Ol�, eu me chamo Juliana e contarei como, depois de 4 anos de cursinho, eu vim parar no interior do maranh�o para cursar medicina. Ou seja, a hist�ria de quem quer ser m�dico desde novinho aconteceu comigo! Mesmo n�o sabendo de onde veio a vontade, tendo em vista que n�o h� outro m�dico em minha fam�lia, desde crian�a eu falo em ser m�dica.

Vindo de uma fam�lia de engenheiros, quando cheguei ao ensino m�dio meus pais queriam que eu cursasse um t�cnico na �rea de engenharia e, por isso, comecei um cursinho preparat�rio para o CEFET e COLTEC. Curiosamente, foi nesse cursinho que me apaixonei ainda mais pela biologia e pelo o corpo humano. Sa� deste primeiro cursinho sem prestar as provas para o curso t�cnico e com a certeza que eu queria fazer medicina.

Mas antes mesmo de iniciar a minha hist�ria pela saga de cursinhos, � importante ressaltar que, mesmo n�o seguindo o caminho das engenharias, o apoio familiar foi crucial durante todas essas fases, tanto economicamente quando emocionalmente. Meus familiares acreditaram em mim e no meu sonho e tornaram vi�vel toda minha trajet�ria.

Por quest�es financeiras, eu sabia que precisaria me graduar em uma universidade p�blica. Ent�o, desde os meus segundo e terceiro anos do ensino m�dio, comecei a fazer cursinho preparat�rio para o ENEM. Nessa �poca, eu ainda morava em Pedro Leopoldo, regi�o metropolitana de BH. Por isso, nesses dois anos estudei em um cursinho pequeno na pr�pria cidade. Apesar de n�o ter ainda muita no��o do que me esperava nessa saga de tentar medicina, meu cora��o estava certo da vontade de tentar at� conseguir!
Quando chegou no enem do terceiro ano o resultado foi um choque, n�o s� n�o passei como fiquei bem longe das notas de corte. Comecei, ent�o, meu primeiro ano de cursinho na institui��o mais famosa de BH da �poca, e foi um choque de realidade! Percebi que eu, que sempre fui estudiosa e tirava notas boas, estava MUITO longe do n�vel da galera da capital que competia comigo. Sempre digo que esse primeiro ano foi para que eu, de fato, aprendesse a estudar e acordasse para realidade que eu iria enfrentar. N�o foi um ano nada f�cil para minha sa�de mental, visto que tive que lidar com morar longe de casa, sozinha, estudar muito e ter resultados frustrantes. Isso, atrelado � competitividade enorme no ambiente de cursinho, fez com que eu desenvolvesse um quadro de ansiedade muito forte quando o assunto era ENEM. Como resultado do ENEM prestado ap�s o 3º ano do EM, n�o tive s� reprova��o como fui pior do que o ano anterior. Entendi que fiquei muito nervosa na hora de responder as provas e me dei conta de que tinha que lidar com minha mente. Foi vivenciando este impasse que eu conheci o Determinante, um cursinho menor e que s� de conhecer achei o ambiente mais acolhedor, mais fam�lia.

