
Filha de um vigilante e de uma acompanhante de inclus�o, a estudante mineira Sofia Santos Oliveira, 18 anos, foi contemplada com tr�s bolsas de estudos nas mais tradicionais universidades dos Estados Unidos, Yale e Stanford e Harvard.
“� a concretiza��o de um sonho de muitos anos. � um misto de emo��o e alegria ver que o esfor�o de tanto tempo est� sendo, agora, recompensado”, diz. Primeiro membro da fam�lia a cursar uma faculdade, ela optou por Harvard, onde esteve recentemente para conhecer de perto as instala��es, por achar que a institui��o tem mais conex�o com o Brasil.
“Foi minha primeira experi�ncia com viagem internacional. Nem acreditava que estava l�. Foi um momento �nico”, conta.
Autodidata, ela aprendeu a falar e a escrever ingl�s nas horas vagas, quando cursava o 6º ano. Hoje, fluente na l�ngua estrangeira, costuma dar aulas de refor�o para quem n�o tem condi��es de bancar cursinhos.
Ela confessa que ainda n�o decidiu o curso a seguir, mas tem o prazo para bater o martelo at� o fim do ano para . Est� na d�vida entre qu�mica e ci�ncias sociais.
Sofia estudou em escola p�blica do 6º ao 9° ano, depois que o pai foi demitido da Belgo Mineira e perdeu a bolsa que havia ganhado no Sesi. Mas a vontade de prosseguir os estudos em escolas mais estruturadas a levou a buscar possibilidades de outras.
Nascida e criada no bairro Santa Cec�lia, na regi�o do Barreiro, em Belo Horizonte, iniciou uma maratona di�ria em busca desse objetivo, ainda no ensino m�dio.
Por anos a fio, acordava todos os dias �s 5h da madrugada, pegava dois �nibus para chegar na escola e aproveitava as horas vagas para pesquisar as ofertas de bolsas de estudo. At� que conseguiu uma integral no Col�gio Santo Ant�nio, considerado de elite, onde concluiu o segundo grau.
A dedica��o de Sofia aos estudos motivou os pais a voltarem para os bancos da escola. O pai, Elias C�ndido dos Santos, 50, conclui neste ano o curso t�cnico de enfermagem e a m�e, Luciene Soares de Oliveira, 53, est� se preparando para fazer o vestibular para o curso de pedagogia.
Luciene conta que, at� ent�o, n�o pensava nessa possibilidade por dedicar todo o seu tempo � fam�lia e �s atividades do lar. “Agora que n�o tenho mais a quem paparicar, vou me empenhar, seguir uma nova carreira. Afinal, nunca � tarde para realizar o sonho de ter um diploma”, diz.
Elias lembra que a filha sempre mostrou inclina��o para os estudos. “Ela sempre se destacou nas olimp�adas culturais das escolas. Ficava sempre entre os tr�s primeiros colocados nas competi��es”, diz. “Quando crian�a costumava rabiscar e escrever nas paredes da casa toda. A gente chegava a esconder as canetinhas dela, mas ela continuava assim mesmo, usando a tinta das folhas espremidas.”