
Uma barraquinha de lanches na porta do metr�, um sal�o de beleza na garagem de casa ou a venda de qualquer produto de porta em porta. Os empreendedores populares existem e este n�mero cresce cada vez mais, muitas vezes, em um cen�rio de precariza��o. O n�mero de desempregados em Minas, at� mar�o, chegava a 1,48 milh�es de pessoas, o que equivale a uma taxa de desemprego de 13,8%.
Devido � pandemia da COVID-19, Lourdes Hon�rio, de 46 anos, se viu diante da necessidade de migrar as atividades que exercia para sua pr�pria casa. Professora de artes e artesanato, ela decidiu se dedicar ao ramo de decora��o de festas. Ela � uma das 2,6 milh�es empreendedores que iniciaram as microempresas individuais no Brasil durante o ano de 2020.
A mudan�a ocorreu devido aos impactos das medidas de isolamento na economia brasileira e, consequentemene, no mercado de trabalho. No entanto, o que foi uma sa�da emergencial, tornou-se um neg�cio promissor. A profissional � uma dos empreendedores que encontraram apoio do projeto Pra>Frente, lan�ado pela Funda��o Dom Cabral (FDC), na ter�a-feira (24).
A iniciativa tem o objetivo de capacitar empreendedores sociais e populares e oferecer uma plataforma totalmente digital para os participantes, criando uma rede de nano, micro e pequenos empreendedores sociais.

Na plataforma, os profissionais t�m acesso gratuito a conte�dos educativos e informativos, como s�ries, podcasts, e-books, quiz e miss�es com dicas e pr�ticas essenciais para empreendedores que est�o come�ando ou que j� tem o seu neg�cio h� um bom tempo. H� tr�s formas de participar: ser indicado por empresas patrocinadoras, por organiza��es da sociedade civil ou pela plataforma Pra>Frente Play .
"A gente quer conscientizar as pessoas que a atividade que elas est�o fazendo hoje n�o precisa ser um bico. Pode ser uma fonte de renda para ela realizar o grande sonho da vida dela", afirma Ana Carolina Almeida, l�der do Movimento Pra>Frente. Muitas vezes, as pessoas olham para essas atividades como se fossem os chamados "bicos", com uma percep��o atravessada pelo preconceito. Ana destaca, no entanto, que essas pessoas podem encarar as iniciativas como oportunidade de criar o pr�prio neg�cio, mas � importante se capacitar para gest�o.
"Muitas vezes, essas pessoas n�os e reconhecem por esse nome, empreendedoras. Ela n�o acha que est� fazendo para ela. O Movimento Pra>Frente pretende dar para elas ferramentas. Passar o m�nimo para ela se organizar o neg�cio para que possa sustentar esse neg�cio como fonte de renda e n�o como bico para a vida dela", enfatiza Ana.
Lourdes percebeu que seria poss�vel profissionalizar ainda mais o neg�cio como decoradora. Para isso, acompanhou as aulas e os conte�dos disponibilizados na plataforma Pra>frente Play e aprendeu estrat�gias de neg�cio, planejamento e controle financeiro. A empres�ria conseguiu desviar das dificuldades financeiras e sociais causadas pela pandemia e abriu o At�lie Lourdes Hon�rio , onde cria lembrancinhas personalizadas, presentes e pequenas decora��es para festas.
A empreendedora comenta que ap�s o aprendizado est� expandindo o seu neg�cio para al�m das decora��es de festas. “Hoje eu trabalho em casa com agendas e planners personalizados para agendamentos de clientes ou para controle financeiro”, destaca a empres�ria, que est� adquirindo mais duas m�quinas para trabalhar com brindes personalizados para empresas e eventos.
Ana Carolina destaca que a meta do projeto � atingir e oferecer capacita��o a 5,5 mil profissionais neste ano, mas que � poss�vel ir al�m. “Mas nossa meta � ambiciosa! A plataforma tem o potencial de capacitar 1 milh�o de pessoas com o apoio do ecossistema”, aponta Ana.
PANDEMIA EXP�E NECESSIDADES
Com a pandemia, os desafios de empreendedores populares, como os de Lourdes, intensficaram-se, dificultando a atua��o e o crescimento nos neg�cios.
Uma pesquisa realizada pelo Sebrae, em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ), indicou que o empreendedorismo por necessidade foi um dos que mais cresceu no �ltimo ano. De acordo com a pesquisa, o n�mero de novos empreendedores motivados por necessidade saltou de 37,5% para 50,4% em 2020.
Para Ana Carolina, esta grande parcela da popula��o, em algumas situa��es, n�o � reconhecida por suas atividades profissionais, o que acaba dificultando a atua��o como empreendedor. “O caminho n�o ser� f�cil, por isso a persist�ncia, o protagonismo e as ferramentas b�sicas s�o necess�rios para gerir o seu neg�cio” aponta Ana.
E, � neste momento, que s�o esseciais projetos como o Pra>Frente Play, criado para oferecer desenvolvimento financeiro, social e educativo a esses profissionais que encontram um cen�rio cheio de dificuldades, precariza��o e incertezas.
“Assim como a vacina e o distanciamento social representam as melhores formas de combate � COVID-19, consideramos a educa��o como o principal rem�dio para a redu��o da pobreza”, explica Ana Carolina, destacando que esse � um dos principais caminhos oferecidos pelo projeto para garantir que esses empreendedores se estabelecem em suas �reas e tenham seu neg�cio como fonte de renda.
A plataforma � uma extens�o do projeto Pra>Frente, lan�ado em 2020 ap�s o in�cio da pandemia. Desde ent�o, a iniciativa j� beneficiou mais de 800 pessoas em 9 meses, sendo 602 empreendedores populares e 200 volunt�rios, que participaram como mentores.
Para contribuir ainda mais com os empreendedores populares, a plataforma agora vai conectar mais de 700 mentores, que auxiliar�o com novas ideias, oferecendo apoio psicossocial e acompanhando de perto o desenvolvimento de cada profissional.
N�MEROS DO EMPREENDEDORISMO
- 11,3 milh�es de microempreendedores individuais (MEI) no Brasil; 1,34 milh�es em Minas
- 7,5 milh�es de micro e pequenas empresas (MPE)
- 99% das empresas brasileiras fazem parte desses grupos
- 30% do PIB � produzido por essas empresas
- Essas empresas representam 55% do estoque de empregos formais no pa�s
- A taxa de informalidade no Brasil atinge 40% da popula��o. S�o 34,7 milh�es de trabalhadores; 4,7 milh�es informais em Minas, 51% da popula��o ocupada no estado