O meu segundo ano de cursinho em BH - primeiro no Determinante - foi muito bom para mim! Eu estava vindo de um ano muito sufocante e me senti acolhida por todos ali, foi o ano em que eu mais estudei e me dediquei! No final do ano passei em v�rias particulares, por�m para universidades p�blicas minha nota ainda n�o foi o suficiente. No segundo ano de Determinante eu estudei ainda mais focada nas �reas em que tinha dificuldade. Montava meus hor�rios com os professores que me acompanhavam de perto e passava o dia nas salas de estudos - at� mesmo nos finais de semana! Sem d�vidas, ali havia virado minha casa! No final do ano meu resultado foi muito bom e consegui passar pelo o FIES em algumas institui��es particulares. Por�m, eu quis tentar mais um ano para conseguir uma vaga em IES p�blica!
O �ltimo ano de cursinho foi o que eu mais trabalhei foi minha ansiedade! Frequentava todos CineDET, rodas de conversa com convidados, lia v�rios livros e assistia a v�rios filmes que os professores indicavam! Assim, aumentei muito meu repert�rio cultural para as reda��es e, ao mesmo tempo, sa� um pouco das salas de estudos para relaxar! Seguia as dicas dos professores, refazia todas as provas do ENEM milhares de vezes e vivia nas monitorias! Todos ali j� sabiam da minha hist�ria e torciam por mim: os funcion�rios, a galera da administra��o, os monitores, os professores, TODOS! Todos viraram minha fam�lia. No final do ano, ent�o, consegui uma nota muito boa! Por�m, a nota de corte subiu muuuito! Nunca vi sair de Minas Gerais como um problema para realizar meu sonho e eu sempre dizia que tendo UF na frente eu estava indo. E foi assim que aconteceu! Passei na Universidade Federal do Maranh�o (UFMA), no campus Pinheiro, estando aqui at� hoje! Depois disso, passei em mais 3 federais, sendo uma delas a UFVJM, em Minas Gerais, por�m optei por continuar aqui e vou contar um pouco daqui pra voc�s!
O campus universit�rio em que eu estudo fica localizado na Baixada Maranhense, na
cidade de Pinheiro, e, para chegar at� aqui, tenho que pegar um avi�o at� S�o Lu�s (capital do Maranh�o), depois pegar uma 1 hora e meia de ferry (que eu conhecia como balsa) e depois pegar estrada! Pinheiro � conhecido como a capital da baixada maranhense e � um local com bastante b�falos, inclusive na pr�pria faculdade! Vir para o interior do Maranh�o, para mim, foi e � uma experi�ncia incr�vel e desafiadora! Sempre gostei de viajar e de experimentar coisas novas e, em Pinheiro, tenho contato e amizade com culturas de todo o Brasil, do sul ao norte! Isso � incr�vel! A desigualdade socioecon�mica aqui � muito forte, sendo bem diferente de onde eu cresci e fui criada, e isso me fez criar um carinho enorme pelo local, uma sensa��o de que eu posso fazer muita diferen�a aqui. Por ser o �nico curso de medicina da regi�o, h� muitos benef�cios, visto que desde o primeiro per�odo temos contato com hospitais e n�o precisamos competir espa�o com outras faculdades ou residentes, como acontece em capitais. N�o � poss�vel romantizar tanto, visto que ficar t�o longe da fam�lia estudando em um curso dif�cil e com a carga hor�ria puxada exige muita sanidade mental, al�m de ter v�rias quest�es como o clima quente e a culin�ria bem
diferente da mineira (oh saudade que eu sinto dos queijinhos). Por�m, junto a isso, vem muito crescimento pessoal e a certeza que minha melhor escolha foi a medicina.
Por ser um campus novo e com pouqu�ssimas turmas formadas (minha turma � a nona de medicina), ainda h� MUITOS desafios e conquistas para melhorar o campus e o curso. Assim, isso traz a oportunidade de ser muito ativo nas mais diversas �reas que a faculdade oferta. J� participei de inicia��o cient�fica sobre sa�de da popula��o LGBTQIA+, sou membro de 3 ligas acad�micas - sendo vice presidente e presidente de duas delas -, j� fui do centro acad�mico, j� participei de manifesta��o estudantil, sou da atl�tica e j� participei de v�rios eventos e festas, j� publiquei artigo e cap�tulo de livro, tenho projetos sobre pobreza menstrual - no qual vou at� povoados e fa�o roda de costura de absorvente de panos - j� fui em igrejas e escolas fazer roda de conversa sobre educa��o sexual e direitos sexuais reprodutivos, j� participei de diversas cirurgias, j� participei de partos, j� fui em posto de sa�de em ilhas isoladas que precisava demais de 5 horas de barco e com pessoas que n�o via m�dicos h� mais de 7 anos. Enfim, tudo � um aprendizado muito grande! Voltar para Minas seria muito mais c�modo para mim. Por�m, tenho certeza que n�o abriria minha mente como tem acontecido aqui!
Quando eu estava no cursinho, todos me diziam “tudo no seu tempo” e eu n�o entendia direito o significado disso. Hoje eu entendo que passar com mais tempo de cursinho foi DETERMINANTE para eu pudesse lidar com mais maturidade com a dist�ncia, ter certeza do meu sonho, aproveitar melhor a faculdade e vivenciar as oportunidades. Como eu j� disse, o curso n�o � nada f�cil e exige muita sa�de mental, mas o contato com os pacientes e o retorno deles faz tudo ser compensado!
Artigo escrito pela futura Dra Juliana estudante de Medicina da UFMA