
O alerta � de funcion�rios do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An�sio Teixeira (Inep). Um deles, sob a condi��o de anonimato, conversou com o Correio e foi enf�tico sobre a baixa no rol de perguntas: "� como se fosse um banco mesmo, e estamos usando o cheque especial do nosso banco", explicou, acrescentando que a autarquia tem utilizado os poucos itens dispon�veis no banco desde 2018. No total, foram duas provas em 2019, tr�s provas em 2020 e duas provas em 2021.
O Enem utiliza o m�todo de Teoria de Resposta ao Item (TRI) que, para ser colocada em pr�tica, � necess�rio uma informa��o estat�stica - ou informa��o psicom�trica - sobre o item criado. Para isso, � realizado um teste com um grupo de pessoas similar ao que vai fazer aquele exame. Esse � o pr�-teste a que o servidor se refere.
"Historicamente, o Inep sempre teve problema com o banco de itens. Todos os ministros da Educa��o, desde a �poca do (Fernando) Haddad, querem implantar o Enem Digital e n�o conseguem, justamente pela falta de quest�es", explicou.
Poucos recursos
Mas, nos �ltimos dois anos, de acordo com dados do Siga Brasil Cidad�o, houve uma queda de investimento p�blico na institui��o. Foram gastos, ao todo, em 2021, aproximadamente R$ 900 milh�es. Em 2020, esse valor caiu para pouco mais de R$ 816 milh�es - o menor investimento em seis anos -, o que agrava a situa��o para a realiza��o dos pr�-testes.
Para o professor Mateus Prado, especialista em Enem, as raz�es para essa dificuldade no banco de quest�es ocorrem, sobretudo, por quatro fatores: 1) pandemia; 2) baixo conhecimento t�cnico dos presidentes do Inep e dos ministros da Educa��o que passaram; 3) diminui��o dos gastos efetivos do Inep nos �ltimos anos; e 4) vontade pol�tica de desqualificar o Enem.
"Desde o in�cio da pandemia, as equipes n�o se reuniram mais - s� voltaram a realizar encontros depois. At� pouco tempo atr�s, s� ia ao Inep parte dos funcion�rios. S� voltaram a ir todos faz bem pouco tempo. No in�cio de outubro, estive l�, e menos que 50% dos que trabalham todos os dias estavam trabalhando presencialmente", explicou Prado.
O professor Daniel Cara, da Faculdade de Educa��o da USP, explica que a falta do pr�-teste pode tornar o calend�rio de 2022 mais apertado - e atrapalhar a elabora��o das provas. Isso porque, segundo ele, como n�o s�o adicionados itens no banco de quest�es desde o fim do governo Temer, no ano que vem dever�o ser realizados o pr�-teste de itens pouco antes da realiza��o do certame.
"Isso pode dar in�meros problemas, como, por exemplo, os estudantes conhecerem as quest�es. Nesse sentido, vale a pena chamar a aten��o da sociedade para o fato de que o governo Bolsonaro n�o alimentou o Banco Nacional de Itens e, em que pese todo o esfor�o dos servidores em pautar essa quest�o, isso pode colocar em risco o Enem de 2022", observou.
*Estagi�ria sob a supervis�o de Fabio Grecchi