
Na manh� desta sexta-feira (27), Renata Pam compartilhou nas redes socias sua experi�ncia como mulher autista no evento.
“Em cada portaria que eu passei, os seguran�as perguntavam onde que estava a pessoa com defici�ncia que eu estava acompanhando. N�o souberam reconhecer o cord�o que eu estava usando, que � usado internacionalmente e aprovado em lei brasileira como identifica��o oficial de pessoas com defici�ncias ocultas”, contou Renata.
Em janeiro deste ano, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) sancionou a Lei 11.444/22, que regulamenta o uso do Cord�o Girassol como s�mbolo de identifica��o de pessoas com defici�ncia ocultas, garantindo atendimento priorit�rio em reparti��es p�blicas, empresas prestadoras de servi�os p�blicos e estabelecimentos privados para os portadores.
Renata tamb�m contou ter ouvido um coment�rio infeliz de dois seguran�as que estavam trabalhando no local, que disseram que ela era ‘muito bonita para ser autista’.
Ana Carolina Alamino, que tem deficiencia auditiva, visual, f�sica e deficits cognitivos, tamb�m relatou dificuldades. Alamino s� conseguiu sair da arquibancada para a �rea PCD ap�s mostrar sua carteira de identidade — onde consta as defici�ncias — para o chefe de seguran�a.
“Eles foram muito eficientes comigo, mas eu tive que cobrar tudo. Eles n�o estavam munidos de treinamento e informa��o sobre o tema. Faltou capacita��o da equipe de seguran�a para saberem lidar melhor com as pessoas com defici�ncia, eles j� deviam ter esse preparo de saber deslocar o pessoal para os seus devidos lugares com total seguran�a”, contou Ana Carolina.
‘Era pra ser um momento inesquec�vel’
Para Renata, o show seria a realiza��o de um sonho. Evanescence � a sua banda favorita h� 20 anos e, pela primeira vez, se apresentou em solo mineiro.
“Desde o momento que eu pisei l�, eu tive problema. Cada situa��o vai sugando a energia, principalmente da pessoa com defici�ncia, que j� est� ali precisando de energia para conseguir ficar bem no espa�o, sabe? Ent�o, j� na portaria, os problemas de n�o saber informar onde era a portaria PCD, eu j� vi a primeira barreira. Depois, os seguran�as n�o reconhecerem o cord�o de girassol, a� eu j� vi que eles n�o estavam nem um pouco treinados. Eu me senti invis�vel”, contou.
Por conta da correria e falta de divis�rias, Renata comparou o momento de entrada para a arena com o ‘port�o do Enem’. “Eu me senti em risco, as pessoas esbarrando em mim. Ali, eu j� comecei sentir que eu ia entrar em crise. Chegando l� dentro mais e mais problemas. O sentimento � que se a gente, como pessoa com defici�ncia, n�o lutar, n�o gritar, n�o manifestar o nosso direito, ele nunca vai ser garantido. Isso consome uma energia muito grande”.
Por conta dos acontecimentos, Renata experienciou ‘shutdown’, que est� ligado a sobrecargas emocionais, sensoriais ou at� sociais que os autistas podem sentir em diversas situa��es.
Durante essas crises, h� uma desconex�o total ou parcial do momento, sem nenhum tipo de comunica��o com o que est� acontecendo.
“Eu simplesmente sentei na cadeira. Fiquei ap�tica, olhando para o show e eu n�o conseguia sentir nada. Era a banda da minha vida. Era Para Ser um momento inesquec�vel. Eu vi as pessoas saindo de l� chorando, falando que foi maravilhoso e eu estava ap�tica. Era para ter sido o show da minha vida e eu n�o senti nada, sabe?”, relatou Renata.
A partir de uma perspectiva PCD, Renata fez algumas sugest�es de melhoria, como treinameinto dos seguran�as e das pessoas que liam ingressos e de todo mundo que est� ali no atendimento ao p�blico, para que estejam preparados para lidar com esse p�blico. Tamb�m sugeriu uma melhoria da �rea PCD, que tamb�m servia como passagem das pessoas do p�blico geral.
“A �rea PCD tem que ser cercada, � necess�rio garantir a seguran�a f�sica das pessoas. Parece que foi totalmente feito de �ltima hora, assim como as cadeiras, que eram as cadeiras priorit�rias e cadeiras de pessoas com defici�ncias. Elas simplesmente eram as primeiras cadeiras da fileira da arquibancada, onde tinha um adesivo colado nelas, mas a cadeira era min�scula. Tinha um cara do meu lado com muleta, sem um osso na perna, ele usava uma pr�tese por cima e precisava ficar com a perna esticada, mas ele n�o podia, porque a passagem das pessoas era ali”.
Estatuto da pessoa com defici�ncia
Conforme o Estatuto da Pessoa com Defici�ncia, que est� em vigor desde janeiro de 2016, os direitos das PCDs s�o:
- Direito � acessibilidade
- Direito � igualdade e n�o discrimina��o
- Direito ao atendimento priorit�rio
- Direito � educa��o
- Direito � moradia
- Direito � sa�de
- Direito ao trabalho
Posicionamento Arena Hall
A reportagem do Estado de Minas entrou em contato com a Arena Hall, que se pronunciou atrav�s de nota:
"Recebemos, com consterna��o, a informa��o de que pessoas PCDs tiveram problemas de atendimento durante o show do Evanescence, na �ltima quinta-feira, 26 de outubro.
Lamentamos profundamente e vamos apurar com afinco as ocorr�ncias, juntamente com as empresas respons�veis pelo evento e pela seguran�a.
A casa, que disp�e de estrutura completa para oferecer a acessibilidade de seus usu�rios, trabalhar� ainda mais para garantir que a experi�ncia do nosso visitante seja sempre de excel�ncia.
