
Nesta sexta-feira (2), os principais cart�es postais brasileiros dever�o ser iluminados de azul, chamando a aten��o para o autismo. A data foi definida pela Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), em 2007, como o Dia Mundial de Conscientiza��o do Autismo.
De acordo com a Revista Autismo, o Brasil n�o possui n�meros oficiais sobre pessoas com essa caracter�stica individual por n�o haver estudos de preval�ncia. No entanto, conforme a ONU, cerca de 1% da popula��o pode ser considerada como autista.
Somando a estat�stica �s outras necessidades especiais, no Brasil tem-se cerca de 25% da popula��o com alguma defici�ncia. Ainda assim, a inclus�o carece de estar em diversos meios sociais e culturais, entre eles, a literatura.
Das mem�rias afetivas da inf�ncia, quando ouvia seus pais lerem hist�rias infantis, surgiu a paix�o da professora e escritora carioca Celina Bezerra pelos livros. Mas foi na vida adulta, radicada na Bahia, que ela descobriu que poderia unir sua voca��o com um assunto pouco debatido: a inclus�o.
"Ainda na inf�ncia, quando encontrava uma crian�a com defici�ncia, muitas vezes ouvia de adultos, n�o fica olhando ou para de olhar, que a crian�a vai ficar encabulada... e, na realidade, eu s� queria ir l� e brincar, conversar, interagir. Eu n�o me importava se ela era cadeirante ou se era uma crian�a com S�ndrome de Down. S� queria estar com ela. Isto era uma grande interroga��o para mim e eu trouxe essa indaga��o para a vida adulta", explica a escritora.
A habilidade para lidar com as palavras levou Celina para a faculdade de Letras. Por�m, ela quis ir al�m do curso. Para ajudar a dar visibilidade� �s pessoas com pouca representatividade na sociedade, ela se especializou em Educa��o Inclusiva e em Educa��o da Inf�ncia com Ludicidade.
Durante suas pesquisas acad�micas, Celina se surpreendeu ao ter dificuldades para encontrar hist�rias que tivessem protagonistas com alguma necessidade especial. "At� tinha um amigo do protagonista que possu�a alguma defici�ncia, mas nunca era o personagem principal", ratifica. Para ela, a inquieta��o foi um impulsionador para ir buscar na literatura recursos para suprir a aus�ncia de hist�rias infantis com a tem�tica da inclus�o.
"Decidi, ent�o, escrever para a parcela da popula��o infantil que tinha pouca ou nenhuma representatividade na literatura infantil: as crian�as com defici�ncia ou caracter�sticas especiais", justifica.
Celina � autora dos livros "Sabrina, a menina albina" e "Bruna, uma amiga Down mais que especial", que fazem parte da cole��o "Amigos Especiais", ambos publicados pela Editora Inverso. Al�m disso, tem�poemas, cr�nicas e contos publicados em v�rias antologias e colet�neas.
Neste m�s de abril, a escritora pretende lan�ar o mais novo livro "Charles a estrela autista", que narra a hist�ria da estrela que vive uma saga em busca de aceita��o. "As crian�as v�o observar as caracter�sticas do personagem e relacion�-las �quele colega que eles t�m na sala de aula ou na fam�lia com o mesmo perfil de comportamento. E as crian�as com Transtorno do Espectro Autista (TEA) estar�o ali representadas", pontua a escritora.
Ao se dedicar � literatura inclusiva, Celina busca passar a mensagem de "olhar para as pessoas com defici�ncia pelas suas potencialidades e n�o pela limita��o. N�o precisa anular uma pessoa porque ela tem uma limita��o porque ela tem v�rias outras potencialidades", defende.
Celina Bezerra acumula experi�ncias como integrante do Movimento Mulherio das Letras Brasil, Bahia e Europa; membro correspondente da Academia Literocultural de Sergipe e da Academia Internacional de Literatura Brasileira Brasil/Nova York. Em sua trajet�ria em sala de aula, foi professora de muitos alunos com diferentes defici�ncias, autismo e superdotados. Assim, acompanhou de perto a necessidade de inclus�o.
"As escolas n�o devem dificultar a matr�cula. � uma oportunidade para outras crian�as aprenderem com aquele comportamento diferente. A escola traz oportunidade da crian�a que n�o tem autismo conhecer o que �, saber como � o comportamento de quem tem, aprender como colaborar com ela, e a crian�a com autismo tamb�m aprende, dentro dos seus limites, a conviver com os colegas e na sociedade", argumenta.
Nesse sentido, a escritora ressalta que fazer roda de conversa com as crian�as e contar hist�rias de personagens com defici�ncia � uma atividade importante para promover a inclus�o. "Alguns professores ficam receosos sem saber como lidar com crian�as especiais na turma. Na minha opini�o, os professores deveriam ser orientados pelas escolas sobre como receber essas crian�as. Acredito que a literatura infantil pode ajudar na inclus�o", defende Celina, que est� no Instagram (@celina_bezerra), Facebook (Celina.Bezerra.94), Spotify: Inclusiva Podcast e no YouTube com o canal Celina Bezerra Inclus�o e Literatura.
