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Estado de Minas DISSENSO NAS REDES SOCIAIS

Admiradas e recha�adas: polariza��o influencia vis�o sobre feministas

Pesquisadora Let�cia Lins, doutora pela UFMG, analisa como os feminismos s�o vistos nas redes sociais no Brasil


10/11/2022 10:23 - atualizado 10/11/2022 12:30

Pesquisadora Letícia Lins usa óculos, segura um livro e aponta para o cartaz de lançamento da obra
Let�cia Lins pesquisou os feminismos nas redes sociais (foto: Arquivo pessoal)
 
As mulheres encontram nas redes sociais espa�o para apresentar tem�ticas feministas. No entanto, o ambiente digital � arena para uma disputa entre quem apoia as pautas feministas e quem as ataca. A pesquisadora Let�cia Alves Lins identificou "o feminismo popular" e a "misoginia popular" dois discursos antag�nicos que se rivalizam nas redes.
 
As reflex�es constam do livro "Deixamos o N�o em Casa, mas sa�mos com o nunca – Publicidade, Experi�ncia, P�blicos e Feminismos nas Redes Digitais" (Editora Appris), lan�ado no dia 5 de novembro.
 
Na ocasi�o tamb�m foi lan�ado o livro "Bolol�, vam� ocupar! Processos comunicativos, arranjos e cenas de dissenso da resist�ncia secundarista", de Francine Altheman, que ganhou o pr�mio de Melhor Tese em 2021, concedido pela Associa��o Nacional dos Programas de P�s-Gradua��o em Comunica��o (Comp�s). 

O livro “Publicidade, Experi�ncia, P�blicos e Feminismos nas Redes Digitais” lan�a um novo olhar para a rela��o da publicidade e dos p�blicos que s�o analisados pela perspectiva da a��o e em intera��o com as narrativas publicit�rias.
 
A pesquisadora se debru�ou em quatro campanhas publicit�rias que foram veiculadas no Facebook, no ano de 2015, e que se tornaram pol�micas devido ao fato de terem acionado quest�es de g�nero nos e nas interagentes que se uniram de forma viral para tratar sistematicamente das quest�es que os desagradavam.

Quais s�o os principais achados da pesquisa?
 
O livro versa sobre os novos desafios enfrentados pela institui��o publicidade diante das novas tecnologias e prop�e uma tr�ade potente entre os conceitos de publicidade, experi�ncia e p�blicos como proposta anal�tica das intera��es que surgem entre as pessoas e as estrat�gias marc�rias nas redes digitais, para isso faz uso do arcabou�o te�rico do pragmatismo e de uma abordagem circular da comunica��o.  Chegamos a tr�s grandes achados.
 
Um quadro compartilhado em todas as pol�micas, que � o da cultura machista no Brasil, al�m de uma incongru�ncia entre as tem�ticas propostas pelas marcas estudadas e os discursos propagados pelos feminismos nas redes sociais.
 
Os debates revelaram duas for�as atuantes nos discursos, o feminismo popular e a misoginia popular, entre as quais existe uma rela��o ambivalente em que o feminismo � ativo no reconhecimento das desigualdades estruturais, enquanto a misoginia refor�a o �dio expl�cito contra as mulheres e uma tentativa de perpetua��o da sua desvaloriza��o e da sua desumaniza��o.
 
As pautas feministas que surgiram durante as conversa��es giraram em torno de tem�ticas populares, consagradas pelos feminismos brancos e de classe m�dia, p�blico para o qual a publicidade se volta majoritariamente e, sendo assim, pouco se encontrou em termos de causas mais coletivas e igualit�rias.
 
 
O que voc� considera como feminismos em redes? 
Um feminismo feito atrav�s do ativismo nas redes sociais, composto predominantemente por mulheres jovens, no in�cio de suas atividades pol�ticas. � um movimento horizontal, sem uma lideran�a definida, n�o associada a partidos e nem sindicatos. 

