Padrasto de Mar�lia Mendon�a � "confundido" com seguran�a durante vel�rio
Por se tratar de um homem alto, forte e negro, padrasto de Mar�lia Mendon�a � v�tima de preconceito ao ser identificado como seguran�a da m�e da cantora
Padrasto de Mar�lia Mendon�a � "confundido" com seguran�a no vel�rio da cantora (foto: Ed Alves/CB/D. A Press)
No s�bado (6/11), durante o vel�rio da cantora Mar�lia Mendon�a, Ruth Dias foi fotografada ao lado do caix�o da filha amparada por um homem negro, que diversos ve�culos identificaram como seguran�a. Entretanto, o homem ao lado da m�e enlutada � seu marido Deyvid Fabricio.
Ruth e Deyvid se casaram em novembro de 2018, ocasi�o na qual Mar�lia cantou na festa de comemora��o. A rela��o entre padrasto e enteada era excelete.
A associa��o de Deyvid ao trabalho de seguran�a foi entendida como demonstra��o do racismo que persiste no Brasil. A vis�o estereotipada � que um homem negro e forte, em um vel�rio de uma pessoa famosa, s� poderia ser um seguran�a.
“Est� t�o dado no imagin�rio popular que o negro est� ali em uma situa��o servil, que ningu�m enxergou ali um homem. Ali se enxergou �nica e exclusivamente sua corporeidade enquanto negro, ent�o tira totalmente a humanidade daquela pessoa”, analisa Etiene Martins, pesquisadora de rala��es raciais pela UFJR.
Etiene declara que existe na nossa sociedade uma hierarquia, na qual as pessoas negras nunca est�o em uma posi��o de igual. Um corpo negro � enxergado em espa�os de subservi�ncia, nunca como protagonistas da pr�pria hist�ria, e s�o colocados � margem da sociedade.
Ruth, m�e de Mar�lia Mendon�a, e seu marido Deyvid Fabricio (foto: Reprodu��o: Instagram)
“� um exemplo expl�cito de o que � o racismo na nossa sociedade. A gente tenta construir um mito da democracia social, na qual todas as pessoas s�o iguais, mas a gente consegue perceber, a partir da avalia��o que as pessoas fazem, que duas pessoas negras em um vel�rio de uma pessoa famosa s� poderia estar l� para servir, e jamais para poder homenagear, jamais para poder ser um amigo e estar na mesma hierarquia que as pessoas brancas”, explica Etiene.
Em rela��o ao equivoco, a pesquisadora afirma que quando se questiona situa��es similares, a quest�o � considerada de menor valia. Entretanto � esse tipo de preconceito, e consequentemente o racismo, que leva ao genoc�dio da popula��o negra no nosso pa�s, uma vez que o mesmo equ�voco que aconteceu no vel�rio de Mar�lia, acontece nas ruas, com corpos negros sendo confundidos com bandidos.
“� extremamente violento essa leitura que se faz”, declara Etiene, que completa: “a gente coloca como se n�o tivesse valor nenhum, mas � uma viol�ncia constante, continua e cruel e o resultado dela custa a vida de pessoas negras, principalmente homens negros”.
*estagi�ria sob a supervis�o de M�rcia Maria Cruz