H� 50 anos atr�s, morria, aos 89 anos, um dos l�deres da Revolta da Chibata, o marinheiro Jo�o C�ndido Felisberto no Rio de Janeiro. Ele foi respons�vel pelo levante que denunciou o uso da viol�ncia dentro da Marinha do Brasil contra marinheiros de baixa patente, normalmente formada por negros e pobres. Entre as reivindica��es dos rebelados estavam o fim dos castigos f�sicos contra os marinheiros, melhor alimenta��o e a ado��o da lei de ajustes de hor�rios, j� aprovada pelo Congresso.

Puni��o f�sica contra os marinheiros negros e pobres
O in�cio do movimento foi a puni��o de 25 chibatadas imposta ao cabo Marcelino Rodrigues Menezes. At� hoje, quase 110 anos depois, n�o se sabe ao certo o que levou o comandante do encoura�ado Minas Gerais, Jo�o Batista das Neves, a ordenar o castigo: a suspeita de ter embarcado, �s escondidas, com duas garrafas de cacha�a; a acusa��o de ter agredido outro cabo com uma navalha; ou um pouco dos dois.

O fato � que, no dia 21 de novembro de 1910, a senten�a imposta a Marcelino, amarrado a um mastro do conv�s e nu da cintura para cima, revoltou um grupo de marinheiros negros que, cansado de sofrer castigos f�sicos de seus oficiais brancos, resolveu organizar um motim.
O motim que quase bombardeou o Rio de Janeiro
No dia 22 de novembro de 1910, o grupo de 2.379 marinheiros liderado pelo cabo Jo�o C�ndido tomou o controle do navio, matou o comandante e mais tr�s resistentes ao movimento. Aos gritos de "Viva a liberdade!" e "Abaixo a chibata!", a marujada i�ou bandeiras vermelhas de insurrei��o, rapidamente, outros navios aderiram ao movimento: o Bahia, o S�o Paulo e o Deodoro - causando p�nico geral na cidade do Rio de Janeiro. Os marinheiros viraram os canh�es dos navios em dire��o � cidade e amea�ando bombarde�-la caso o presidente Hermes da Fonseca n�o negociasse com os rebeldes. A revolta terminou no dia 26 de novembro, com o an�ncio de uma tr�gua: foi prometido o fim dos castigos f�sicos e tamb�m a anistia dos rebeldes.
A trai��o e o fim dos amotinados

Por�m, depois que os marinheiros entregaram as armas, eles foram tra�dos pelo governante, que expulsou os revoltosos das For�as Armadas. A trai��o resultou em outro levante, em dezembro, na Ilha das Cobras. Contudo, esta �ltima n�o teve grande apoio, e os revoltosos foram massacrados. Dois anos depois, os marinheiros presos que sobreviveram �s torturas foram absolvidos. Ap�s as rebeli�es, finalmente, o governo deu fim �s puni��es f�sicas em alto mar e aprovou melhorias na condi��o de trabalho dos marinheiros. Jo�o C�ndido, o l�der da Revolta da Chibata, conseguiu anistia. Apesar de seu feito contra a opress�o, morreu an�nimo e pobre, como carregador de peixes no Rio, em 1969. A conhecida m�sica “O Mestre-sala dos mares”, de Jo�o Bosco e Aldir Blanc, foi composta em homenagem a Jo�o C�ndido, conhecido tamb�m como o Almirante Negro.
Artigo de Hist�ria do Brasil do Percurso Pr�-Vestibular e Enem.