(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas EDUCA��O

Lei de Cotas triplica n�mero de negros na Universidade de Juiz de Fora

Em agosto, a legisla��o completa 10 anos de vigor no Brasil. No entanto, cortes or�ament�rios prejudicam a pol�tica


29/06/2022 21:34 - atualizado 29/06/2022 21:35

UFJF
O n�mero de estudantes negros triplicou em 10 anos (foto: UFJF)
Em agosto completam-se 10 anos que a Lei de Cotas (Lei nº 12.771/12) foi sancionada no Brasil e se tornou obrigat�ria em toda Institui��o Federal de ensino. Neste per�odo, a “cara” das Universidades Federais mudou. De um espa�o majoritariamente branco, a negritude come�ou a ter vez e voz. 

E esse fen�meno n�o � apenas visual. � estat�stico. A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) divulgou um raio-x da entrada dos alunos antes e depois da aplica��o da Lei de Cotas. 

No primeiro semestre de 2012, ou seja, antes da san��o da Lei, a UFJF tinha 4.791 alunos matriculados. Destes, 1.613 (33,66%) eram cotistas e apenas 393 eram autodeclarados negros, pardos ou ind�genas. Um total de 8,2% dos alunos da UFJF. 
 
Dez anos depois, esse n�mero mudou. De acordo com a universidade, dos estudantes que ingressaram, 46,9% s�o cotistas. Destes, 24,21% s�o autodeclarados negros, pardos ou ind�genas. Ou seja, o n�mero de estudantes negros triplicou no per�odo. 
 
“A pol�tica de a��es afirmativas visa reduzir as desigualdades, mas � preciso compreender que a acumula��o do capital que se deu entre os s�culos XVI e XIX, da qual somos herdeiros, foi atrav�s da explora��o da m�o de obra do africano escravizado. Ou seja, a quest�o n�o � s� econ�mica, como alguns ainda defendem, mas racial”, explicou o professor Julvan Moreira de Oliveira, diretor de A��es Afirmativas da UFJF. 
 
“Um dos impactos dessa pol�tica na Universidade, ao longo do tempo, ser� uma maior presen�a, n�o s� de estudantes negros e ind�genas, mas tamb�m de docentes, de pesquisadores, de novas tem�ticas nas pesquisas cient�ficas”, completou o diretor.
 
Na vis�o de Julvan, apesar do crescimento de estudantes negros na UFJF, esse n�mero est� aqu�m da realidade em Minas Gerais. 
 
“[Esse n�mero] aponta uma inclus�o de grupos minorit�rios tendo acesso � universidade, embora ainda longe de refletir percentualmente esse grupo na sociedade brasileira, pois se temos 24,2% dos estudantes se autodeclarando negros, ou seja, pretos e pardos, esse n�mero est� longe dos 53,5% da popula��o negra no estado de Minas Gerais”, refletiu o diretor. 
 
Para o professor, ainda existem muitos desafios pela frente, principalmente por uma caracter�stica hist�rica da cidade. “Juiz de Fora � um exemplo dessa desigualdade, sendo a terceira cidade do Brasil em diferen�a de renda entre brancos e negros”, ressaltou Julvan. 
 

Cortes or�ament�rios prejudicam cotistas

 
Um estudo feito pela Associa��o Nacional dos Dirigentes das Institui��es Federais de Ensino Superior (Andifes) mostrou que, em todo o Brasil, 70% dos estudantes das Universidades Federais t�m renda per capita familiar de at� 1,5 sal�rio m�nimo. 
 
Na UFJF, a maioria dos cotistas tamb�m tem essa renda. Por isso, as pol�ticas de assist�ncia estudantil s�o importantes. No entanto, os seguidos cortes or�ament�rios praticados pelo Governo Federal levam a uma diminui��o nos benef�cios concedidos aos alunos. 
 
“[Os cortes] s�o uma forma de elitizar a Universidade. N�o tem como oferecer bolsas, assist�ncia estudantil e experi�ncias acad�micas. Isso vai deixando a Universidade minguada de sua fun��o social. S� que os cortes prejudicam mais aqueles estudantes que est�o em situa��o mais vulner�vel”, explicou a professora Cristina Bezerra, pr�-reitora de Assist�ncia Estudantil.
 
“Para eles � extremamente necess�rio que a Universidade fa�a uma pol�tica de perman�ncia e de assist�ncia estudantil. Quando os cortes acontecem, essas pol�ticas sofrem uma diminui��o”, completou a professora. 
 
A UFJF, atualmente, concede bolsas e benef�cios para cerca de sete mil alunos de Gradua��o e P�s-Gradua��o. Segundo a pr�-reitora, a Universidade evita ao m�ximo fazer cortes nesta �rea. “Na UFJF temos feito um grande esfor�o para que as pol�ticas de a��es afirmativas e perman�ncia n�o sejam afetadas. Mas � importante estar atento que os cortes s�o preocupantes”, ressaltou Cristina.
 

Melhorias na pol�tica de cotas

 
Julvan e Cristina, dois professores negros, tamb�m refletiram, nesta entrevista para o Estado de Minas, sobre pontos onde a pol�tica de cotas pode melhorar. 

Para Julvan � necess�rio fortalecer o processo de fiscaliza��o, para evitar fraudes no sistema. “Alguns aperfei�oamentos s�o necess�rios, especialmente ligados ao trabalho das comiss�es de heteroidentifica��o, que verificam a veracidade das autodeclara��es, visando garantir que as reservas de vagas sejam garantidas a quem de direito, diante das tentativas de fraudes.
 
Particularmente eu defendo que as cotas deveriam ser garantidas tamb�m para estudantes de fam�lias pobres que estudam com bolsas em escolas particulares, considerando o recorte atual de 1,5 sal�rio m�nimo per capita”, explicou o diretor de A��es Afirmativas da UFJF. 
 
Segundo Julvan, a Universidade Federal de Juiz de Fora criou, em 2022, uma comiss�o para avaliar a pol�tica de cotas dentro da institui��o. “Somente com os primeiros relat�rios avaliativos dessa implementa��o poderemos ter dados que nos permitir�o avaliar com profundidade os impactos dessa pol�tica no ensino superior”, finalizou o professor. 
 
Para Cristina, o aperfei�oamento deve ser feito longe dos port�es da Universidade. � preciso divulgar ainda mais a pol�tica de cotas entre os estudantes. 
 
“O principal desafio � um trabalho a ser realizado com os estudantes do ensino m�dio, pois muitos n�o t�m conhecimento sobre as cotas. Fazer um trabalho junto das escolas p�blicas sobre as cotas e incentivar os estudantes a colocar no horizonte deles a possibilidade de estudar em uma universidade p�blica”, finalizou a pr�-reitora de Assist�ncia Estudantil.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)