Sabe aquele papo clich� de “eu sempre quis ser m�dica...”? Ent�o, essa fala sempre se encaixou bem para mim, mas eu neguei isso por um bom tempo. Vou contar aqui o motivo disso e como essa vontade me perseguiu at� hoje.
Meu nome � N�sia e nasci e cresci numa cidade mineira chamada Boa Esperan�a. Desde a quinta s�rie do ensino fundamental eu j� me sentia encantada pela carreira m�dica e falava que seria m�dica. Por�m, quando fui me aproximando da fase dos vestibulares, eu comecei a ficar mais relapsa com rela��o aos estudos e fui percebendo o quanto o pessoal que estudava para ingressar na faculdade de medicina ralava. Com isso, acabei desanimando e comecei a pensar em alguma outra op��o. Assim, me mudei para Belo Horizonte para fazer cursinho, estudei por um ano em um pr�-vestibular famoso da �poca e fui fazer as provas. Ainda no per�odo das inscri��es eu fiquei muito balan�ada para tentar medicina, mas sabia que n�o tinha estudado como era necess�rio e optei por fazer medicina veterin�ria. N�o me entendam mal, por favor! A veterin�ria tamb�m era muito concorrida, mas a pontua��o a ser alcan�ada era menor e eu pensei que seria poss�vel ser aprovada e assim foi! Era o ano de 2006 e fui aprovada em medicina veterin�ria na UFMG e foi s� alegria! Iniciei o curso e o ciclo b�sico era muito parecido com o da medicina, o que me deixou bastante confort�vel. Al�m disso, o curso era muito rico em v�rios sentidos, minha turma era �tima e eu acabei acreditando que era aquilo mesmo, que eu tinha feito a escolha certa e segui adiante.
No decorrer da gradua��o, eu vi algumas pessoas trancarem a matr�cula para tentarem outros cursos e era comum a medicina ser a motiva��o dessas pessoas. Eu observava e refletia bastante a respeito da decis�o delas, mas n�o tive coragem de seguir esses mesmos passos. Desse modo, conclu� a gradua��o em 2011 e logo ingressei no programa de resid�ncia multiprofissional. Durante dois anos eu convivi muito com um enfermeiro que trabalhou em um hospital de medicina humana e eu ficava encantada com os relatos que ele me dava e pensava que deveria ter corrido atr�s do meu sonho, mas tamb�m pensava que j� era, o tempo tinha passado pra mim, que eu n�o tinha a menor condi��o financeira para estudar mais tanto tempo e deixei aquela ideia de lado mais uma vez.
Continuei trabalhando, mas n�o estava feliz e nem confort�vel na minha carreira e n�o tinha motiva��o para buscar especializa��o na �rea. Foi ent�o que, em uma festa de anivers�rio, uma amiga da veterin�ria come�ou a contar que tinha decidido estudar para o vestibular de medicina. Meu pai estava perto e me perguntou se eu n�o tinha vontade de fazer o mesmo. Fiquei muito surpresa com a pergunta e respondi que sim, mas que isso demandaria tempo e dinheiro, coisas que eu n�o tinha. Ent�o ele disse que me ajudaria no que fosse preciso. Isso foi uma inje��o de �nimo absurda pra mim! Meu pai, minha m�e e meu irm�o ficaram bastante empolgados e eu comecei a minha saga em busca do meu sonho de ser m�dica!
Eu n�o conhecia ningu�m nessa fase de pr�-vestibular para trocar ideia e busquei as alternativas na internet mesmo. Procurei por um cursinho que fosse pr�ximo de onde eu morava e do meu trabalho e encontrei o Determinante. Era uma institui��o com uma proposta diferente, com menos alunos e uma assist�ncia mais personalizada e eu me matriculei. Foi gra�as a essa proposta diferenciada que eu segui com os estudos, pois eu me sentia extremamente deslocada por n�o lembrar quase nada do ensino m�dio e por ser mais velha do que a maioria dos alunos. Levei tempo pra pegar o jeito e no final do segundo ano eu j� estava me sentindo capaz. Apesar disso, quando chegava o Enem, a ansiedade tomava conta de mim, porque eu n�o lidava bem com a proposta da prova, por ser muito extensa e acabei n�o me saindo t�o bem. Enfim, n�o passei e a cada fracasso era um choro. Gra�as a Deus eu tive minha fam�lia e o professor Renato do Det pra me empurrar dizendo “tente outra vez” e “bora estudar, senoriiita”! E foi assim, foram quatro anos de Enem sem aprova��o em nenhuma faculdade federal. Cheguei a ser aprovada na Unifenas e na Ci�ncias M�dicas, mas era completamente imposs�vel pagar uma mensalidade t�o alta. Fies e Prouni tamb�m n�o eram uma op��o, pois o fato de eu j� possuir uma gradua��o inviabilizava essas vias de ingresso. O jeito era o Enem mesmo... Iniciei o quinto ano de cursinho criando motiva��o gra�as aos queridos que me incentivavam (fam�lia, amigos e o Det) e segui em EaD em meio � pandemia de Covid. Fiz a prova super confiante e acreditei que seria suficiente ao comparar o meu n�mero de acertos com os acertos dos aprovados nos anos anteriores e fiquei tranquila aguardando. Resultado: n�o deu! A minha nota foi boa, mas as notas de corte subiram e eu fiquei na beiradinha da aprova��o. Foi o choro mais do�do de todos, uma sensa��o p�ssima de fracasso.
Depois de tudo isso, eu queria mesmo desistir. Fiquei at� abril de 2021 sem estudar. Da mesma maneira de antes, comecei a estudar uma �ltima vez ante os incentivos das mesmas pessoas e, para minha surpresa, em agosto desse ano, a Universidade Federal de Lavras-MG abriu um edital para transfer�ncia e obten��o de novo t�tulo para v�rios cursos e, entre eles, estavam l� as 6 vagas de medicina reservadas para obten��o de novo t�tulo via nota do Enem! Perdi a cor quando vi aquilo! Tentei e deu certo! Hoje sou caloura de medicina da Ufla! Em alguns momentos eu nem consigo acreditar direito que esse dia chegou, pois o caminho foi muito longo. E chegou! Agrade�o imensamente aos meus pais e ao meu irm�o pela dedica��o e por terem sonhado junto comigo, ao Determinante, ao professor Renato por ter puxado tanto a minha orelha e aos amigos que torceram tanto por mim! Agora o caminho ser� de muito estudo e ser� trilhado com muito amor e dedica��o, afinal, eu realmente sempre quis ser m�dica!
