médico infectologista e escritor carlos starling

Carlos Starling diz que foi trabalhoso escrever no per�odo em que conviveu diariamente com dramas humanos impostos pela COVID

Mariana Tavares/Divulga��o

O infectologista Carlos Starling j� escrevia h� alguns anos, poesia principalmente, quando, em novembro de 2019, come�ou a publicar no Estado de Minas cr�nicas sobre sa�de. Os primeiros textos semanais versaram sobre infec��o hospitalar, sepse e assuntos afins. Mal sabia que poucos meses depois seria engolido – n�o s� ele, como todo o planeta – por um �nico tema.

"O tempo sem tempo – 53 cr�nicas da pandemia" (Aut�ntica), que Starling lan�a nesta quarta (25/10), no teatro da Biblioteca P�blica Estadual de Minas Gerais, no projeto Sempre um Papo, compila sua produ��o no jornal nos �ltimos tr�s anos – mar�o de 2020 a maio de 2023. O volume traz textos de apresenta��o da m�dica, pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcomo e da historiadora Lilia Schwarcz.

A crise sanit�ria �, obviamente, o pano de fundo. Mas os textos, selecionados pelo jornalista Chico Mendon�a (e publicados em ordem cronol�gica), s�o perenes. O v�rus � um fantasma onipresente, mas Starling (que, n�o podemos nos esquecer, integrou o Comit� de Enfrentamento da COVID-19 da PBH), consegue dar leveza � trag�dia que acometeu a popula��o mundial.

Em "Velhos", � nost�lgico ao falar da av� Lala e da tia Mariquinha, suas refer�ncias pessoais para tratar de pessoas longevas, em especial Dona F�, que, aos 103 anos em agosto de 2020, se preocupava com a insanidade dos governantes. Bem-humorado em "F�lego", descreve postagens de um grupo de WhatsApp criado por profissionais da sa�de para desopilar um pouco em meio aos caos da pandemia.

Homenageia algumas pessoas, v�timas direta ou indiretamente do v�rus. "Braz" refere-se ao antigo barbeiro da Faculdade de Medicina, um "s�cio" no boteco do Diret�rio Acad�mico que Starling manteve com colegas quando estudante. Uma das preferidas do autor, "Y�-Y�" � dedicada � irm� mais velha.

“Canalhas" e crian�as

Mas h� tamb�m cr�nicas menos pessoais: "Canalhas" trata do desgoverno nos primeiros meses da crise de sa�de; "Vexame" das loucuras que surgiram nas redes sociais no per�odo. �nico dos textos que n�o traz uma �nica palavra no t�tulo, "Caix�es brancos, l�grimas e chinelos abandonados pela rua" trata da morte de crian�as.

"No per�odo (da pandemia), em que convivemos com o drama humano no dia a dia, e com todos os riscos que corremos em hospitais, a sensibilidade ficou � flor da pele. Foi trabalhoso, complexo, mas tentei fazer cr�nicas po�ticas", afirma Starling, que n�o vai ficar somente neste t�tulo. J� tem outra reuni�o de cr�nicas para lan�ar, e um romance, o seu primeiro, que vem trabalhando atualmente.  

“O TEMPO SEM TEMPO”
• De Carlos Starling
• Editora Aut�ntica (192 p�gs.)
• R$ 59,80 (livro) e R$ 41,90 (e-book)
• Lan�amento nesta quarta (25/10), no projeto Sempre um Papo, �s 19h, no teatro da Biblioteca P�blica Estadual de Minas Gerais (Pra�a da Liberdade, 21, Savassi).