A atriz Helen Mirren em cena de Golda

A atriz brit�nica Helen Mirren interpreta Golda Meir (1898-1978), nascida na Ucr�nia, no longa-metragem do diretor israelense Guy Nattiv, em cartaz nos cinemas

Diamond Films/Divulga��o

Quando se trata da cinebiografia de uma grande personalidade hist�rica, a escolha do elenco � determinante para o sucesso ou o fracasso do filme.

Uma estrela facilita o filme comercialmente, mas pode lhe tirar uma qualidade essencial, a originalidade. Uma figura desconhecida, vinda do teatro ou mesmo sem experi�ncia profissional, pode dificultar apoios financeiros, embora a liberdade por vezes compense.

Se optarem pela estrela, h� ainda que se escolher entre maqui�-la o bastante para a tornar parecida com a personalidade ou deixar que o rosto dessa estrela fique facilmente reconhec�vel pelo p�blico, como Tony Ramos em "Get�lio", por exemplo.



Em "Golda - A mulher de uma na��o", longa anglo-americano que mostra as decis a guerra do Yom Kippur�es de Golda Meir, a antiga primeira-ministra de Israel, entre 1969 e 1974, durante, em outubro de 1973, escolheram Helen Mirren para interpret�-la.

A atriz brit�nica revelada nos anos 1960 j� viveu ningu�m menos que a rainha Elizabeth 2ª, em "A rainha", de Stephen Frears. Um filme que, por sinal, tamb�m prefere a op��o de deixar a estrela ser reconhecida.

Mas o p�blico dificilmente reconhece Helen Mirren por tr�s da comandante israelense. Optou-se por deixar a atriz com a cara e os trejeitos da verdadeira Golda Meir, no per�odo em que iniciou um tratamento contra o c�ncer que causaria sua morte cinco anos depois.

Em outubro de 1973, durante as comemora��es do Yom Kippur em Israel, Egito e S�ria ocuparam, respectivamente, o Sinai e as Colinas de Gol�, na tentativa de recuperar terras que perderam na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Israel contra-atacou, resultando numa das guerras mais marcantes de sua hist�ria.

Reuni�es

O filme, contudo, n�o se encaixa bem na prateleira de guerra. Acompanhamos as reuni�es dos militares e ministros com Golda Meir, as estrat�gias que eram apresentadas e as escolhas da comandante.

As batalhas ficam totalmente fora de quadro. Delas ouvimos geralmente os relatos dos soldados no front, os barulhos de bombas e tiros e as imagens vistas dos radares na sala de controle. Mais do que falar da guerra, o filme fala do efeito da guerra em Golda Meir.

Debilitada pelo c�ncer e pela idade, ela se mostra, ainda assim, uma mulher extremamente forte, com pulso para comandar uma na��o, intelig�ncia e sensibilidade mesmo na hora de escolher a estrat�gia mais arriscada para a guerra.

O diretor do filme � Guy Nattiv, israelense que deixa entrever sua vis�o cr�tica ao Estado de Israel e � posi��o pol�tica atual. No entanto, Nattiv est� mais interessado na figura da primeira-ministra, em entend�-la enquanto ser humano, n�o apenas como l�der.

Helen Mirren, mesmo quase irreconhec�vel, ajuda a nos mostrar quem foi Golda Meir em seus �ltimos anos de vida, de quem ela gostava e com quem partilhava seus medos e d�vidas.

O ped�gio do cinema contempor�neo � duplamente computado quando o ministro da Defesa israelense, Moshe Dayan, vomita dentro do helic�ptero ao ver suas tropas sendo massacradas por eg�pcios e s�rios. � mais tarde seguido pelo v�mito de Golda, este, sim, compreens�vel por ela enfrentar um c�ncer.

De todo modo, parece que todo filme atual precisa ter cena de v�mito para ganhar o seu selo de contemporaneidade. � uma das pragas de nossos dias, e come�ou ainda antes do abjeto "Tri�ngulo da tristeza", de 2022.

Apesar disso, h� uma habilidade narrativa em "Golda", e a condu��o precisa do elenco se encarrega de fazer com que n�o tiremos os olhos da tela. Nisso o longa lembra um telefilme brilhante de Roger Donaldson, "Treze dias que abalaram o mundo". Nos dois casos, acompanhamos decis�es de pol�ticos diante da guerra, ou da possibilidade de guerra.

O longa de Donaldson � claramente melhor, uma li��o de como se fazer um filme centrado em di�logos e decis�es. Mas este "Golda" tem seus acertos e n�o � para ser desprezado. 

Carreira brilhante

Golda Meir foi a primeira e �nica mulher a chefiar o Estado de Israel. Em 1969, quando j� tinha 70 anos, ela assumiu o cargo de primeira-ministra.Nascida em Kiev, na Ucr�nia, Meir estudou nos Estados Unidos. Em 1932, ingressou na pol�tica pela Confedera��o Geral do Trabalho. Com os brit�nicos, negociou a divis�o de territ�rio da Palestina. Durante a 2ª Guerra Mundial, chefiou o departamento pol�tico da Ag�ncia Judaica e a Organiza��o Sionista Mundial. Em 1948, Meir havia sido uma das duas mulheres signat�rias da decis�o pela cria��o de Israel. Na �poca, foi nomeada embaixadora na Uni�o Sovi�tica.No per�odo entre 1949 e 1956, exerceu o cargo de ministra do Trabalho e Seguran�a Social e, depois, de ministra dos Neg�cios Estrangeiros. Not�ria pela intelig�ncia pol�tica e o car�ter intransigente, ela se tornou conhecida como a Dama de Ferro de Israel, tendo comandado as estrat�gias durante a Guerra do Yom Kippur, agora tematizada nos cinemas. (Folhapress)

"GOLDA - A MULHER DE UMA NA��O"
(Reino Unido, EUA, 2023, 100 min.) Dire��o: Guy Nattiv. Com Helen Mirren, Zed Josef e Claudette Williams. Em cartaz no UNA Cine Belas Artes e em complexos das redes Cinemark (P�tio Savassi e Diamond Mall) e Cineart (Boulevard, Ponteio, Del Rey e Cidade).