Voc� fala em feminismos no plural. Essas diferen�as pressup�em diferen�as do ponto de vista te�rico ou se manifestam tamb�m nas t�ticas e estrat�gias nas redes?
S�o correntes diferentes do ponto de vista te�rico, mas que se manifestam na pr�tica tamb�m uma vez que os feminismos sempre foram marcados por milit�ncia e investiga��o te�rica. Por�m na minha pesquisa eu n�o consegui identificar essas diferen�as te�ricas nas falas analisadas. 

Quais s�o os rostos desses feminismos em redes?
Jovens no in�cio de sua vida pol�tica.

Voc� considera ser a quarta onda do feminismo essa articula��o em rede e nas redes?

A utiliza��o da terminologia quarta onda come�a aproximadamente � �poca da Marcha de Washington, realizada em 21 de janeiro de 2017, um dia ap�s a posse do presidente Donald Trump, evento que representou o maior protesto em um �nico dia da hist�ria dos Estados Unidos. � ocasi�o, renomadas feministas, como Angela Davis, Nancy Fraser, entre outras, assinaram um manifesto que chamava para uma greve internacional no Dia das Mulheres. As ativistas sugeriram que as marchas realizadas em 21 de janeiro podiam sinalizar o in�cio de uma nova onda feminista internacional, com uma agenda expandida, antirracista, anti-imperialista, anti-heterossexista e antineoliberal e um movimento que contemplasse todas as categorias de mulheres.
 
A Greve Internacional das Mulheres, ocorreu no dia 8 de mar�o de 2017, envolveu mais de cinquenta pa�ses e foi organizada por meio das redes sociais. Os temas de protesto variaram de acordo com cada localidade. No Brasil, a mobiliza��o se deu, em m�dia, em 70 cidades.  Por�m deve-se ter cuidado porque esse � o cen�rio do ano de 2017, em que grandes manifesta��es feministas vinham ocorrendo no mundo desde 2015 o que levava a crer em uma uni�o de esfor�os para al�m das diferen�as. � muito diferente da situa��o que vivemos no mundo e, especialmente no Brasil, hoje.

Passamos por um momento de discuss�o pol�tica polarizada no Brasil. Qual o impacto da a��o das feministas na esfera p�blica?
Como apontado em um dos achados da tese, a polariza��o se d� tamb�m com rela��o ao modo como as feministas ser�o vistas no debate p�blico. De acordo com a pesquisadora americana Sarah Banet-Weiser,  vivemos hoje um momento de ambival�ncia entre o feminismo popular, que se pode ser visto em manifesta��es culturais de apoio e admira��o �s tem�ticas feministas e a misoginia popular que, em contrapartida, refor�a o �dio �s pautas e � luta das feministas.

Quanto podemos atribuir a vit�ria de Lula � articula��o dessas feministas em rede?
N�o temos como precisar isso. A pesquisa emp�rica dos trabalhos foi realizada no ano de 2015. N�o fizemos uma an�lise atual de como o feminismo em rede atuou nessa elei��o. No entanto, sabe-se que Lula sempre manteve vantagem entre o eleitorado feminino e que a rejei��o ao presidente Jair Bolsonaro era maior entre as mulheres. Isso pressup�e que as pautas feministas, muitas vezes rejeitadas pelo atual presidente, s�o quest�es importantes para as mulheres, como a equidade salarial, pauta defendida em campanha por Simone Tebet e incorporada � campanha de Lula no segundo turno, ou mesmo a quest�o da viol�ncia contra a mulher, que aumentou durante a pandemia.
 
As mulheres de direita se articulam tamb�m nas redes. Voc� analisa algum grupo de direita nas redes? Como elas se auto intitulam e como voc� as classifica.
N�o fa�o an�lise das manifesta��es das mulheres de direita. � at� uma boa sugest�o de pesquisa.


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