
“Ouro Preto � uma cidade negra, somos muito mais que 70%. A cidade � feita de morro e de periferia e � l� que estamos, e agora buscaremos ocupar mais espa�os”. � o que diz o presidente da Uni�o de Negros pela Igualdade (Unegro), o pedagogo e pr�-reitor adjunto de gradua��o da UFOP, Adilson Pereira dos Santos.
O presidente da Unegro aponta que grande parte dos cargos de lideran�a e tomadas de decis�o na cidade n�o s�o representados pela popula��o negra e que a amplia��o do n�mero de membros negros ocupando o Compir � um passo importante para a promo��o da igualdade no munic�pio.
“Quando pegamos, por exemplo, a composi��o do secretariado do governo municipal, n�o enxergamos a propor��o de pessoas que representam esse seguimento de forma igualit�ria. Da mesma forma n�o vemos dentro da universidade a equipe que comp�e o reitorado, a equipe de professores, os servidores t�cnicos administrativo e o corpo docente que mesmo com a lei de cotas ainda est� muito aqu�m”, disse.
Um fato apontado pelo presidente da Unegro, que viu na falta de uma a��o direcionada � popula��o negra durante a pandemia da COVID-19, levou � consequ�ncia de maior n�mero de infectados e mortos pela doen�a na cidade.
“Eram eles que desciam os morros para trabalhar e, com isso, avalio que a amplia��o do Compir na cidade de Ouro Preto com suas caracter�sticas �tnico-raciais ter� muito a fazer pela popula��o negra e ind�gena.”
Adilson dos Santos v� na nova composi��o do Conselho uma for�a que vai impulsionar, com o poder p�blico, o desenvolvimento de pol�ticas de combate ao racismo e a promo��o da igualdade racial que ser� poss�vel por meio de um trabalho interdisciplinar.
“� preciso que o Compir tenha essa sensibilidade de propor e atuar em m�ltiplas perspectivas de forma multidisciplinar, vemos os negros nas filas dos doentes mas n�o vemos dando aulas nas faculdades de medicina, precisamos de atuar juntos dentro de todos espa�os da cidade”.
A��es para o futuro
Outro fato que o professor da UFOP quer que seja realizado pelo Compir � a garantia da pol�tica de cotas na universidade para os estudantes. Ele lembra que o F�rum da Igualdade Social foi o agente que impulsionou que a UFOP a se mobilizar no sentido de adotar pol�ticas de a��es afirmativas para a popula��o negra dentro da institui��o antes mesmo da lei de cotas raciais, Lei 12711/2012, e com isso, a UFOP pode continuar ampliando a inclus�o e garantir os direitos adquiridos.“Ano que vem ter� o processo de revis�o da lei de cotas e o Compir deve se posicionar, independente da vontade do governo federal, a Universidade tem autonomia e deve reconhecer o contexto onde est� inserida.”
Para o presidente da For�a Associativa dos Moradores de Ouro Preto (Famop), Luiz Carlos Teixeira, essas a��es s� ter�o mais for�a a partir do momento que o Compir conseguir recursos pr�prios que poder�o ser inclu�dos na Lei Or�ament�ria Anual (LOA) ou atrav�s de um fundo.
“Acredito que sem dinheiro n�o tem pol�tica p�blica. Estou entrado nesse conselho para tentar, de alguma forma, interferir nas pol�ticas p�blicas de uma cidade que � negra em sua maioria. Ent�o as a��es afirmativas devem ser na mesma propor��o de seu povo.”
Adilson dos Santos conta que sua gest�o ter� fim no in�cio de dezembro, e que o legado deixado foi a amplia��o da representa��o da sociedade civil, que passou de dois para sete membros.
Outra mudan�a significativa apontada pelo presidente � que o �rg�o, al�m de propor, fiscalizar, monitorar e avaliar a Pol�tica Municipal de Promo��o da Igualdade Racial, tamb�m incluir� poder de delibera��o, ou seja, mais capacidade de fomentar as a��es afirmativas. “O Compir ainda n�o tem recursos pr�prios, mas com a nova composi��o a luta ser� para conquistar isso.”
A vice-presidente da Unegro, Diguinha Ferreira, v� na reuni�o desta quinta-feira (18/11), quando ser�o indicados pelas duas entidades vencedoras do processo de licita��o (Unegro e Famop), mais quatro membros da sociedade civil, uma forma de promover a sensa��o de pertencimento da popula��o negra nas decis�es e assim terem mais orgulho do que s�o.
“Primeiro, a popula��o precisa de se auto intitular como negra. N�o podemos ter vergonha da nossa ra�a. Viemos de uma linhagem de homens e mulheres fortes", diz.
Para que esse reconhecimento aconte�a, a nova membro do Compir pretende que a��es concretas como oficinas, rodas de bate papo sejam frequentes. “Estamos come�ando a fazer o planejamento para as a��es futuras. � preciso primeiro buscar essas pessoas que n�o se aceitam e o Compir vai pautar a��es afirmativas para essa popula��o negra.”