
"Sou uma mulher negra e empres�ria, mas sou constantemente confundida com dan�arina ou familiares dos artistas que represento”, disse Ana Paula Paulino.
Segundo a pesquisa, 76% das profissionais de m�sica afirmaram j� terem sido v�timas de ass�dio no ambiente de trabalho. Na avalia��o da coordenadora de Comunica��o e Marketing da entidade, Mila Ventura, o levantamento � um recorte da nossa sociedade como um todo. “Neste momento, no meio do entretenimento, tem algumas coisas aparecendo. No mercado da m�sica, n�o � diferente”, afirmou, em entrevista � Ag�ncia Brasil.
“Uma vez subi no palco para tocar, sou DJ e, mesmo com meus aparatos em m�os, fui bruscamente puxada pelo bra�o pelo dono do clube, pois ele achou que eu era uma frequentadora que estava invadindo a cabine para tietar o artista anterior a mim”, afirmou Rafaella De Vuono.
A presidente da UBC, Paula Lima, autora e cantora, considerou os resultados do estudo libertadores, no sentido de revelar que outras mulheres tamb�m sofreram ass�dio e viol�ncia no meio da m�sica. “Isso liberta no sentido de voc� falar que isso � errado, n�o vou deixar acontecer”, disse Paula � Ag�ncia Brasil. Para ela, as porcentagens apuradas s�o altas, no sentido negativo.
“Acho que atrav�s do di�logo e da conversa a gente muda. Fiquei muito emocionada, impressionada e bem feliz, de forma geral, com esse entendimento”. A UBC vai continuar fazendo essas pesquisas. “Estamos em um processo de evolu��o e de transforma��o”.
Paula disse que a UBC tem o comprometimento de fazer com que haja equidade, respeito e igualdade com as mulheres. “A gente abre mais portas para profissionais femininas, para mais mulheres na sociedade tamb�m. Agindo dessa forma aqui dentro, no nosso n�cleo, isso tamb�m se espalha e acaba sendo aquela �rvore do bem, com mil ramifica��es. A gente sempre acredita na diversidade, na inclus�o, na igualdade e, obviamente, nas mulheres”.
Identifica��o
Para a gerente de Comunica��o e Marketing da UBC, Mila Ventura, toda mulher que trabalha no meio musical se identifica com alguma coisa em algum momento. “Nossa inten��o, como associa��o, foi conseguir gerar dados para que esses temas pudessem ser discutidos de forma mais clara com a sociedade. Muitas mulheres da ind�stria agradeceram pela iniciativa, justamente porque era o momento de serem ouvidas.”
Ass�dio e discrimina��o foram o foco central do novo levantamento da UBC. “Porque a gente sabe que isso � muito importantes, muitas mulheres passam por isso todos os dias e n�o t�nhamos dados para fomentar uma discuss�o mais clara”, ressaltou.
A ideia �, a partir do momento em que h� disponibiliza��o de dados concretos, tentar criar um novo modelo de pensamento no universo masculino sobre isso. “� importante rever esse pensamento, essa atitude, essa forma de operar no universo masculino diante disso tudo”, sinalizou Mila Ventura.
Ela acredita que homens de bom senso v�o se reconhecer em alguma atitude e v�o, no m�nimo, repensar e fazer parte do movimento de criar uma nova forma de pensar e de agir com as mulheres, chamar a aten��o de um amigo que ele percebe que est� fazendo uma brincadeira inconveniente, que a mulher vive constantemente. Comentou ainda que no meio da m�sica, por ser um ambiente prioritariamente masculino durante muitos anos, � cada vez mais dif�cil.
Mila chamou a aten��o para o fato de que, no mercado da m�sica, existe especialmente a quest�o da noite, do entretenimento, da bebida. Ent�o, de alguma forma, aquele espa�o tra�a uma linha muito t�nue de se entender que a mulher est� ali porque se encontra trabalhando, com uma postura profissional e n�o est� dispon�vel. Para ela, que j� viajou com m�sicos, em equipes com 35 homens, e somente ela de mulher, encontrar esse lugar de respeito � desgastante, cansativo e constante. Na sua vis�o, ass�dio e discrimina��o no ambiente da m�sica n�o s�o mais toler�veis nem aceit�veis.
Dados
Seguindo as classifica��es do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), a maioria das participantes da pesquisa se identificou como branca (67%), seguidas de pardas (18%) e pretas (13%). Participaram tamb�m mulheres ind�genas (1,5%) e amarelas (0,5%).
A maioria das respondentes tem entre 31 e 40 anos (36%), mas h� tamb�m um n�mero expressivo de mulheres na faixa entre 41 e 50 anos (24%). As idosas foram minoria (2%). Nenhuma menor de idade respondeu � pesquisa. A maior parte das respondentes � solteira (51%) e a grande maioria (63%) n�o tem filhos.
O levantamento aponta, em contrapartida, avan�os relacionados � aceita��o da diversidade de g�nero. Quase a totalidade das respostas foi dada por mulheres cisg�nero, sendo a maioria delas heterossexuais (65%), seguidas de bissexuais (21%) e homossexuais (10%). As mulheres transg�nero representaram 2% das respostas, sendo 1,5% delas bissexuais e 0,5% heterossexuais.
Outros depoimentos
An�nimos ou n�o os relatos foram tamb�m autorizados por suas autoras e revelam momentos de ass�dio vivenciados no meio musical.
“O cara me chamou para cantar em um evento superimportante e, depois de eu ser confirmada, ele come�ou a dar em cima de mim. Por�m, eu n�o dei bola e, quando chegou o dia do evento, ele tirou minha participa��o", disse Isabella Let�cia Bom Soares.
Seguindo as classifica��es do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), a maioria das participantes da pesquisa se identificou como branca (67%), seguidas de pardas (18%) e pretas (13%). Participaram tamb�m mulheres ind�genas (1,5%) e amarelas (0,5%).
“J� passei por todo tipo de ass�dio e situa��es desagrad�veis. Aos 13 anos, eu j� trabalhava como cantora. E sofri um estupro, viajando a trabalho. Realmente j� passei por muita coisa. Desde "brincadeiras" inconvenientes, tentativas de contato f�sico � for�a, at� propostas do tipo "eu te ajudo voc� me ajuda", tratando-se de favores sexuais em troca de patroc�nio. (Melissa da Maia Koslouski)
A maioria das respondentes tem entre 31 e 40 anos (36%), mas h� tamb�m um n�mero expressivo de mulheres na faixa entre 41 e 50 anos (24%). As idosas foram minoria (2%). Nenhuma menor de idade respondeu � pesquisa. A maior parte das respondentes � solteira (51%) e a grande maioria (63%) n�o tem filhos.
“Cheguei ao ponto de bloquear homens que acham que podem tudo. Pessoalmente, em ‘shows’ passados, j� ouvi de donos de bares e casas de ‘show’ que o cach� seria maior caso usasse menos roupa ou se rolasse um after party (depois da festa) particular.(Fabiana Bellentani Cabral de Oliveira)
O levantamento aponta, em contrapartida, avan�os relacionados � aceita��o da diversidade de g�nero. Quase a totalidade das respostas foi dada por mulheres cisg�nero, sendo a maioria delas heterossexuais (65%), seguidas de bissexuais (21%) e homossexuais (10%). As mulheres transg�nero representaram 2% das respostas, sendo 1,5% delas bissexuais e 0,5% heterossexuais.