Acompanhado do pianista Ricardo Matosinho, o barítono Pedro Vianna canta 'O Sole Mio', clássico composto por Giovanni Capurro que ficou conhecido na voz de Luciano Pavarotti

Acompanhado do pianista Ricardo Matosinho, o bar�tono Pedro Vianna canta "O Sole Mio", cl�ssico composto por Giovanni Capurro que ficou conhecido na voz de Luciano Pavarotti

Jair Amaral/EM/DA. Press
A tradicional sobriedade dos pianos — geralmente confeccionados em tons mais escuros — d� lugar �s cores no projeto intitulado “Toque-me, Sou Teu”. Cinco desses instrumentos musicais foram colocados neste domingo (22/10) na Rodovi�ria de Belo Horizonte, nas esta��es do metr� em S�o Gabriel e Eldorado, na Pra�a da Liberdade e no Mirante do Museu da Pampulha. Um sexto piano, que est� de forma fixa no Hospital Luxemburgo, tamb�m integra a a��o. 
 
Estilizados por seis artistas pl�sticos radicados em Belo Horizonte, os pianos tornaram-se coloridos para cativar n�o somente pelo som, mas pelos olhares de quem passa. O lan�amento do projeto aconteceu na noite da �ltima quinta-feira (19/10) no Mercado Novo. Neste domingo, os instrumentos sa�ram de l� e chegaram aos outros pontos de BH. 
 
A a��o chega � capital por iniciativa do Espa�o de Cultura e Arte (ECA) — uma organiza��o da sociedade civil mantida com ajuda de parceiros — e, agora, os pianos ficam � disposi��o do p�blico at� 12 de novembro. Os recursos necess�rios para colocar “Toque-me, Sou Teu” nas ruas foram viabilizados por meio da Lei Estadual de Incentivo � Cultura (LEIC).
Vice-presidente do ECA e pianista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ricardo Matosinho, de 38 anos, conta que em 2011 ele viu um piano colorido em um aeroporto em uma de suas viagens internacionais. Ao pesquisar sobre aquilo, ele descobriu o projeto “Play me, I’m Yours”, que foi criado por Luke Jerram. Dedicado � cria��o de esculturas, instala��es e obras de arte ao vivo, o artista do Reino Unido e a sua equipe colocaram mais de dois mil pianos em 70 cidades em todo o mundo, como Nova York, Xangai e M�xico. 
 
“Desde que vi o piano no aeroporto, eu fiquei com aquilo na cabe�a. No instrumento musical tinham informa��es sobre a a��o, o que possibilitou pesquisar a respeito. Em 2016, n�s do ECA [fundado em 2014] come�amos as tratativas com a produtora do Luke para trazer o ‘Play me, I’m Yours’ para Belo Horizonte”, explica Ricardo em entrevista ao Estado de Minas.
 
No entanto, � �poca, o ECA n�o conseguiu patroc�nio. “Em 2023, voltamos a procurar a equipe do artista ap�s o nosso projeto ser aprovado pela Lei Estadual de Incentivo � Cultura e a gente conseguir um patrocinador”, completa o pianista, que d� o tom da import�ncia da a��o. “� mais do que levar m�sica, mas apresentar um instrumento e, quem sabe, despertar um interesse. Neste domingo, na Pra�a da Liberdade, v�rios pianistas, entre profissionais e amadores, estavam tocando. Depois que eles sa�ram, muitos curiosos sentaram e tentaram tocar algo”, completa. 

“A curiosidade desperta novos artistas”

Professor de canto coral no Col�gio Militar de BH e solista em produ��es nos principais teatros de �pera do Brasil, Pedro Vianna, de 33 anos, � um dos que prestigiaram o projeto na Pra�a da Liberdade na tarde deste domingo. Acompanhado do vice-presidente do ECA ao piano, ele cantou “O Sole Mio”, cl�ssico composto por Giovanni Capurro e que ficou conhecido na voz de Luciano Pavarotti. 
 
Para Vianna, o projeto aproxima a arte do grande p�blico. “Muitas pessoas nunca tiveram a oportunidade de estar perto de um piano, de tocar em suas teclas, de poder sentir a vibra��o das notas sendo executadas pelo seu pr�prio toque. Isso desperta emo��es. Quantos artistas nascem com essas experi�ncias?”, reflete. “A arte como um todo, quando exposta em pra�as ou qualquer lugar de grande movimenta��o, desperta a curiosidade. E � justamente a curiosidade que vai despertar novos artistas”, completa. 
 
Vianna, que recentemente cantou La Traviata no Teatro de Santa Isabel, em Recife, aponta para o desafio de se viver da arte no Brasil, mas, por outro lado, avalia que h� recompensas que v�o al�m do financeiro. “N�o � qualquer profiss�o que, ao fim de seu of�cio, voc� recebe aplausos. Ao contr�rio do que muitos pensam, o artista n�o depende de seu dom, mas sim da s�ntese de estudos que o mesmo executa por toda a sua vida art�stica. Por esse motivo, a arte nos traz conhecimentos, nos enriquece culturalmente e nos eleva socialmente”, finaliza. 

Das ruas para organiza��es e institui��es de BH

Os pianos que integram o projeto em Belo Horizonte foram transformados em obras de arte pelos artistas visuais Raquel Bolinho, Rog�rio Fernandes, Marcus Paschoalin, Davi DMS, Vinicius e Bernardo Sek, todos moradores da capital. O ato final do projeto compreende as doa��es dos instrumentos musicais estilizados para as seguintes organiza��es ou institui��es: Associa��o Querubins, Casa Sr. Tito, Casa de Apoio Beatriz Ferraz, Espa�o de Cultura e Arte (ECA), Instituto Mano Down e Instituto M�rio Penna.