
Diferente da arte tradicional e exposta em museus, que est� confinada em espa�os espec�ficos, o grafite est� nas ruas, aberta para todos e n�o escolhe quem a v� ou quem a visita. Um espa�o modificado pela arte n�o passa despercebida por quem passa por ali, tocando das mais diversas formas o cotidiano dos transeuntes.
A publicit�ria e agente cultural Carolina Jaued, a Karol, est� no grafite desde 2007 e declara que sendo uma arte que tem livre interpreta��o, ela se torna um meio de usar certos temas, e at� um certo tipo de protesto, para trazer reflex�o. "O grafite muitas vezes � para incomodar, para retratar algo e trazer um questionamento, e nada melhor do que a rua, onde passa todo mundo, para colocar essas reflex�es”, complementa.
A mulher no grafite
Apesar de ter sido reconhecida como arte e ganhado visibilidade nas cidades, o grafite ainda � um ambiente machista no qual as mulheres lutam para ganhar seu espa�o, e a forma��o do grupo cria um apoio m�tuo para se protegerem.
“O machismo infelizmente est� presente em todo lugar, e no grafite n�o seria diferente, e � dif�cil estar na rua sozinha. Pensando nisso � que a gente acaba levando a diante a ideia de que � importante as mulheres se juntarem e criar uma rede de informa��o, de prote��o, de amizade e de cria��o”, explica Lidia, a Viber.
“O machismo infelizmente est� presente em todo lugar, e no grafite n�o seria diferente, e � dif�cil estar na rua sozinha. Pensando nisso � que a gente acaba levando a diante a ideia de que � importante as mulheres se juntarem e criar uma rede de informa��o, de prote��o, de amizade e de cria��o”, explica Lidia, a Viber.
As situa��es v�o desde descredibilizar uma obra por ter sido feita por uma mulher, brincadeiras referentes aos temas que ser�o retratados com frases como “vai pintar florzinha”, at� mesmo se sentirem no direito de pegar o material de trabalho sem permiss�o ou tocar no corpo das artistas.
N�s podemos tudo
Um dos principais projetos do Minas de Minas � o “N�s podemos tudo”, em que retratam mulheres importantes, que tenham hist�ria de resist�ncia ou efeito de transforma��o na sociedade como forma de manter suas trajet�rias vivas. “A gente traz essas mulheres n�o s� por serem importantes ou famosas, mas como uma mulher que tem uma hist�ria. A gente conta a nossa hist�ria contando outras hist�rias”, conta Karol.
Personalidades da m�sica como Alcione e Iza aparecem lado a lado em um painel no Bairro Liberdade. A atriz Teuda Bara, uma das criadoras do Grupo Galp�o, � homenageada no Centro de Refer�ncia das Juventudes (CRJ). O �ltimo trabalho realizado pelo grupo foi um painel exaltando o trabalho de L�lia Gonzales, autora e fil�sofa belo-horizontina pioneira nos estudos sobre a cultura negra no Brasil e uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU).
Talvez o mais conhecido painel do Minas de Minas seja o da cantora Elza Soares, na Pra�a da Esta��o. As redes sociais possibilitaram contar um pouco da hist�ria de cada painel, a identifica��o das artistas e a comunica��o com quem admira as obras. Krol e Viber contam que o grupo recebeu relatos de pessoas que choraram emocionadas ao ver o painel da Elza, e at� pessoas que vem de outras cidade e estados para ver o grafite.
A cidade � delas
Outro projeto importante realizado pelo Minas de Minas � o festival “Delas”, que anualmente convida grafiteiras de Belo Horizonte para realizar pain�is por toda a cidade, criando projetos em conjunto. O festival traz a potencializa��o da for�a da mulher grafiteira e realiza oficinas e workshops para divulgar a arte do grafite, ensinando a quelas que tem interesse em entrar para o movimento.
Viber hoje vive da arte e � a respons�vel pelas oficinas do projeto."Ensinar � muito precioso porque o conhecimento que a gente tem � uma coisa que levamos por toda a vida. Isso aliado � nossa capacidade de cria��o � muito bonito”, comemora.
A edi��o desse ano contou com patroc�nio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e foi financiado pela Lei Aldir Blanc. Realizado online, o evento possibilitou a participa��o de artistas de outros estados e pa�ses, se tornando uma edi��o internacional.