Cauleen Smith diz que jovens de hoje compreendem melhor o filme 'Drylongso', lan�ado em 1998
FCS/divulga��o
“Drylongso” � uma novidade de 25 anos. Longa de estreia da realizadora californiana Cauleen Smith, foi lan�ado no Festival de Sundance de 1999 e garantiu � diretora o pr�mio Someone to Watch no Independent Spirit Awards. Depois, sumiu do mapa – ou melhor, das salas de cinema, j� que foi lan�ado diretamente em v�deo.
Neste ano, depois de restaurado, est� voltando �s salas, ganhando exibi��es mundo afora. O filme � uma das atra��es do 25º FestCurtasBH, que vai at� o pr�ximo domingo (22/10), no Cine Humberto Mauro. Mas n�o s�.
Cauleen chega esta semana a Belo Horizonte. Em sua primeira vez no Brasil, a artista de 56 anos ter� uma mostra com oito filmes (sete curtas e o supracitado longa) no festival e far� palestra. Al�m disso, j� est� em cartaz no Espa�o Mari’Stella Trist�o a instala��o “Space Station: A rock in a river”.
Finalizado quando Cauleen era aluna de gradua��o de cinema, teatro e televis�o na Universidade da Calif�rnia (Ucla), “Drylongso” traz duas protagonistas – ambas jovens e negras como a realizadora.
Em Oakland, ber�o dos Panteras Negras, muitos homens pretos est�o morrendo. Em rea��o, a estudante de arte Pica (Toby Smith) come�a a fotografar, com uma Polaroid, os homens de sua comunidade. A ideia � que o registro seja a evid�ncia de suas exist�ncias. Nesse meio tempo, Pica inicia amizade com Tobi (April Barnett), que foge de um relacionamento abusivo.
Outro olhar
“Agora o filme tem compreens�o diferente da �poca de seu lan�amento”, afirma Cauleen. “Estou gostando muito de como os jovens est�o se relacionando com ele. Nos anos 1990, o p�blico ficou mais interessado na quest�o dos homens e n�o nas duas garotas, que s�o as protagonistas. Hoje, as pessoas se interessam mais pelas duas mulheres.”
A boa repercuss�o de “Drylongso” levou Cauleen a Hollywood. Foram cinco anos como roteirista, at� que ela deu um basta. "Fiquei muito cansada de escrever hist�rias para os outros e de tentar apresentar minhas hist�rias para pessoas que realmente n�o estavam interessadas nelas. Ent�o decidi trabalhar em uma �rea onde n�o preciso pedir permiss�o: a arte."
Professora do Departamento de Artes da Ucla, ela passou a realizar curtas experimentais sobre afrofuturismo e ativismo comunit�rio. Seus filmes, juntamente com exposi��es multim�dia, foram apresentados em v�rios museus e institui��es dos EUA e da Europa.
A vinda ao Brasil, exclusivamente para o FestCurtasBH, � a primeira apresenta��o de maior porte de seus trabalhos no pa�s. “Uma obra que traz di�logo muito f�rtil com a atual produ��o art�stica e intelectual brasileira negra, em suas afinidades e contrastes”, destaca Ana Siqueira, curadora do festival.
'Drylongso' ser� exibido domingo (22/10), no Cine Humberto Mauro
Cauleen Smith/divulga��o
Katrina em New Orleans
Um dos destaques � “H-E-L-L-O” (2014), que aborda o impacto e as consequ�ncias do furac�o Katrina (2005) sobre a cidade de New Orleans, em especial para a comunidade afro-americana.
“Fui convidada a criar uma obra sobre a tradi��o das prociss�es e bailes de m�scaras em New Orleans. Mas n�o sou de l�, sou da Calif�rnia. Ent�o, senti que n�o estava certo, pois as pessoas de l� fariam um trabalho sobre as prociss�es muito melhor do que eu. Em vez disso, tentei criar um tipo diferente de prociss�o, onde voc� vai de um local para o outro seguindo um som, como um sinal. O filme � ainda a prociss�o, mas uma vers�o cinematogr�fica dela se movendo pelo espa�o”, explica Cauleen.
O som a que ela se refere � o tema musical de “Contatos imediatos do terceiro grau” (1977), de Steven Spielberg.
A artista se diz satisfeita pelo fato de o FestCurtas exibir “Space Station”, que re�ne a instala��o “Two Rebeccas” (2018) e a vers�o em v�deo digital do curta “Sojourner” (2018), premiado pelo FestCurtas em 2019. “Alguns dos meus filmes ficam melhores no ambiente de instala��o do que propriamente em uma sala de cinema”, ela diz.
Em “Sojourner”, a partir da m�sica da multi-instrumentista Alice Coltrane (1937-2007), Cauleen explora ambientes comunit�rios em toda a Calif�rnia, reimaginando o espa�o como utopia feminista radical. O t�tulo � homenagem � abolicionista e ativista pelos direitos das mulheres Sojourner Truth (1797-1883).
FESTCURTAS BH
• INSTALA��O
'Space Station: A rock in a river'. Sala Mari’Stella Trist�o (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Segunda a s�bado, das 9h30 �s 21h; domingo, das 17h �s 21h. At� 29/10.
• FILMES
Quinta (19/10)
21h – Tempo – Uma fala de Cauleen Smith
S�bado (21/10)
17h – Curtas 'Cr�nicas de um esp�rito mentiroso (por Kelly Gabron)', de 1992; 'Terno branco' (1997); 'Space is the place, Uma marcha para Sun Ra' (2011); 'Can��o para a terra e para o povo' (2013); 'H-E-L-L-O' (2014); 'R�quiem do corvo' (2015); '3 can��es sobre liberta��o' (2017)
Domingo (22/10)
17h – Longa 'Drylongso' (1998)
>> Cine Humberto Mauro do Pal�cio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Entrada franca. Sess�es comentadas por Cauleen Smith
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