Segundo o dicion�rio Porto Editora da L�ngua Portuguesa, l�der � o “chefe; orientador; pessoa que chefia uma empresa, uma corrente de opini�o ou um grupo”. H� muitos l�deres: l�der de uma fam�lia, l�der de uma aldeia, l�der em uma guerrilha, l�der espiritual ou l�der pol�tico. O l�der � quem indica a dire��o correta.

A hist�ria mundial recente nos apresenta v�rios l�deres. Temos Mahatma Gandhi, Nelson Mandela, Martin Luther King, entre outros. Todos eles, de uma forma ou de outra, foram l�deres e guiaram o povo para a liberta��o da opress�o, fugindo do obscurantismo imposto pelos opressores.
Mas e se o l�der, por motivos desconhecidos, ao guiar a popula��o por caminhos tortuosos, entrar numa rua sem sa�da ou levar a todos para um destino pior que o lugar de onde vieram ou se agisse visando seu pr�prio bem? Como agir�amos nessa situa��o?
Muitos diriam que o l�der n�o agiria dessa forma e que seu objetivo seria sempre o de fazer e buscar o bem para todos. Todavia, n�o � dif�cil encontrarmos pessoas que exercem a lideran�a manipulando, enganando e traindo seus amigos e at� mesmo os pr�prios ideais em fun��o de quest�es obscuras.

A a��o de liderar implica numa rela��o de liberta��o, na qual o l�der faz com que seus liderados se sintam capazes de assumir a sua posi��o em qualquer momento do processo. O l�der deve ser antes de mais nada um conscientizador; um educador, antes de tudo. No processo de conscientiza��o, o l�der n�o deve manipular e nem prescrever suas a��es aos demais, pois dessa forma ele acaba agindo de maneira contr�ria ao processo pedag�gico. Podemos dizer que � atrav�s desse processo que se liberta as pessoas; da� a import�ncia dada �s escolas como um dos lugares em que isso ocorre, pois a verdadeira educa��o deve estimular o esp�rito cr�tico e a disciplina intelectual, j� que exige que as pessoas n�o sejam
passivas diante do mundo; aprender a posicionar-se diante do mundo e no mundo, al�m de pensar como o discurso (na teoria) se materializa na pr�tica.
A educa��o � fundamental em uma sociedade, pois atrav�s dela os indiv�duos se tornam livres e aut�nomos, n�o vivendo sobre o julgamento de outros. Pensar uma sociedade em que os l�deres s�o necess�rios significa pensar um lugar em que a educa��o falhou, pois n�o foi suficiente para fazer dos adultos seres livres, capazes de pensar por conta pr�pria. Por outro lado, se em algum momento essa sociedade necessitou de l�deres, os l�deres precisam tratar a massa ou a popula��o como capacitada e prepar�-la para caminhar com seus pr�prios p�s. O l�der n�o deve ser visto como salvador, sentindo-se educador do povo, pois dessa forma se distanciar� das pessoas, n�o construindo um di�logo entre educandos e educadores, fator importante no processo pedag�gico.
Os educadores reais, em di�logo com o povo, precisam cultivar uma educa��o cr�tica, na qual n�o h� educadores e alunos, mas sim mulheres e homens fazendo parte de um processo no qual todos aprendem com todos, objetivando a liberta��o. Se entendermos as a��es entre governantes e governados, professores e alunos dessa maneira, a educa��o se far� de forma radical, estimulando o desenvolvimento dos seres humanos e promovendo um verdadeiro processo de liberta��o do povo. Quem sabe, no futuro, talvez assim, n�o precisaremos mais de l�deres e eles perder�o sua import�ncia.
Artigo do Fl�vio Clementino, Professor de Percurso Educacional
