
O diamante Cullinan I foi nomeado em homenagem a Thomas Cullinan, presidente da mina de onde foi extra�do e � o maior dentre dezenas que foram lapidados de uma �nica gema de 3.106 quilates encontrada em janeiro de 1905 na Premier Mine, uma mina particular localizada na prov�ncia de Transvaal, na �frica do Sul.
De acordo com o portal "Brittanica", o diamante bruto foi comprado pelo governo africano da �poca e vendido ao rei brit�nico Eduardo VII em 1907 por 150 mil libras. Um ano depois, foi lapidado e dividido em nove peda�os grandes e 96 menores, todos ainda pertencentes � Fam�lia Real at� os dias atuais: o maior deles, Grande Estrela da �frica ou Cullinan I, est� encravado no Cetro Real da Soberania Brit�nica e, o segundo maior, Pequena Estrela da �frica ou Cullinan II, na Coroa Imperial.
O site dos Pal�cios Reais Hist�ricos do Reino Unido constata que o Cetro do Soberano com Cruz tem sido usado em todas as coroa��es desde a de Carlos II em 1661 e reformado com a adi��o do Cullinan I em 1910 para Jorge V.
O Cetro do Soberano com a Cruz apareceu ao lado do Orbe do Soberano e da Coroa do Estado Imperial no topo do caix�o da rainha enquanto ela estava em Westminster Hall e durante a prociss�o na segunda-feira para o funeral de Estado de Elizabeth II.
Colonialismo e saqueamento
Cr�ticos da monarquia afirmam que, durante o dom�nio colonialista brit�nico na �frica do Sul, foram registrados diversos saqueamentos das riquezas sul-africanas, o que n�o deixa de fora o maior diamante lapidado do mundo. Para o ativista Thanduxolo Sabelo, as heran�as colonialistas beneficiam o Reino Unido at� hoje �s custas dos povos africanos.
"O diamante Cullinan deve ser devolvido � �frica do Sul imediatamente. Os min�rios do nosso pa�s e de outros pa�ses continuam a beneficiar o Reino Unido �s custas do nosso povo. Continuamos em profunda e vergonhosa pobreza, continuamos com desemprego em massa e n�veis crescentes de criminalidade devido � opress�o e devasta��o causada por ela e seus antepassados", afirmou ele.
Logo ap�s o falecimento da rainha Elizabeth II, as discuss�es, j� frequentes, sobre o legado do colonialismo cresceram e a m�dia sul-africana vem debatendo sobre a posse da gema e outras demandas de pagamento de repara��es hist�ricas. Pensando nisso, Sabelo e outros ativistas organizaram uma peti��o com meta de 7.500 assinaturas para que o Cullinan I seja devolvido � �frica do Sul e colocado em um museu. At� o momento, o abaixo-assinado conta com pouco menos de 7.000 apoiadores.
Nas redes sociais, a divulga��o sobre o tema segue em alta. A p�gina Africa Archives publicou no dia 8 de setembro, data de falecimento da rainha Elizabeth II, uma s�rie de tweets explicando o que � o diamante, afirmando que ele foi saqueado, e n�o comprado ou recebido como um presente. "A gema de 530 quilates foi extra�da na �frica do Sul em 1905. Foi roubada da �frica do Sul. Seu valor estimado � de US$ 400 milh�es (R$ 2 bilh�es)", escreveu.
Queen Elizabeth II owns the largest clear cut diamond in the world Known as 'The Great Star of Africa' the 530 carats gem was mined in South Africa back in 1905. It was stolen from South Africa. It has an estimated worth of $400 million. pic.twitter.com/HesTmGTv4d
%u2014 Africa Archives %u2122 (@Africa_Archives) September 8, 2022
Apesar de o saqueamento n�o ter comprova��o atrav�s de documentos hist�ricos oficiais, ativistas refor�am que � por se tratar do ponto de vista dos oprimidos, j� que o Cullinan I e seus derivados n�o s�o as �nicas j�ias em posse brit�nica que causam disc�rdia. O diamante Koh-�-noor, que ornamenta uma coroa feita especialmente para que a rainha-m�e usasse no dia da coroa��o do rei Jorge VI, foi retirado da �ndia e est� em posse brit�nica desde 1937.
Para Evaristo Benyera, professor de Pol�tica Africana da Universidade da �frica do Sul (UNISA), “transa��es coloniais s�o ileg�timas e imorais”. “Receber um diamante roubado n�o exonera o recebedor. A Grande Estrela [da �frica] � um diamante de sangue. A empresa de minera��o privada, o governo de Transvaal e o Imp�rio Brit�nico foram parte de uma grande rede colonialista”, explica ele.
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