��es. “V�rios artistas foram presen�a constante nos diversos festivais realizados no ano passado, acabaram virando figurinhas repetidas. Pensamos em uma programa��o que n�o seja mais do mesmo, com as mesmas divas do pop. Acredito que seja uma sele��o bem diversa e representativa.”
 
Jorge Aragão

Jorge Arag�o leva o samba para o Palco Amstel, �s 17h

Marcos Hermes/divulga��o
 

Aposta no samba

Marisa Monte j� estava no radar do Sarar� h� mais tempo, de acordo com Bell. A presen�a de Jorge Arag�o � uma decorr�ncia do sucesso da apresenta��o de Zeca Pagodinho no ano passado. “Estamos apostando de novo no samba”, diz a produtora. Lagum, ela pontua, � uma banda de Belo Horizonte que est� no p�reo do sucesso nacional. J� a Timbalada comparece em um cortejo de abertura ao lado de tr�s blocos do carnaval da cidade: Angola Janga, Ent�o, Brilha! e Juventude Bronzeada.

Duas experi�ncias inauguradas na edi��o do ano passado retornam � baila. Uma delas � o espa�o Energia Sarar�, voltado para o acolhimento e a escuta do p�blico. Nessa �rea, o Festival conta com uma equipe de atendimento especializada em redu��o de danos para receber pessoas em alguma situa��o de estresse, crise de ansiedade ou sob os efeitos do abuso de �lcool ou outras subst�ncias.
 

A outra experi�ncia que se repete � o Palco Pared�o, com as novidades da m�sica produzida nas periferias do pa�s e espa�o para os nomes do funk que emergem da cena local, como MC Rick, WS da Igrejinha e Gord�o do PC. Tamb�m se apresentam por l� MC Cabelinho, que est� na casa dos milh�es de ouvintes mensais no Spotify, e a dupla Tasha & Tracie, entre outros.

“Tivemos uma primeira edi��o desse Palco Pared�o no ano passado e foi um sucesso, n�o tem como tirar mais. Ele representa muito a m�sica preta perif�rica do Brasil, � um lugar para a galera se jogar. Foi necess�rio manter esse palco na configura��o, e acho que agora � para sempre. Ele tamb�m mostra a efervesc�ncia do funk de Belo Horizonte, com uma representa��o importante dos artistas daqui”, diz Bell.
 
Ela explica que a curadoria do festival � feita “a v�rias m�os” e que � sempre um quebra-cabe�a montar a programa��o. “Toda hora a gente pensa se est� faltando alguma coisa, se algum tipo de p�blico n�o est� representado. A gente pensa na diversidade da m�sica brasileira e quer ver isso espelhado no p�blico que comparece”, diz.
 
Rico Dalasam

Rico Dalasam vai mostrar o repert�rio de 'Escuro brilhante' no Sarar�, antes de lan�ar o �lbum

Instagram/reprodu��o
 

Diversidade e queer rap

Atra��o que abre um dos palcos principais, ap�s o cortejo e o show da Timbalada, o paulista Rico Dalasam, que despontou em meados da d�cada passada com o chamado queer rap, chega trazendo novidades. Sua apresenta��o � centrada no repert�rio de “Escuro brilhante”, seu novo �lbum, que est� no prelo. Ele come�ou a circular com o show que promove o novo trabalho em junho e � a bordo dele que aterrissa no Festival Sarar�.

“� uma pr�tica que adotei tamb�m para os trabalhos anteriores, de levar o repert�rio para o palco antes do lan�amento do disco, porque a recep��o do p�blico me orienta no sentido de poder voltar, mexer, mudar alguma coisa. � um laborat�rio a c�u aberto, onde voc� entende as frequ�ncias, entende que uma faixa pode ser mais ensolarada, outra pode ser mais soturna, at� que voc� chega na hist�ria que quer contar”, explica.

Ele adianta, a prop�sito, que o p�blico pode esperar por uma apresenta��o mais ensolarada, o que se relaciona tanto com o hor�rio que vai se apresentar, no in�cio da tarde, quanto com o fato de “Escuro brilhante” ser mais voltado para o universo das can��es. “Tem uma perspectiva diurna, com uma sauda��o ao sol, �s coisas que s�o do dia, ent�o acho que o show tem que ser mais refrescante do que grave”, ressalta.

Rico ter� como convidado Kaike, jovem talento local que, ao longo dos �ltimos anos, vem reverberando em �mbito nacional. Por conta dessa participa��o e tamb�m pelo fato de o formato de festival exigir um tempo de apresenta��o mais curto � que o foco recai sobre o novo trabalho, conforme aponta. “Quero que o Kaike fa�a as m�sicas dele � vontade tamb�m, sem press�o”, diz, acrescentando que gosta muito do trabalho do artista mineiro.

“Gravamos juntos no ano passado. Temos muitas conex�es. De algum modo, ele me tem num lugar referencial para v�rias coisas. Ele me pediu o instrumental de 'Braile' para apresentar nos shows dele. Achei muito legal. Tenho acompanhado a carreira do Kaike, que � talentoso, muito bonito, muito jovem e j� com identidade de voz e de estilo”, elogia.
 
Johnny Hooker

Johnny Hooker vai homenagear Mar�lia Mendon�a

Carlos Sales/divulga��o
 

Sofr�ncia em alta

Quem tamb�m chega com novidades � Johnny Hooker, que se apresenta no meio da tarde. Ele traz para o festival a turn� intitulada “Clube da sofr�ncia”, concebida como forma de prestar homenagem a Mar�lia Mendon�a (1995-2021), e que estreou entre maio e junho deste ano. O artista pernambucano diz que o show acabou tomando uma dimens�o maior e tem sido muito bem recebido em sua ainda incipiente circula��o.

