Da MTV para atr�s das c�meras: Marina Person dirige s�rie 'Jo�o sem Deus'

Os adolescentes dos anos 1990 e 2000 cresceram vendo a sele��o de clipes musicais na MTV Brasil e, com certeza, lembram de Marina Person. Ela ficou de 1995 a 2010 na emissora jovem. Mas, o que talvez nem todo mundo saiba, � que ela deixou de lado a profiss�o apresentadora e decidiu ficar atr�s das c�meras. A ex-VJ � diretora da miniss�rie ‘Jo�o sem Deus - a queda de abadi�nia’, produ��o da Ventre Studio que retrata o sofrimento das v�timas do m�dium Jo�o de Deus.  

Ser diretora de cinema era o plano inicial de Marina, que � formada em Cinema. Por�m, as dificuldades financeiras fizeram com que ela pedisse um emprego para uma amiga, que acabou a indicando para uma vaga na MTV. “Eu fui para a televis�o achando que eu ia ficar durante 1 ou 2 anos at� o cinema reerguer. S� que a vida l� era muito boa, eu fui fazendo coisas que eu amava – sempre fui fan�tica por m�sica tamb�m, al�m de cinema. Nesse meio tempo, eu consegui fazer um curta-metragem de fic��o e um document�rio sobre meu pai e comecei a escrever o roteiro do ‘Calif�rnia’. Mas a dedica��o que voc� tem que ter para fazer um longa-metragem no Brasil, sobretudo sendo mulher, � ineg�vel”,  aponta. Foi ent�o que ela decidiu deixar de vez a parte da frente das c�meras. 

Seu primeiro filme, ‘Calif�rnia’, foi lan�ado em 2015. Fora da MTV desde 2010, Marina conta que continua trazendo a paix�o pela m�sica para suas produ��es. “M�sica para mim foi important�ssima no cinema. Por exemplo, nessa s�rie, para gente montar o ‘Jo�o sem Deus’, eu coloquei David Bowie, Laurie Anderson e Radiohead e mandei para o nosso trilheiro e ele fez um trabalho incr�vel. Eu adoro a trilha dessa s�rie assim, eu acho que ele fez um trabalho realmente assim muito delicado e forte”, descreve. 

Protagonizada por Bianca Comparato e Karine Teles e com Marco Nanini como Jo�o de Deus, a s�rie ‘Jo�o sem Deus - a queda de abadi�nia’ foca na hist�ria de duas irm�s que s�o v�timas de abuso sexual do m�dium. Ao se reconhecerem v�timas da viol�ncia, elas passam pelo processo de denunciar o agressor e at� mesmo questionar a pr�pria f�.

 

Para a constru��o dos epis�dios, Marina utilizou imagens reais de cultos e cirurgias feitas pelo m�dium. O recurso surgiu como uma alternativa para entraves pr�ticos na montagem da s�rie. “A gente n�o tinha condi��es de filmar em Abadi�nia, por v�rias raz�es, incluindo uma quest�o de or�amento. Segundo porque Abadi�nia est� muito diferente do que era em 2018: a cidade virou uma terra arrasada, a maior parte das pousadas e restaurantes fechou. A pr�pria casa de ora��o est� aberta, mas recebe muito menos gente”, aponta.

Surgiu, ent�o, a dificuldade de mostrar para o p�blico a realidade de quem frequentava o lugar. Foi da� que surgiram as imagens documentais, que funcionam como um recurso que deixa as cenas mais din�micas, j� que os epis�dios misturam imagens ficcionais com arquivos reais. Mas tinha um por�m. “A gente teve que trabalhar para proteger a identidade das pessoas, usando truques para apagar os rostos, porque s�o pessoas que foram l� numa �poca em que nada disso tinha acontecido ent�o. Por essa quest�o do respeito com as pessoas, a gente buscou muito isso”, declara.