Ariel Moura � cantora desde 2015, participou do 'The voice' e est� feliz em mostrar a m�sica do Amap� ao Brasil
'Ficar em primeiro lugar neste festival t�o importante tem a ver, sobretudo, com a quest�o de representatividade amaz�nica'
Ariel Moura, cantora
Em sua 53ª edi��o, o Festival Nacional da Can��o (Fenac), cuja final foi realizada na noite de s�bado (9/9), evidenciou seu alcance e seu car�ter plural. O trof�u Lamartine Babo e a premia��o de R$ 20 mil para o primeiro colocado foram para a cidade de Santana, no Amap�. A m�sica vencedora foi “Geandra”, de Enrico di Miceli e Jo�ozinho Gomes, defendida por Ariel Moura, cantora de 27 anos que iniciou sua carreira em 2015.
Ariel Moura define como “surreal” a vit�ria no 53º Fenac. “Ainda estou vivendo este momento, que � t�o gostoso. Ganhar o Fenac sempre foi um sonho”, diz a artista, que, no ano passado, participou do evento com a mesma can��o que lhe deu o t�tulo este ano. “N�o era o momento dela ainda. Inscrevi de novo nesta 53ª edi��o e vencemos. Com essa vit�ria, a gente traz um pouco da hist�ria da m�sica do Amap�. � mais um Brasil que est� sendo visto, porque s�o muitos Brasis dentro da Amaz�nia”, diz Ariel.
Musa bailarina
A personagem que d� t�tulo � m�sica campe� existe: trata-se de uma bailarina cl�ssica e porta-bandeira de escola de samba do Amap�. “A hist�ria dela � muito bonita e inspiradora. Geandra, com seu encanto e sua delicadeza, representa todas as bailarinas. � a musa inspiradora desta can��o, minha amiga, que est� sendo vista, com sua hist�ria cantada para pessoas de diversos lugares do Brasil. � gigante isso, acho fant�stico.”
Ariel gravou “Geandra” em 2021 e, no mesmo ano, participou de um festival em Fortaleza, do qual tamb�m saiu vencedora. A cantora destaca que a musa � querida e respeitada na regi�o Norte, vencedora de v�rios concursos de bal�.
“O mais legal � que agora, com essa m�sica, nossas hist�rias, a minha e a dela, se conectam ainda mais. Ficar em primeiro lugar neste festival t�o importante tem a ver, sobretudo, com a quest�o de representatividade amaz�nica”, ressalta.
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Ariel come�ou a carreira cantando em bares em Santana (AP), acompanhando seu professor de piano, Tom Campos, que tamb�m � guitarrista. Filha de m�sico e professora de arte, ela passou a ganhar dinheiro com os shows, o que a estimulou a seguir adiante. A grande virada veio em 2016, quando participou do programa “The voice”, da TV Globo. “A partir dali, me profissionalizei de fato.”
Em 2017, Ariel lan�ou o primeiro single, “Tenho voc� que me tem”, de Enrico di Miceli e Jorginho Andrade. Em 2020, veio o segundo single, “Mist�rios da lua”, do compositor Z� Miguel. Em setembro do ano passado, Ariel lan�ou seu primeiro �lbum, o EP “Mundiar”, com releituras de sucessos da m�sica amapaense.
Ela se mudou para S�o Paulo recentemente. Atualmente, sua vida se divide entre a cidade natal e a capital paulista, com incurs�es por todo o Brasil, participando de festivais.
“Nada poderia me deixar mais feliz do que estar nesta final com uma can��o do Amap�, feita por compositores do Amap�, falando de uma artista de l�. Estou vibrando em poder levar essa vit�ria para a minha terra. Boa Esperan�a � uma cidade que est� para sempre no mapa do meu cora��o”, diz.
Murilo Antunes destaca consenso
O compositor Murilo Antunes, que integrou o j�ri na primeira fase classificat�ria, em Tiradentes, e nas etapas semifinal e final, a vit�ria de “Geandra” foi justa porque un�nime. “Nunca tinha ouvido falar da Ariel, mas ela tem um trabalho muito bom, e essa m�sica pegou todo mundo. Houve uma converg�ncia do gosto popular com o que o j�ri deliberou, chegamos a um senso comum junto com o p�blico”, diz.
Chamando a aten��o para o fato de que esta foi a maior e mais bem organizada edi��o do Fenac, Murilo afirma que a import�ncia da iniciativa reside, sobretudo, no fato de n�o estar condicionada ao mercado. Quem se inscreve e quem se apresenta s�o, no seu entendimento, artistas aut�nticos, que n�o se encaixam em modelos preestabelecidos.
“O mercado vive de artistas constru�dos por empresas, por produtores. O agroneg�cio, por exemplo, � um financiador desse modelo. �s vezes pega uma pessoa sem talento nenhum e vai investindo, paga jab�, compra espa�os de veicula��o, determina o visual padr�o, quer dizer, � uma concorr�ncia desleal. At� algum tempo atr�s, os grandes artistas surgiam espontaneamente. A popula��o escolhia de quem gostava, quem iria para a frente, sem ser um neg�cio imposto de cima para baixo”, destaca.
