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Estado de Minas novidades na cozinha

E-book gratuito re�ne mem�rias e receitas de quitandeiras de Bonfim (MG)

A ideia surgiu da vontade da confeiteira Lorena Braga de preservar a tradi��o das mulheres da sua fam�lia, que a vida toda fizeram quitandas


25/07/2021 04:00 - atualizado 26/07/2021 09:52

O pãozinho recheado com queijo não falta na casa da avó, dona Geralda(foto: Lorena Braga/Divulgação)
O p�ozinho recheado com queijo n�o falta na casa da av�, dona Geralda (foto: Lorena Braga/Divulga��o)

Quitanda para Lorena Braga tem sabor de aconchego. Nas f�rias, quando ia visitar a av� e as tias em Bonfim, no interior de Minas, a confeiteira era recebida com uma mesa bolos, biscoitos, p�es, doces preparados no fog�o a lenha. A curiosidade de aprender a fazer as receitas evoluiu para o sonho de documentar hist�rias e saberes da fam�lia. No e-book “Receitas e mem�rias – Quitandas de Bonfim (MG)”, dispon�vel para download gratuito, ela apresenta 10 receitas que marcaram sua inf�ncia.
 
Formada em teatro, Lorena se inscreveu no curso de gastronomia interessada em aprender sobre doces. Logo ela percebeu que, apesar de muito rica em ingredientes e hist�ria, a confeitaria brasileira n�o est� devidamente registrada. “Muito da nossa confeitaria n�o est� documentado, principalmente em rela��o �s quitandeiras. Um of�cio que envolve tanto saber, tanta ci�ncia, mas que n�o � valorizado.”
 
A rosca é a receita mais conhecida da tia Lourdinha(foto: Lorena Braga/Divulgação)
A rosca � a receita mais conhecida da tia Lourdinha (foto: Lorena Braga/Divulga��o)
 
De imediato, ela se lembrou de cenas da inf�ncia em Bonfim, cidade da fam�lia da sua m�e. Desde pequena, Lorena gosta de fazer e comer quitandas e doces. Na casa da av� e das tias, ficava grudada no fog�o a lenha querendo aprender as receitas. “Cresci em BH, mas passava as f�rias no interior. N�o sei se por ser mulher, mas sempre fui muito pr�xima da cozinha e gostava de participar de tudo”, conta.
 
Era antiga a vontade de Lorena de documentar o of�cio das mulheres da fam�lia, que corre o s�rio risco de desaparecer. Ela � a �nica neta que tenta manter a tradi��o da av�, dona Geralda, e das tias Maria de Lourdes, a Lourdinha, e Ana. Em casa, faz p�o de queijo, broa de fub� com queijo, biscoito de polvilho frito e outras receitas que aprendeu com elas.
 
“Esse conhecimento era passado de pai para filho, mas os filhos que hoje t�m oportunidade de estudar n�o querem dar continuidade”, comenta. Lorena d� o exemplo da tia Lourdinha, que faz quitandas para vender. Os filhos, um engenheiro qu�mico e uma advogada, n�o gostam nem de cozinhar.
 
A rosca é a receita mais conhecida da tia Lourdinha(foto: Lorena Braga/Divulgação)
A rosca � a receita mais conhecida da tia Lourdinha (foto: Lorena Braga/Divulga��o)
 
Nos �ltimos meses, a confeiteira trocou mensagens e conversou por telefone com a av� e as tias. Tamb�m passou um dia em Bonfim (depois de fazer teste de COVID-19) para entender todos os detalhes das receitas e conseguir sistematiz�-las.
 
“Na confeitaria, tudo � muito exato, desde pesos a processos, s� que as quitandeiras fazem tudo no olho, v�o sentindo para ver se deu o ponto, usam um prato fundo para medir, mas nem sabem o tamanho do prato”, observa. “A tia Lourdinha, por exemplo, usa como medidor um potinho e quantifica a farinha de trigo ou o fub� por pacote.”
 

Medidas exatas

Lorena usou uma balan�a para descobrir as medidas exatas em gramas ou quilos. Mas, para n�o fugir muito do saber popular, tamb�m lista os ingredientes em x�caras ou colheres. Assim, ningu�m precisa de uma balan�a em casa para fazer as receitas.

Usando um term�metro, a confeiteira conseguiu precisar o momento de adicionar os ovos na massa de p�o de queijo. Lorena explica que ela deve estar morna, ou seja, abaixo dos 40 graus. O tempo de descanso da rosca e do p�o recheado tamb�m est� detalhado, lembrando que o clima interfere diretamente no crescimento da massa. O tempo de forno tamb�m � aproximado, j� que fazer no fog�o a lenha (como elas) � diferente de fazer no forno convencional (como Lorena). 
 
Biscoito de polvilho(foto: Lorena Braga/Divulgação)
Biscoito de polvilho (foto: Lorena Braga/Divulga��o)
 
“Sem nunca ter estudado f�sica, minha tia coloca o biscoito em cima primeiro para crescer e depois embaixo para secar. Ela n�o sabe ler nem escrever, e isso tem um simbolismo muito grande: ter tanto conhecimento, apesar de n�o ser letrada”, comenta.
 
Com o e-book, Lorena, que trabalha com chocolate (j� passou pela f�brica da Ambar e agora est� na Kalapa), quer incentivar as pessoas da cidade a fazerem as receitas em casa e, assim, preservar a tradi��o. Seu objetivo tamb�m � mostrar o valor das quitandas, as pessoas que est�o por tr�s, as hist�rias e lembrar que todos s�o produtos artesanais.
 
Um dos seus planos � documentar o saber de quitandeiras de Congonhas, na Regi�o Central do estado, que est� perto de se tornar patrim�nio imaterial.
 

Servi�o

Para baixar o e-book, acesse linktr.ee/receitasememorias 

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