“Esse show nasce como um tributo a Mar�lia Mendon�a, mas, numa esfera macro, ele � tamb�m uma grande homenagem � sofr�ncia, � m�sica de dor de cotovelo, ent�o entram coisas do repert�rio dela, mas tamb�m de Alcione, Chit�ozinho e Xoror�, Reginaldo Rossi, passando pelas minhas m�sicas. � um grande ritual de chorar a dor de corno, as m�goas, mas para depois renascer”, pontua o artista.

Ele explica que a sele��o musical teve como eixo sua obra autoral que se encaixa no conceito de sofr�ncia. “Fui atr�s de m�sicas que se comunicavam com meu trabalho, que tinham conex�o tem�tica e sonora com o que eu fa�o. S�o m�sicas que, inclusive, me inspiraram. � um roteiro que parte do repert�rio da minha vida, da minha discoteca pessoal.”
 
O artista ressalta que a expectativa � grande em rela��o � apresenta��o no Festival Sarar�. “Eu amo festival, � uma energia sempre muito bacana, com pessoas �vidas por se divertir, soltar a franga, deixar tudo no ch�o. O brasileiro � um povo de carnaval, ent�o tem essa coisa no DNA que explode em eventos do tipo. Felizmente teve essa leva de festivais no p�s-pandemia, com muita coisa acontecendo, e ali eu estou muito no meu ambiente, talvez mais do que em teatro”, aponta.
 
Fat Family

Fat Family lan�a turn� nacional e comemora seus 25 anos de estrada

Sarar�/divulga��o
 

Retorno � cena

Se Rico Dalasam e Johnny Hooker chegam com trabalhos novinhos em folha, tamb�m h�, na programa��o, quem aposte numa apresenta��o retrospectiva. � o caso da Fat Family, que ap�s um hiato na carreira e a morte de uma das integrantes – Deise Cipriano, vitimada por um c�ncer em 2019 –, est� em um momento de retomada das atividades, agora como um trio, formado pelas irm�s Suzete, K�tia e Simone Cipriano.
 
O que o Fat Family traz para o Festival Sarar� � o show de estreia de uma turn� nacional, que tanto marca o retorno � cena quanto celebra 25 anos de trajet�ria. “� um desafio, porque a gente sempre subiu ao palco com muitas vozes. Depois de passar por perdas, encarar o luto, retomar agora com esse formato de tr�s vozes � uma experi�ncia completamente diferente”, destaca Suzete.

Suzana assente que a turn� � uma mirada para o passado, antes de seguir rumo ao futuro. Ela diz que todas as m�sicas do grupo que fizeram sucesso, como “Fim de tarde”, “Jeito sexy” e “Eu n�o vou”, est�o inclu�das no repert�rio. “Basicamente, estamos revivendo tudo o que se passou nas nossas vidas ao longo de 25 anos de carreira. � uma honra fazer parte dessa hist�ria. Estou muito empolgada com essa turn� que estamos iniciando em Belo Horizonte. A cada m�sica, a gente se lembra de muitas coisas, ent�o � emocionante”, ressalta.

O show do grupo vai contar com a participa��o especial de Tali, filha de Deise, que est� seguindo os passos da fam�lia na seara da m�sica. Para Suzete, ela chega quase como uma atra��o � parte. “A gente tem esse amuleto, esse legado da hist�ria da Deise. Tali tem o trabalho dela, solo, e est� ganhando cada vez mais proje��o. Tudo o que aprendeu com a m�e leva agora para o palco. � uma menina muito guerreira, a dona da cena. Est� todo mundo comentando que o momento dela � agora”, diz.

PROGRAMA��O

12h – Cortejo Timbalada (pista)

• Palco Jameson

12h30 – Timbalada
14h15 – Julia Mestre canta Rita Lee
16h05 – Fat Family  
18h05 – Rubel convida MC Carol 
20h15 – Lagum

• Palco Amstel

13h10 – Rico Dalasam convida Kaike 
15h10 – Johnny Hooker canta Mar�lia Mendon�a
17h – Jorge Arag�o 
19h10 – Urias convida Ebony e Paige
21h20 – Marisa Monte convida Arnaldo Antunes

• Palco Pared�o 

12h – Crias da M�sica
12h45 – Caio Luccas
13h45 – Brisa Flow
14h45 – Gord�o do PC 
15h45 – Slipmami 
16h45 – Leall
17h45 – MC Cabelinho
19h – MC Rick
20h – Tasha & Tracie
21h15 – WS da Igrejinha

• Clube Sary

12h – Love Paranoia
14h – Baile da Bota
16h – Baile Room 
18h – 101�
20h – Mientras Dura

FESTIVAL SARAR�

• Neste s�bado (26/8), a partir de 12h, na Esplanada do Mineir�o, com entrada para pista pela avenida Coronel Oscar Paschoal, na esquina com Avenida Rei Pel�, e entrada para a �rea open bar pela avenida Rei Pel� pr�ximo � Avenida Abrah�o Caram.
• Ingressos para pista a R$ 260 (inteira), R$ 130 (meia) e R$ 140 (meia-entrada social), e para a �rea open bar a R$ 410 (pre�o �nico).