
Um dos pontos mais marcantes do slam , competi��o de poesia marginal, � a reuni�o de diversas pessoas com um objetivo em comum: expressar viv�ncias em versos. Com a pandemia se prolongando por mais de um ano e meio, o cen�rio do Slam em Belo Horizonte foi drasticamente modificado.
Uma dessas adapta��es decorrentes do isolamento social foi migrar os encontros, que tinham como marca o encontro presencial, para o formato remoto. Para manter a chama viva, o Slam Clube da Luta seguiu para o amibinte digital e realiza, no dia 26 de agosto, no canal no YouTube a final de uma competi��o. O vencedor se classifica para a competi��o municipal, quando ser� disputada uma vaga para o Slam Minas.
Alguns, como o slam das Manas e o Slam Trincheira n�o migraram para o formato online. Gislaine Reis, integrante do Coletivo Apuama, que organiza o Slam Trincheira afirma que o coletivo resolveu esperar. "Parte dos integrantes do meu coletivo n�o tem celular. Al�m disso, temos as varia��es de internet e de dispositivos que as pessoas utilizaram, tudo isso atrapalhou muito a gente receber a poesia com toda a for�a que ela pode ter".
J� o mais antigo de Belo Horizonte, o Slam Clube da Luta, organizado por Rog�rio Coelho e Tha�s Carvalhais, resistiu �s dificuldades impostas. Antes da pandemia, o Slam j� tinha um projeto aprovado pela Lei Municipal de Incentivo � Cultura, em parceria e patroc�nio da UniBH, com doze apresenta��es a serem realizadas. Tr�s ocorreram em 2020, antes da pandemia, e ap�s uma readequa��o do projeto, as nove que faltavam passaram para o formato online.

"Os poetas falam que, pelo menos, � uma forma de fazer o que fariam presencialmente. Pude perceber a vontade das pessoas de estarem recitando, mas � claro que n�o � a mesma coisa, a gente v� um limitado da pessoa", declara Rog�rio.
O poeta enfatiza que ficou mais dif�cil a circula��o das poesias devido �s restri��es impostas pelo isolamento social . "Muitos fazem zines, vivem de vendas de artigos, relacionados � poesia ou n�o. E com isso o teor dos poemas, as trocas e a vontade de dizer tamb�m, vai ficando limitada."
As apresenta��es do Slam Clube da Luta, que antes contavam com 15 poetas e recebiam, em m�dia, 100 espectadores no Teatro Espanca, no formato online s�o apenas cinco poetas , para n�o tornar a live muito extensa. O p�blico come�ou engajado, mas com o tempo foi diminuindo. Rog�rio conta que � dif�cil manter a audi�ncia, embora ressalte a import�ncia da continuidade, de estar pronto para receber as vozes independente do n�mero, como um espa�o de acolhimento.
Apesar da grande mudan�a da energia de uma apresenta��o presencial para as lives em canais da internet, o formato online permitiu a participa��o de poetas de diversas localidades, que de outra forma n�o teriam como participar presencialmente devido � distancia. "A gente recebe inscri��es que vem de diversas partes do Brasil, isso � in�dito. Tem essa diversidade que para n�s � muito rico", conta Rog�rio.
O que � o Slam
O Slam � uma competi��o de poesia falada , onde cada poeta tem tr�s minutos para declamar um poema de autoria pr�pria, sem uso de objetos cenogr�ficos ou acompanhamento musical. O foco � na performance do artista. As notas s�o dadas por jurados escolhidos no pr�prio p�blico.
Criado como um espa�o de express�o democr�tico , a competi��o � constitu�da principalmente por poetas marginais, que encontram na poesia um lugar para transformarem viv�ncias em palavras e performances. Grande parte dos poemas relata lutas sociais, a periferia, a negritude, as dificuldades as mulheres negras e da popula��o LGBTQIA%2b.
"Os poemas marginais s�o colocados de uma forma que essas vozes refletem muito essa auto-referencia��o, essa auto-representa��o de pessoas que est�o � margem", explica Rog�rio Coelho.