O cantor e compositor Wilson Sideral, padrinho do Fenac, fez o show de encerramento em Boa Esperan�a
Para Murilo Antunes, o Fenac vai na contram�o desse modelo. “Voc� tem ali gente de todo o Brasil, int�rpretes e compositores de todos os g�neros, sempre selecionados por um j�ri que entende do assunto, e isso chega a um p�blico muito expressivo. Participei em Tiradentes e agora, na etapa final. Soube que em todas as outras cidades por onde passou o festival foi um sucesso. Isso � um �timo sinal. O Fenac tem import�ncia grande por promover uma gera��o espont�nea de artistas”, diz.
O compositor lembra que sua pr�pria trajet�ria na m�sica come�ou no Festival Internacional da Can��o de 1972, promovido pela Globo. “Foi o �ltimo da era dos grandes festivais. T�nhamos os da TV Record, depois os da Excelsior e depois os da Globo. Quando concorri como letrista, isso me deu uma exposi��o muito boa, porque o Brasil inteiro assistia. Foi uma edi��o que teve Belchior, Fagner, Alceu Valen�a, Walter Franco, Hermeto Pascoal, Ednardo”, diz.
Criador e diretor do Fenac, Gleizer Naves elogia Ariel Moura. “Tinha muita gente chorando de emo��o, coisa que raramente vi nesses 53 anos de realiza��o do festival. Ela realmente emocionou o p�blico e o j�ri. A rea��o do p�blico foi o que mais me impressionou”, comenta.
A performance da cantora foi t�o arrebatadora, diz Naves, que Wilson Sideral – padrinho desta edi��o do Fenac, integrante do j�ri e respons�vel pelo show de encerramento – a chamou de volta ao palco para cantarem juntos. “Eles fizeram umas cinco m�sicas, tudo combinado na hora, e saiu uma coisa linda. Sideral e Ariel Moura fizeram a alegria da plateia no fechamento do festival”, exalta.
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Gargalo
Afirmando ter sido uma edi��o “hist�rica”, ele considera que o saldo do 53º Fenac � o mais positivo poss�vel. Por�m, nem tudo s�o flores. Naves revela que a quest�o or�ament�ria � o gargalo que impede o evento de se tornar ainda maior. O festival sobrevive principalmente contando com leis de incentivo, mas, mesmo com o projeto aprovado, nem sempre � poss�vel captar o necess�rio.
“Precisamos achar um meio de sensibilizar os empres�rios. Meu sonho � conseguir aumentar substancialmente a premia��o, que j� � alta, porque s�o, ao todo, R$ 215 mil, mas quero poder contemplar mais gente, no Brasil inteiro”, ressalta Gleizer Naves.
VENCEDORES
CATEGORIA PRESENCIAL
1º LUGAR
“Geandra”
De Enrico di Miceli e Jo�ozinho Gomes
Interpreta��o: Ariel Moura
Cidade: Santana (AP)
Premia��o: Trof�u Lamartine Babo e R$ 20 mil
2º LUGAR
“A corrente das mar�s”
De Thiago K. e Gregory Haertel
Interpreta��o: Bruna Moraes
Cidade: S�o Paulo (SP)
Premia��o: trof�u e R$ 15 mil
3º LUGAR
“Terra rara”
De Mariano Nanon
Interpreta��o: Mariano Nanon e Renan Ribeiro
Cidade: Cruz�lia (MG)
Premia��o: trof�u e R$ 10 mil
4º LUGAR
“Sussurro”
De Thamiris Chaves, Victor Emanuel e Thobias Jac�
Interpreta��o: Sulivan Ribeiro e Duo Aduar
Cidade: S�o Jo�o del- Rei (MG)
Premia��o: trof�u e R$ 7 mil
5º LUGAR
“Saga”
De Valeria R. D. Velho
Interpreta��o: Graziela Medori
Cidade: Tiet� (SP)
Premia��o: trof�u e R$ 5 mil
MELHOR INT�RPRETE:
“Meu desperd�cio”
De Edu Capello e Vin�cius Paes
Interpreta��o: Selma Fernandes
Cidade: Itapevi (SP)
Premia��o: trof�u e R$ 5 mil
CATEGORIA ON-LINE
1º LUGAR
“Muiraquit�”
De Gui Silveiras e Val�ria Pisauro
Interpreta��o: Gui Silveiras
Cidade: Campinas/SP
Premia��o: trof�u e R$ 7 mil
2º LUGAR
“Para-tempo”
De John Mueller e Gregory Haertel
Interpreta��o: John Mueller
Cidade: Blumenau/SC
Premia��o: trof�u e R$ 5 mil
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