Bad Bunny surfa em nova onda ao se despedir de clima praiano nas 22 faixas de "Nadie sabe lo que va pasar ma�ana"
Jason Koerner/Getty Images/AFP
Um dos artistas de n�meros mais impressionantes da hist�ria da m�sica recente, o cantor porto-riquenho Bad Bunny lan�ou na �ltima sexta-feira (13/10) o �lbum “Nadie sabe lo que va pasar ma�ana”, o quinto da carreira do m�sico, que coleciona recordes. O novo disco mant�m a pot�ncia de juntar ouvintes de Benito, mas leva sua m�sica a um lugar bem diferente do antecessor, “Un verano sin ti”, de 2022.
Quando anunciado o novo disco, a expectativa era saber se ele seguiria o sucesso do �lbum anterior. “Un verano sin ti” se tornou, em julho deste ano, o disco mais ouvido da hist�ria do Spotify, com mais de 18,5 bilh�es de reprodu��es. No entanto, logo na primeira faixa, “Nadie sabe”, j� foi poss�vel ver que Bad Bunny n�o quer surfar na mesma onda.
“Nadie sabe lo que va pasar ma�ana” come�a com um rap seco, em cima de uma base quase silenciosa, composta basicamente por um piano. O artista se despede do clima praiano e apresenta um trabalho mais denso e sonoramente pesado. O que n�o impede de ser dan�ante, mas, em uma analogia simples, � como se o �lbum de 2022 tivesse tons mais claros e quentes e o de 2023 tra�a cores mais escuras e frias – Bad Bunny apenas apresentou uma m�sica para tocar em outro tipo de pista de dan�a.
Com o passar do (longo) �lbum, 22 faixas, que totalizam mais de 1h20, � poss�vel ver que Bad Bunny abriu m�o de seguir na tend�ncia mundial do reggaeton, muito presente no pop atual, e voltou para as origens entre o trap e o rap chegando a flertar com o drill e o dance. As batidas aceleradas e as rimas rasgadas com mais palavr�es e ritmos mais agressivos ganharam espa�o. Assim como as colabora��es, oito faixas recebem artistas convidados, a maioria pouco conhecido no Brasil – destaque para o acelerado Luar La L, que praticamente sequestra a m�sica em “Telefono nuevo”.
RAP DE BOATE
O disco tem algo que remete ao que fazia sucesso nos anos 2000: um rap de boate. Com o sucesso do hip-hop, era quest�o de tempo para o g�nero migrar para o que � pop. Portanto, assim como o reggaeton de Bad Bunny tem um apelo mais popular, o rap do cantor vai na mesma levada. Algumas vezes at� se misturando com o reggaeton, como na faixa de encerramento, “Un preview”.
Como de costume, Bunny fez um �lbum com grande potencial de estourar nas plataformas de streaming. As m�sicas do artista mesclam a excelente execu��o com uma atra��o que, anos atr�s, seria chamada de radiof�nica. Can��es como “Hibiki”, “Cybertruck”, “Baby nueva”, “Fina” e “Los pits” se juntam ao excelente single “Where she goes” como os poss�veis pr�ximos sucessos do rapper.
A verdade � que Bad Bunny j� est� no topo. O m�sico superou obst�culos e quebrou barreiras para se tornar o nome mais quente da m�sica internacional, sem que haja a necessidade de se discutir o fato de que todas as suas m�sicas s�o em espanhol. O planeta est� diante de uma nova era em que a l�ngua espanhola disputa o topo das paradas com o ingl�s e, o que poderia ser estranho no passado, o coreano. Benito � apenas uma lideran�a desta nova era, mas, conforme mostra a qualidade do novo trabalho, n�o pretende sair do posto t�o cedo.
COLECIONADOR DE RECORDES
O alcance que Bad Bunny tomou no streaming j� � estarrecedor: acumula mais de 78 milh�es de ouvintes mensais no Spotify, det�m o recorde do �lbum mais ouvido da hist�ria no streaming de m�sica e quase 47 milh�es de inscritos no YouTube. Agora, o cantor conquistou outro recorde com o lan�amento, uma vez que o �lbum se tornou a maior estreia do ano tamb�m no Spotify e a quarta maior da hist�ria da plataforma (para fins de exemplo, todas as m�sicas do �lbum constam, at� o momento, no top 50 global).
Um fato intrigante, por�m, � a dificuldade de entrada da m�sica de Bad Bunny no Brasil. Enquanto todos os pa�ses da Am�rica Latina e os Estados Unidos t�m diversas m�sicas do artista em topos, no Brasil ele n�o conseguiu emplacar nenhuma. A dificuldade do p�blico brasileiro em consumir m�sicas em espanhol pode responder a d�vida. Dessa maneira, o m�sico tem mais um desafio para se provar ainda mais internacional: conquistar o apaixonado p�blico brasileiro. n
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